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quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Homem de Ferro - Um bilionário, um reator e um péssimo senso de limites

Homem de Ferro | Disney


Quando é capturado em território inimigo, o genial magnata Tony Stark constrói uma armadura de alta tecnologia para escapar. Agora, ele tem a missão de salvar o mundo como um herói que não nasceu.

Esse foi o primeiro filme a integrar um dos maiores universos cinematográficos e se tornou uma importante referência. Antes tínhamos filmes de heróis que pertenciam apenas aquele núcleo, como é o caso da trilogia Homem-Aranha de Sam Raimi, da trilogia X-Men do ano 2000 e Quarteto Fantástico. A grande inovação foi justamente conectar diferentes personagens e histórias em um mesmo universo compartilhado, algo que elevou o padrão das produções do gênero e transformou a maneira como o público passou a acompanhar essas narrativas no cinema.


A origem de Tony Stark como o Homem de Ferro apresenta um personagem inicialmente debochado, arrogante e obcecado por tecnologia — um gênio bilionário cuja fortuna é construída sobre a fabricação de armas de destruição em massa. No entanto, o destino o força a encarar as consequências de suas próprias criações. Durante uma demonstração de seus armamentos, Stark é gravemente ferido por uma explosão provocada justamente pelas armas que ele mesmo projetou. Estilhaços de metal ficam alojados próximos ao seu coração, e para sobreviver ele cria um reator arc, uma fonte de energia miniaturizada que alimenta um eletroímã, impedindo que os fragmentos o matem.

 

Esse mesmo reator se torna o núcleo de algo ainda maior: a armadura do Homem de Ferro, um traje de alta tecnologia que proporciona voo, força sobre-humana e um poderoso arsenal. Mais do que uma ferramenta de combate, a armadura simboliza a transformação de Tony Stark  — de um homem guiado pelo lucro e pela vaidade para alguém que reconhece o impacto devastador de suas invenções.


A experiência o faz abrir os olhos para o fato de que suas armas alimentaram guerras e causaram incontáveis mortes. A partir desse despertar, Stark passa a questionar o papel da tecnologia e da responsabilidade ética por trás do poder que ela concede. Assim, o Homem de ferro não nasce apenas do ferro e do fogo, mas também de um profundo senso de culpa e desejo de redenção.


Só vemos o herói em ação de verdade depois de aproximadamente uma hora e quinze minutos de filme — e, quando isso acontece, é simplesmente espetacular. A cena marca o momento em que Tony Stark veste pela primeira vez a armadura completa, a clássica vermelha e dourada, e parte para o combate. O som metálico, os disparos precisos e o voo poderoso criam uma sequência de tirar o fôlego, que consagra de vez o nascimento do heró que mudaria todo o Universo Cinematográfico da Marvel.


Por mais que o filme tenha um protagonista carismático e cenas marcantes, a narrativa se torna um pouco monótona em certos momentos. O ritmo lento, aliado a longas sequências de exposição e diálogos explicativos, faz com que a parte da história se arraste, diminuindo a sensação de urgência e tensão. Há momentos em que o enredo parece caminhar sem pressa, deixando o espectador aguardando ansiosamente pelo ponto de virada em que o Tony Stark finalmente assume seu papel de herói. Essa espera prolongada faz com que a chegada da armadura completa seja ainda mais impactante, mas também evidencia que o filme só encontra seu verdadeiro ritmo na segunda metade.

O vilão Monge de Ferro, Obadiah Stane, é retratado como um magnata inescrupuloso e manipulador, movido apenas pela ganância e pela inveja do sucesso de Tony Stark. Apesar de sua postura de mentor e aliado nos primeiros momentos, logo se revela um antagonista previsível, cuja malícia carece de profundidade. Seu papel como vilão funciona, mas não chega a impressionar — é mais uma figura de poder corrompido do que um inimigo realmente memorável.


Homem de Ferro não é apenas um filme de origem de super-herói; ele marca o início de uma nova era no cinema de heróis ao estabelecer as bases do Universo cinematográfico da Marvel. A narrativa foca na transformação de Tony Stark, que evolui de um magnata arrogante e egoísta para um herói consciente de suas responsabilidades, simbolizada pela criação e uso da armadura. Apesar de um ritmo inicial mais lento e de um vilão relativamente previsível, o filme se destaca pela construção de personagem, pelo impacto visual das cenas de ação e pelo potencial inovador de conectar diferentes histórias em um universo compartilhado.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.


segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Anima(2019) - Uma viagem visual e sonora sobre rotina, cansaço e o poder de um simples encontro

Anima | Netflix

Anima (2019) é um curta-metragem de 15 minutos dirigido por Paul Thomas Anderson e protagonizado pelo vocalista da banda Radiohead, Thom Yorke, é uma daquelas obras que são difíceis de serem descritas, mas são fáceis de serem sentidas. Lançado pela Netflix, o curta nos entrega um grande espetáculo visual, sonoro e coreográfico. A obra não é sobre uma narrativa convencional, e sim de uma viagem quase teatral, carregando simbolismos e um perfeccionismo estético. A proposta nada mais é do que transportar o telespectador para uma realidade paralela onde a monotonia do cotidiano assume uma outra forma. 

