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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Sting: Aranha Assassina - Quando o Terror Se Perde em Tentativas de Humor e Drama Familiar

Sting - Aranha Assassina | Diamond Filmes

Em Sting - Aranha Assassina, uma noite fria e tempestuosa em Nova York, um objeto misterioso cai do céu, quebrando a janela de um prédio de apartamentos decadente. Dentro dele, um ovo eclode, dando vida a uma estranha aranha. Charlotte (Alyla Browne), uma garota rebelde de 12 anos e fã de histórias em quadrinhos, descobre a criatura e a nomeia Sting. Enquanto sua mãe e seu padrasto, Ethan (Ryan Corr), lutam para se ajustar à chegada de um novo bebê, Charlotte se sente cada vez mais isolada e encontra consolo na amizade com Sting. No entanto, à medida que a aranha cresce em tamanho e apetite, os animais de estimação dos vizinhos começam a desaparecer, seguidos pelos próprios moradores. Quando a verdadeira natureza de Sting é revelada, Charlotte se vê em uma corrida contra o tempo, sozinha em sua luta para salvar sua família e os excêntricos habitantes do prédio de um aracnídeo voraz que agora os caça. Determinada a proteger aqueles que ama, Charlotte deve encontrar uma maneira de deter a criatura antes que seja tarde demais.

Filmes com animais assassinos costumam misturar o medo com o suspense, e geralmente apresentam criaturas que se tornam uma ameaça para os seres humanos. O filme mais recente envolvendo Aranha Assassina e até possui uma premissa parecida é Infestação (2023), que acompanha Kaleb, um jovem solitário que encontra uma aranha venenosa em um bazar e a leva para seu apartamento. Quando a aranha se espalha rapidamente, o prédio se torna uma armadilha mortal, e os moradores devem lutar pela sobrevivência enquanto a polícia isola o local. No entanto, Em Sting se diferencia ao focar na relação emocional de Charlotte com a criatura, em um enredo que mistura o medo com um toque de empatia e solidão adolescente. A tensão central reside não apenas na ameaça da aranha, mas também no isolamento e na crescente desconexão de Charlotte com os outros, sendo até interessante. Enquanto o Ethan, que exerce o papel de padrasto, sente-se sobrecarregado ao prestar assistência aos moradores do edifício em ruínas, realizando tarefas como encanamento e outras atividades. Além disso, dedica seu tempo livre à ilustração de histórias em quadrinhos, enquanto gerencia suas responsabilidades familiares, incluindo o cuidado do bebê e a manutenção de seu relacionamento com a enteada. O dramas familiar é interessante nesse gênero, mesmo que o foco seja o terror, é possível de criar empatia pelos personagens.

As sequências envolvendo a criatura ameaçadora falham em gerar o impacto desejado, resultando em uma experiência desconexa e sem tensão. Embora o filme se proponha a ser de terror, a mistura de elementos cômicos com o aspecto aterrorizante acaba comprometendo sua eficácia. A tentativa de equilibrar o humor com o medo se revela forçada, prejudicando a imersão do público e minando o potencial das cenas mais intensas. Além disso, a falta de consistência tonal torna a narrativa superficial, afastando a possibilidade de criar uma atmosfera realmente envolvente e inquietante. O filme, ao invés de explorar o medo de forma plena, se perde em uma tentativa equivocada de apelar para diferentes registros emocionais, sem alcançar uma identidade coesa que conecte o espectador à trama.

A protagonista do filme é excessivamente irritante, sempre reclamando do padrasto, do irmãozinho e de tudo ao seu redor. Sua mãe critica o marido, que trabalha fazendo quadrinhos. A única forma de criar empatia pela história é o fato de serem uma família com um bebê envolvido. Se fosse um grupo de amigos, seria fácil torcer para que a aranha resolvesse eliminar todos.

Sting - Aranha Assassina" tenta mesclar terror e drama familiar, mas a mistura de humor e medo compromete a tensão. A narrativa se torna desconexa, e os personagens, especialmente a protagonista, dificultam a criação de empatia. Embora a trama busque explorar o isolamento e a relação com a família, o filme falha em gerar impacto, tornando-se uma experiência insatisfatória para os fãs de terror. 

