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terça-feira, 26 de novembro de 2024

O Clube Das Mulheres de Negócios - Uma boa ideia, porém perdida.

O Clube das Mulheres de Negócios | Vitrine Filmes


O Clube das Mulheres de Negócios é ambientado em um mundo onde os estereótipos de gêneros são invertidos, portanto, mulheres ocupam posições de poder que normalmente são ocupados por homens, e homens cumprem os papeis de serem socialmente submissos.

A trama se desenvolve em um clube exclusivo, propondo uma reflexão sobre as questões de classe e gênero da sociedade brasileira, com mulheres ocupando posições de liderança. Essa inversão de papéis evoca Eu Não Sou Um Homem Fácil, filme francês que apresenta a história de Damien, um personagem machista que acorda em uma realidade onde os papéis de gênero estão invertidos, com as mulheres assumindo o domínio sobre os homens. 

Embora a ideia de mulheres em posições de poder não seja inédita, ela permanece intrigante e provoca uma reflexão pertinente sobre as dinâmicas de poder. No entanto, o filme falha ao misturar diversas subtramas de forma confusa e ao não saber claramente qual tonalidade deseja seguir. Ao alternar entre comédia, sátira, terror e suspense, a obra se perde na tentativa de abarcar múltiplos gêneros, prejudicando a coesão e enfraquecendo a mensagem que inicialmente parecia promissora. A falta de um foco claro torna a experiência desorientada, dissipando a crítica social e limitando seu impacto.

Na narrativa, a presença de onças atacando o clube é usada como uma metáfora potente para a opressão de gênero no Brasil. Esses animais surgem como agentes desestabilizadores, questionando um sistema elitista e mostrando a fragilidade de uma sociedade hierárquica. A natureza, em suas manifestações tanto humanas quanto selvagens, ganha centralidade, transcende as rivalidades da classe dominante e sublinha a violência latente nas estruturas de poder. No entanto, as cenas de ataques das onças, ao representar a força bruta da natureza, criam um desconforto que vai além do terror, refletindo a violência presente em qualquer sistema opressor. Esse contraste entre a brutalidade da natureza e a fragilidade humana adiciona um simbolismo poderoso, ao mesmo tempo que provoca uma reflexão sobre os mecanismos de controle e violência que moldam as relações sociais.

O filme apresenta cenas que, infelizmente, refletem realidades vividas em nosso cotidiano, ainda que invertendo os papéis tradicionais. Um exemplo disso é a sequência em que duas mulheres discutem de maneira estereotipada sobre o órgão sexual masculino. Contudo, a obra vai além da superfície e explora de forma complexa os estereótipos de gênero. Embora o diálogo inicial pareça reforçar a objetificação do corpo feminino, ele também estabelece uma analogia crítica à visão simplista e reducionista que muitos homens têm sobre o corpo das mulheres. A comparação sutil entre esses estereótipos de gênero não só questiona a forma como essas percepções são perpetuadas em narrativas e no comportamento cotidiano, mas também convida o público a refletir sobre a persistência de preconceitos e expectativas culturais. Ao abordar essas questões, oferece uma crítica social profunda, expondo as camadas de desigualdade ainda presentes nas dinâmicas de gênero.

O Clube das Mulheres de Negócios propõe uma premissa instigante ao inverter os papéis de gênero tradicionais, colocando as mulheres em posições de poder e os homens em uma posição de subordinação social. Embora essa inversão abra espaço para uma reflexão crítica sobre as dinâmicas de classe e gênero na sociedade brasileira, a obra peca por sua falta de coesão e clareza na condução da trama. A tentativa de transitar entre diferentes gêneros cinematográficos, acaba prejudicando o impacto da crítica social, deixando a narrativa desorientada e diluindo seu poder provocador. O comentário social embora presente, é diluída em uma estrutura narrativa que não soube aproveitar a complexidade de suas ideias.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

terça-feira, 20 de agosto de 2024

Estômago 2: O Poderoso Chefe - Sustenta o espectador, mesmo com falta de Tempero

 

Estômago 2: O Poderoso Chefe | Paris Filmes

No primeiro filme, existia uma criação de atmosfera e de tensão sobre a jornada do personagem protagonista, Raimundo Donato, na qual o espectador se encontrava imerso esperando saber o que o personagem fez para acabar preso. Quando a narrativa do primeiro acaba, todos ficam surpresos e perplexos pelo que foi entregue. Não só pela jornada do personagem, mas em ver um lado dele que ninguém esperava. A beleza do protagonista, se encontrava nessa ideia de um talento inesperado, pronto para qualquer coisa que ficasse a sua frente e a frente de sua comida. 

Então a jornada de Raimundo Donato, conhecido como Alecrim, continua dentro da prisão como cozinheiro de todos aqueles que fazem a prisão funcionar. Sendo cozinheiro do chefe da prisão, até mesmo dos carcereiros e do criminoso mais conhecido da área, "Etc". Até o momento que aparece um Mafioso Italiano dentro da cadeia e existe uma disputa entre seu líder e "Etc" para medir forças dentro do lugar. 

E então começa aquela que deveria ser a jornada do nosso cozinheiro louco dentro da cadeia tentando sobreviver nesse conflito. Mas Marcos Jorge decide tomar uma direção completamente diferente nessa obra, oque pode causar um certo desapontamento com os fãs do personagem Raimundo Donato. O roteiro utiliza de Raimundo como apenas uma âncora para o desenvolver de uma história relativamente parecida com a do primeiro filme, mas sendo a jornada do líder da máfia. Seguindo a estrutura quase idêntica à do primeiro filme:

Um amor louco, um recomeço de vida, o crime, toda estrutura segue quase idêntica, com algumas mudanças pontuais e se sustentando com aquilo que fica na dúvida em ser uma sátira ou apenas a utilização mal aplicada do estereótipo italiano mafioso. A ideia consegue se manter até o momento em que existe um desejo em ver mais do Raimundo, que é apenas um elemento de disputa no meio da cadeia entre o líder da máfia e o "Etc". 

Além das problemáticas narrativas, o filme tenta forçar uma intimidade nos diálogos da mesma forma que o primeiro mas sem sutileza. Com utilização de palavrões em quase todos os diálogos e o caricato dentro do diálogo misturado de italiano com português. Marco Jorge tenta se reinventar em uma formula já aplicada mas acaba criando uma narrativa que não acrescenta em nada ao protagonista, que aqui se encontra como coadjuvante. 

É necessário falar que o filme se auto censura sempre que pode, sendo na violência e até nas cenas de sexo. É como se a direção quisesse colocar o filme com o mesmo tom do primeiro, mas sem a mesma coragem. Ou como uma tentativa de Marcos Jorge em tornar um Estômago uma jornada que seja cômica para toda família, oque não faz jus ao primeiro capítulo da história de Raimundo. 

Estômago 2 tenta satirizar os filmes de máfia, mas falha; não existe desenvolvimento do protagonista Raimundo dentro da narrativa proposta; A estética suja e mais realista do primeiro aqui é deixada completamente de lado, e a apresentação para um novo personagem entra de forma pouco orgânica. Mesmo com suas várias problemáticas, o filme ainda consegue divertir o espectador em poucos diálogos e em algumas cenas de violência mais gráfica. O que antes era um prato tão saboroso, se tornou um simples fast food.

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.

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