Mostrando postagens com marcador o voo do anjo.california filmes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador o voo do anjo.california filmes. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de novembro de 2024

O Voo do Anjo - Desconexão com Temas tão Sensíveis

 

O Voo do Anjo | California Filmes

"O Voo do Anjo", que estreou recentemente no Brasil, é uma obra que se propõe a abordar temas sensíveis como depressão e suicídio, mas que falha em sua execução, resultando em uma experiência que, em muitos momentos, se revela pouco orgânica e desconectada.

Um dos problemas mais evidentes do filme é o seu ritmo. As cenas parecem, muitas vezes cortadas e corridas, o que prejudica a fluidez da narrativa e impede o espectador de se envolver emocionalmente com os personagens. A falta de pausas nos diálogos… especialmente em um filme que demanda profundidade emocional, faz com que as falas soem apressadas e superficiais, deixando pouco espaço para a reflexão. Em momentos críticos, a intensidade emocional esperada se perde, tornando a experiência menos impactante.

Os personagens são retratados de maneira inconsistente. A figura da empregada, por exemplo, é apresentada de forma caricata. A interação inicial entre o personagem de Emilio Orciollo Neto e Orthon Bastos é particularmente problemática, pois a reação insensível do protagonista idoso ao ver o outro personagem que está à beira de uma tentativa de suicídio, gera insatisfação. A fala dele citando suas preocupações de forma egoísta dos problemas que ele teria com a polícia depois, caso o personagem deprimido cometesse o ato pela sua janela, em um momento tão delicado como esse, cria uma antipatia imediata, dificultando o apreço do público pelo seu arco no primeiro ato.

Embora os atores Othon Bastos e Emilio Orciollo Neto se esforcem para entregar performances consistentes, eles são prejudicados por uma direção que parece fria e desinteressada. A atuação da esposa do personagem de Emilio é bem insatisfatória, falhando em transmitir a complexidade que a narrativa exige de uma pessoa deprimida por conta da perca de um ente querido.

Além da depressão e suicídio, o filme toca em questões de etarismo, evidenciado pela dinâmica entre o filho e o personagem de Othon, que passa a maior parte do tempo sozinho em casa junto com a empregada, negligenciado pela família. Essa representação carece de profundidade e nuance, fazendo com que o espectador perceba uma falta de análise crítica sobre as relações familiares e a solidão.

O filme nos remete, de certa forma, ao longa francês "Sempre ao Seu Lado", pois ambos protagonistas lidam com relações dificieis e também tentam procurar algum conforto e confiança na companhia de cada um e, posteriormente, desenvolvem uma amizade, mas em "O Voo do Anjo", o filme falha em capturar a mesma essência emocional e empatia pelos personagens.

Em resumo, "O Voo do Anjo" é uma tentativa ambiciosa de abordar questões delicadas, mas que acaba se perdendo em sua execução. A falta de ritmo, o retrato superficial de personagens e a direção insensível contribuem para uma experiência cinematográfica que, ao invés de provocar reflexão, deixa o espectador com a sensação de desconexão. É uma pena, pois os temas abordados mereciam um tratamento mais cuidadoso e respeitoso.


Autor:

Meu chamo Leonardo Veloso, sou formado em Administração, mas tenho paixão pelo cinema, a música e o audiovisual. Amante de filmes coming-of-age e distopias. Nas horas vagas sou tecladista. Me dedico à exploração de novas formas de expressão artística. Espero um dia transformar essa paixão em carreira, sempre buscando me aperfeiçoar em diferentes campos criativos.


Sombras no Deserto (2025) fica em cima do muro

  Sombras no Deserto (2025) | Imagem Filmes Crescer é um inferno: a passagem da infância à vida adulta é um ritual bastante natural e transf...