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

O Conde de Monte Cristo - Um filme Francês que amaria ser um Épico Hollywoodiano

O Conde de Monte Cristo | Paris Filmes

O Conde de Monte Cristo mostra a historia de Edmond Dantes, um navegador que é acusado injustamente por um crime que não cometeu. Depois de 14 anos preso, ele consegue fugir de sua prisão e recomeça sua vida com outro nome, sendo o Conde de Monte Cristo. A partir de seu novo nome e com uma fortuna imensa em suas mãos, ele começa a se vingar de cada um que foi parte de sua prisão. O filme é adaptação do livro com mesmo nome, escrito por Alexandre Dumas, e dirigido pelos diretores Alexandre De La Patelliére e Matthieu Delaporte. 

A direção consegue recriar na sua direção de arte, nos figurinos e na ambientação o tempo em que a história ocorre, além de ter um trabalho efetivo nos efeitos especiais. Os pontos técnicos conseguem seduzir o bastante o espectador para a antiga França, até mesmo em alguns diálogos entre os personagens. O filme também não tenta se aventurar em sua pirotecnia, entregando aquilo que é o essencial, e nada além. 

O filme não é conduzido para ser um grande épico em sua construção, mas mais interessado em ser um filme básico onde segue a jornada do herói. Não que isso seja um problema, até porque não é. E em sua simplicidade de proposta, ele consegue funcionar em quase todos os aspectos. Mas oque faz a obra ser conduzida sem cair na mesmice é a atuação de Pierre Niney como Dantes, que consegue se expressar  sutilmente apenas com os olhares, e o trabalho de direção em conduzir a história em um mesmo ritmo do começo ao fim. Mesmo tendo muitas brechas para a direção seguir um caminho perfeito para se perder, a direção segura sua própria ambição para ter total controle daquela narrativa. 

A obra muitas das vezes querendo utilizar em momentos pontuais o excesso de dramatização com a trilha e com as atuações de alguns personagens faz o filme perder um pouco de sua força narrativa para tentar convencer o espectador de sentir um certo sentimento que não é necessário, já que a própria cena já entrega sem muita necessidade de explicação. Esse efeito felizmente não cai nos diálogos, que são muito bem escritos e executado de forma bastante orgânica pelos atores. 

O Conde de Monte Cristo mesmo sendo um filme conduzido com maturidade na sua direção, com uma construção de época belíssima, é um filme que ao mesmo tempo que acerta em seu controle, ele se contém demais em sua linguagem e em sua entrega ao espectador. É um filme francês que parece ter vergonha de ser francês, soa como uma tentativa de ser um épico hollywoodiano. Oque torna a obra uma ideia meio deslocada. Não seria impossível convencer os espectadores que esse filme é uma produção de Hollywood com apenas atores franceses, pois é esse exato retrato que a direção conduz. 

Mas a obra consegue ser uma jornada bela e sensível em sua maioria, sendo também um atrativo para espectadores mais novos em se interessarem nessa jornada de vingança além das propostas por Hollywood dos últimos anos que faz questão do retrato de um homem como um animal louco por carnificina e armas de fogo. Aqui, nosso protagonista tem múltiplas faces e consegue pensar além das armas que tem em suas mãos. 

Invés de cabeças voando e sangue pingando em todos os cantos, encontramos aqui um personagem que busca sua vingança perfeita dentro do cenário mercantil e na antiga monarquia, que depois caminhou para o capitalismo. A tomada de posses, a verdadeira face do moralismo enrustido, e como o valor de um homem sempre se encontra naquilo que ele possui. Fator que torna o fim da jornada do protagonista algo belo e satisfatório aos olhos dos espectadores. 

O Conde de Monte Cristo é uma obra dirigida com bastante controle e tendo um ótimo conjunto técnico sendo na criação de época e no trabalho de condução dos personagens. Mesmo sendo um filme que se contém demais e não tenta se mostrar realmente de onde vem, consegue executar uma narrativa calorosa e aconchegante para a maioria dos espectadores. Uma obra sobre vingança e justiça feita de forma delicada, mas delicada demais para seres pouco, ou nada, delicados. 


