Mostrando postagens com marcador milton nascimento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador milton nascimento. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 1 de abril de 2025

Milton Bituca Nascimento - Um Tributo Em Vida ao Grande Músico Brasileiro

 

Milton Bituca Nascimento | Gullane Filmes

O documentário do grande cantor e compositor brasileiro, Milton Bituca Nascimento, homenageia o astro ainda em vida e mostra como sua música atravessou fronteiras e conquistou milhares de fãs ao redor do mundo. Seus versos líricos e ritmos inconfundíveis foram inspiração para diversos cantores, inclusive no âmbito do jazz, onde o músico tem fortes raízes e influenciou uma geração de instrumentistas que se admiraram com suas músicas e arranjos excepcionais.

No último dia 2 de fevereiro, Milton passou por uma grande polêmica na 67ª edição do Grammy. O cantor estava indicado na categoria de Melhor Álbum de Jazz com Vocal, em parceria com a cantora americana Esperanza Spalding. Entretanto, Milton não teve um lugar reservado no salão principal ao lado de Esperanza na cerimônia em Los Angeles. Isso repercutiu mundialmente e muitos se perguntaram como um cantor desse calibre e um ícone da música brasileira teve um assento negado ao lado de Esperanza, que apareceu com um cartaz com a foto de Milton em protesto, escrito: "Esta lenda viva deveria estar sentada aqui."

Esperanza também é uma das convidadas que aparece no documentário reverenciando o grande Bituca. Ao lado dela, vários expoentes da música brasileira também surgem, como: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, entre outros. Narrado pela incrível Fernanda Montenegro, o filme reflete o impacto que Milton causou em vários artistas e seus fãs ao longo de sua carreira. Se no Grammy o cantor foi completamente esnobado, aqui ele brilha e tem sua voz escutada, além de suas músicas totalmente contempladas.

Todavia, o documentário tropeça em alguns momentos, como, por exemplo, no saudosismo exacerbado sobre a figura de Bituca. É fato que o cantor é um dos maiores compositores e multi-instrumentistas do país, mas quando se tem tantas reverências e elogios em torno da figura do cantor mineiro, acaba-se saturando esse ponto de vista e transparecendo uma competição de quem o homenageia da melhor forma.

O documentário não se preocupa em mostrar as dificuldades que Milton enfrentou em sua carreira, suas decepções, seus álbuns que não tiveram grande repercussão. Em uma obra como essa, é importante sabermos não apenas seus pontos altos, mas também seus baixos. Isso, de certa forma, acaba humanizando mais ainda o artista.

Além disso, a narração de Fernanda Montenegro se torna um tanto problemática em certos trechos. A extensão de seu discurso acaba se alongando e tornando-se cansativa. Em um instante, ela narra enquanto um dos convidados está conversando com Milton Nascimento, e não entendemos o que eles estão de fato dizendo. A edição não se atentou a esse problema e acabou se enrolando nessa questão.

O filme também se limita a demonstrar tantos cantores norte-americanos citando a inspiração que Milton trouxe para suas carreiras. Acredito que esses registros foram coletados durante a turnê mundial que Bituca realizou quando passou pelos Estados Unidos. Entretanto, Milton Nascimento foi referência musical para muito além de outros países, não apenas nos Estados Unidos. Ainda assim, é interessante perceber como seu repertório no estilo jazz contribuiu tanto para o cenário musical da região.

O ícone da música popular brasileira tem seu devido tributo representado neste documentário. Apesar de a película não destacar outros momentos da carreira do cantor e apontar outros lados que também são pertinentes para entendermos a trajetória de Milton, como suas inspirações, sua busca por reconhecimento, a escolha de gravadoras. O filme, contudo, cumpre seu papel em retratar a grandeza de suas músicas e o afeto de tantos amigos e familiares que foram tocados por sua arte ao longo de gerações. Uma pena para o Grammy, que não soube reconhecer esse artista legendário.


Autor:


Meu chamo Leonardo Veloso, sou formado em Administração, mas tenho paixão pelo cinema, a música e o audiovisual. Amante de filmes coming-of-age e distopias. Nas horas vagas sou tecladista. Me dedico à exploração de novas formas de expressão artística. Espero um dia transformar essa paixão em carreira, sempre buscando me aperfeiçoar em diferentes campos criativos.

Sombras no Deserto (2025) fica em cima do muro

  Sombras no Deserto (2025) | Imagem Filmes Crescer é um inferno: a passagem da infância à vida adulta é um ritual bastante natural e transf...