TEXTO DE ADRIANO JABBOUR



Moana 2 - Disney apostando em sequências

Moana 2 | Disney


Três anos após os eventos do primeiro filme, Moana recebe um chamado inesperado de seus ancestrais guias e forma sua própria tripulação, reunindo-se com seu amigo, o semideus Maui. Enquanto eles viajam para os mares distantes da Oceania para quebrar a maldição do deus das tempestades Nalo na ilha escondida de Motufetu, que antes conectava o povo do oceano, eles enfrentam velhos e novos inimigos, incluindo os Kakamora e a deusa do submundo Matangi.

No filme anterior, Moana, uma jovem polinésia embarcava em uma jornada para salvar sua ilha e restaurar o coração de Te Fiti, perdido há muito tempo. Ao longo dessa jornada, enfrentou grandes desafios e, por meio deles, descobriu sua verdadeira coragem e identidade. Agora, em sua nova aventura, Moana já é mais experiente e madura. Após viver a experiência de liderança em sua ilha e compreender o valor de suas tradições e do mar, ela ganha confiança em suas habilidades e em seu destino. Ao receber um chamado inesperado de seus ancestrais, Moana se prepara para enfrentar os mares distantes, agora com a sabedoria de quem já enfrentou seus próprios medos. Ela sabe que os perigos são reais e que sua missão pode ser arriscada, mas está disposta a ir até o fim, disposta a arriscar sua vida por uma causa maior que agora compreende profundamente. 

No entanto, ela não embarca sozinha nessa aventura: leva consigo três pessoas de seu povo. Loto, uma engenheira naval especializada em projetar, construir, operar e manter embarcações e estruturas marítimas, como navios e plataformas de petróleo; Kele, um senhor rabugento e o estadista mais velho da comunidade da ilha de Motunui, lar da protagonista, que é responsável pelas plantações de vegetais; e Moni, o contador de histórias, navegador, minerador e fã número 1 de Maui. Os novos personagens coadjuvantes introduzidos na história de Moana trazem uma dinâmica interessante e complementar à protagonista. Inicialmente, essa dinâmica complica a vida da heroína, pois os companheiros não levavam a sério o trabalho que deveriam realizar. Embora isso possa incomodar o espectador, é de se esperar que, os personagens se entendam e saibam trabalhar juntos, superando as diferenças iniciais.

Maui continua a exibir o mesmo carisma do primeiro filme, com seu humor egocêntrico e irreverente, sempre pronto para soltar uma piada ou exibir sua confiança excessiva. No entanto, nesta nova jornada, é evidente que ele está muito mais maduro do que no passado. O personagem, embora ainda mantenha seu lado brincalhão e egocêntrico, demonstra uma maior compreensão sobre o impacto de suas ações e um senso de responsabilidade que antes parecia distante. Ele agora tem plena consciência do papel que desempenha não apenas na sua própria história, mas também na vida de Moana e no equilíbrio do mundo ao seu redor. Essa evolução do personagem traz um equilíbrio interessante entre o humor que cativou o público e a complexidade que faz com que o público enxergue uma nova faceta de Maui, agora mais consciente de seu papel no mundo.

As músicas de Moana 2 mantêm a mesma qualidade da primeira produção, continuando a capturar a essência emocional e cultural do filme original. Analise como as composições, tanto em termos de melodia quanto de letra, conseguem transportar o público para o universo mágico e vibrante do Pacífico, ao mesmo tempo em que trazem novos elementos que enriquecem a narrativa. Uma das minhas favoritas é a Só Vai, uma canção energética e contagiante, caracterizada por uma mistura de elementos pop com influências de ritmos latinos e tropicais. Com uma batida dançante e cativante, a música transmite uma sensação de liberdade e de celebração. 

A letra fala sobre seguir em frente, confiar no próprio caminho e abraçar as oportunidades que surgem, transmitindo uma mensagem positiva de otimismo e empoderamento. A voz de Lara Suleiman é poderosa e emotiva, adicionando profundidade à canção, enquanto os arranjos musicais dão um toque moderno e vibrante. Além é uma canção emocionante e inspiradora, com uma mensagem de superação, esperança e coragem. Com uma melodia suave e crescente, a música traz um tom de reflexão e crescimento pessoal. A letra fala sobre explorar novos horizontes e buscar além do que os olhos podem ver, transmitindo a ideia de que o verdadeiro potencial está nas escolhas e na coragem de se aventurar. A voz de Any Gabrielly é delicada, mas cheia de emoção, adicionando profundidade à mensagem da canção. Com um arranjo musical que combina elementos clássicos e modernos, sendo uma composição que une suavidade e poder, onde o tema de auto-descoberta e crescimento é central.

Eu admito que estava com o pé atrás em relação ao filme, justamente por ser uma continuação. Isso porque a Disney nem sempre é bem-sucedida ao entregar sequências. Não estou nem incluindo os filmes da Pixar Animation Studios, mas é claro que há exceções, como Rei Leão 2: O Reino de Simba, Irmão Urso 2 e até mesmo 101 Dálmatas 2: A Aventura de Patch em Londres. Vale destacar que esses exemplos foram lançados diretamente em home video e DVD. No entanto, aqui, eles conseguiram entregar uma sequência de qualidade. É bem provável que o filme seja um sucesso de bilheteira, garantindo assim um terceiro filme e expandindo ainda mais esse universo.

Moana 2 supera as expectativas de uma sequência, trazendo um enredo envolvente com personagens mais maduros, uma dinâmica interessante entre a tripulação e músicas cativantes. A evolução de Moana e Maui, juntamente com novos desafios e lições de coragem, faz o filme brilhar. O futuro da franquia parece promissor, com potencial para mais aventuras.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.


terça-feira, 26 de novembro de 2024

O Clube Das Mulheres de Negócios - Uma boa ideia, porém perdida.

O Clube das Mulheres de Negócios | Vitrine Filmes


O Clube das Mulheres de Negócios é ambientado em um mundo onde os estereótipos de gêneros são invertidos, portanto, mulheres ocupam posições de poder que normalmente são ocupados por homens, e homens cumprem os papeis de serem socialmente submissos.

A trama se desenvolve em um clube exclusivo, propondo uma reflexão sobre as questões de classe e gênero da sociedade brasileira, com mulheres ocupando posições de liderança. Essa inversão de papéis evoca Eu Não Sou Um Homem Fácil, filme francês que apresenta a história de Damien, um personagem machista que acorda em uma realidade onde os papéis de gênero estão invertidos, com as mulheres assumindo o domínio sobre os homens. 

Embora a ideia de mulheres em posições de poder não seja inédita, ela permanece intrigante e provoca uma reflexão pertinente sobre as dinâmicas de poder. No entanto, o filme falha ao misturar diversas subtramas de forma confusa e ao não saber claramente qual tonalidade deseja seguir. Ao alternar entre comédia, sátira, terror e suspense, a obra se perde na tentativa de abarcar múltiplos gêneros, prejudicando a coesão e enfraquecendo a mensagem que inicialmente parecia promissora. A falta de um foco claro torna a experiência desorientada, dissipando a crítica social e limitando seu impacto.

Na narrativa, a presença de onças atacando o clube é usada como uma metáfora potente para a opressão de gênero no Brasil. Esses animais surgem como agentes desestabilizadores, questionando um sistema elitista e mostrando a fragilidade de uma sociedade hierárquica. A natureza, em suas manifestações tanto humanas quanto selvagens, ganha centralidade, transcende as rivalidades da classe dominante e sublinha a violência latente nas estruturas de poder. No entanto, as cenas de ataques das onças, ao representar a força bruta da natureza, criam um desconforto que vai além do terror, refletindo a violência presente em qualquer sistema opressor. Esse contraste entre a brutalidade da natureza e a fragilidade humana adiciona um simbolismo poderoso, ao mesmo tempo que provoca uma reflexão sobre os mecanismos de controle e violência que moldam as relações sociais.

O filme apresenta cenas que, infelizmente, refletem realidades vividas em nosso cotidiano, ainda que invertendo os papéis tradicionais. Um exemplo disso é a sequência em que duas mulheres discutem de maneira estereotipada sobre o órgão sexual masculino. Contudo, a obra vai além da superfície e explora de forma complexa os estereótipos de gênero. Embora o diálogo inicial pareça reforçar a objetificação do corpo feminino, ele também estabelece uma analogia crítica à visão simplista e reducionista que muitos homens têm sobre o corpo das mulheres. A comparação sutil entre esses estereótipos de gênero não só questiona a forma como essas percepções são perpetuadas em narrativas e no comportamento cotidiano, mas também convida o público a refletir sobre a persistência de preconceitos e expectativas culturais. Ao abordar essas questões, oferece uma crítica social profunda, expondo as camadas de desigualdade ainda presentes nas dinâmicas de gênero.

O Clube das Mulheres de Negócios propõe uma premissa instigante ao inverter os papéis de gênero tradicionais, colocando as mulheres em posições de poder e os homens em uma posição de subordinação social. Embora essa inversão abra espaço para uma reflexão crítica sobre as dinâmicas de classe e gênero na sociedade brasileira, a obra peca por sua falta de coesão e clareza na condução da trama. A tentativa de transitar entre diferentes gêneros cinematográficos, acaba prejudicando o impacto da crítica social, deixando a narrativa desorientada e diluindo seu poder provocador. O comentário social embora presente, é diluída em uma estrutura narrativa que não soube aproveitar a complexidade de suas ideias.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Caracas - Um filme que Não Sabe Conduzir o Caos que Propõe

Caracas | Vision Distribution


"Caracas" conta a história do escritor Giordano Fontes que vive em uma crise existencial e cogitando largar a escrita para sempre, até o momento que sua história se esbarra com um árabe de extrema direta que passa por momentos complicados ao longo da vida e influencia Giordano a continuar a sua escrita. O longa e o segundo do diretor e também protagonista Marco D'Amore e é um dos selecionados no Festival de Cinema Italiano que acontece em São Paulo.

A obra tenta brincar bastante com a ideia do que é imaginação de Giordano sobre oque acontece à sua volta e sobre oque realmente é real naquelas circunstâncias. Algo que ao mesmo tempo entrega dinâmica à obra, faz ela muitas vezes parecer mais bagunçada do que realmente criativa. Além da falta de desenvolvimento dos personagens, que é um dos principais problemas da obra. Não se sabe o porque da melancolia de Giordano, e muito menos se tem uma noção se Caracas é um personagem real, ou apenas um encontro acidental que resultou em trazer de volta a "criatividade" de Giordano para escrever. 

A obra consegue mostra uma Nápoles perigosa e incerta sobre a vida daqueles que vivem ali, principalmente os imigrantes, que são os que mais sofrem com a desigualdade social e com a xenofobia. Mas mesmo mostrando uma faceta perigosa e caótica de Nápoles, o filme não consegue fazer o espectador ter proximidade com aqueles personagens entregue a nós. Caracas que passa por questões envolvendo crises de identidade e violência, acaba tendo uma conclusão preguiçosa da mesma forma que tentam concluir oque foi a ida para Nápoles para Giordano. 

No final, o filme propõe muitas temáticas interessantes e com vários caminhos criativos que acabam em lugar nenhum. Como sentir qualquer sentimento por personagens que você não sabe nada e que nem sabe se realmente são reais ou não? Até mesmo a relação de Caracas com Giordano é apressada de forma até amadora nos 40 minutos finais da obra. E quando a obra finaliza, fica o gostinho amargo de ter visto uma narrativa que se arrisca mas que acaba no mesmo lugar que começou. 

O que a direção tem para nos entregar além das loucuras de Nápoles? O autor encontrou um sentido para voltar a escrever ou não? Caracas existiu em algum momento? E se existiu, oque ele realmente é para Giordano? Seria Caracas uma resposta sobre a volta do fascismo na Itália? Seria Caracas uma reação ao aumento de imigrantes na Europa? Por que o personagem protagonista é um árabe refugiado que se identifica com Neonazistas(um grupo que odeia árabes também)? 

"Caracas" consegue mostrar a confusão de Giordano em uma Nápoles sem lei e em seu próprio caos dentro de seu quarto ou buscando sobre certo passado. Mas acaba sendo um filme que não consegue dizer nada e não consegue funcionar nem na sua criatividade para contar uma narrativa, nem para fazer o espectador ligar para alguma coisa que aconteça com os personagens.  

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.

Sting: Aranha Assassina - Quando o Terror Se Perde em Tentativas de Humor e Drama Familiar

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