Anima é uma daquelas obras que não busca entregar respostas fáceis e diretas para aqueles que estão assistindo, mas é aquela que busca convidá-los a mergulhar nas sensações que Paul nos oferece. Com a sua estética impecável, suas músicas originais compostas por Yorke e sua atmosfera onírica, o curta-metragem transforma o cotidiano em algo poético. Pode parecer confuso para aqueles que buscam por algo linear, mas o filme não perde a sua força por conta disso. Por fim, Anima é um lembrete silencioso de que ainda existe beleza mesmo nas pequenas coisas, e que até mesmo em um gesto simples, mora um impacto profundo e emocionante.

Desde os primeiros segundos, a fotografia se torna o principal destaque. É imersiva e hipnotizante. Tudo parece ser muito bem calculado para criar uma atmosfera distópica e, ao mesmo tempo, similar a um sonho. O curta é repleto de dançarinos, e a coreografia contemporânea é um dos pontos mais altos a se notar, entregando a principal mensagem do filme: a repetição e o cansaço dos dias monótonos, o desejo de se libertar. Mesmo que seja um curta musical, tudo nele é vivo. 

O momento em que Thom finalmente se encontra com a mulher do início do curta, é de longe uma entrega super emocionante que Paul poderia entregar e, sem dúvidas, a parte mais tocante. Ambos dividem uma ação simples juntos, sem palavras, mas ainda assim nota-se a intensa carga emocional naquilo. É delicadamente belo, como se por um momento, no meio daquele caos urbano, surgisse um espaço para respirar e de admirar a beleza do amor. Definitivamente, essa cena é o coração do filme, e talvez este seja o principal motivo para emocionar tantos telespectadores: mesmo cercados de uma realidade rígida e sufocante, os personagens ainda são capazes de se conectarem assim que finalmente conseguem se encontrar.


Autor:

Bárbara Borges é do Rio de Janeiro e estudante de Jornalismo. Apaixonada por cinema desde criança, sempre foi movida por histórias intensas, especialmente as de terror, seu gênero favorito. Em 2024, dirigiu o documentário Além do Recinto, que levanta questionamentos sobre o bem-estar de animais silvestres em zoológicos e o impacto do confinamento longe de seus habitats naturais. Gosta de pensar no cinema como uma forma de provocar, sentir e transformar. Vive atualizando seu Letterboxd com comentários sinceros e, às vezes, emocionados. Entre seus filmes favoritos estão Laranja Mecânica, Psicopata Americano, Pânico, Pearl e Premonição 3.


segunda-feira, 28 de julho de 2025

Fuga Para Odessa - A Tragédia Sagrada de James Gray

Fuga Para Odessa | Paramount Pictures

Fuga Para Odessa (1994) retrata, por meio de tradições da tragédia russa, a vida do jovem Reuben (Edward Furlong) no bairro de Brighton Beach, no Brooklyn, que vê o regresso de seu irmão Joshua (Tim Roth) após anos sem contato. A ocasião é desconfortável, pois a mãe de ambos (Vanessa Redgrave) está no leito de morte, e o pai dos dois (Maximilian Schell) não se mostra nem um pouco complacente com a presença de Joshua, que se tornou um criminoso nos anos de ausência.

James Gray – o diretor do filme - retrata o Brooklyn de uma maneira muito menos encantada que diretores como Martin Scorsese ou até mesmo Brian De Palma o retrataram. A fumaça dos bueiros é tóxica, o ambiente é desconfortavelmente frio, e os espaços mais vazios daquele movimentado lugar são inóspitos. As pessoas daquele bairro são traiçoeiras, e o protagonista Reuben soa tão passivo a essa situação quanto os espectadores.

Os ambientes claustrofóbicos da casa da família Shapira, ajudam a reforçar o aspecto de desconforto que o filme causa. Reuben é frequentemente agredido pelo seu pai, porém essas agressões se mostram escondidas entre as paredes e portas. Recurso este que poderia soar como covarde, porém servem de agregador ao sentimento de passividade do espectador diante aos acontecimentos, essencial nessa tragédia.

O filme, além de um drama familiar, possui elementos de filme de máfia, porém ele rejeita por muito a tradição clássica do gênero, e a subverte com influencias da tradição moderna. As mortes não são glamorosas como em Os Bons Companheiros (1990), mas frias e realistas como em Roma, Cidade Aberta (1945) ou os maiores clássicos do neorrealismo italiano.

E não é só nas ocasiões mais típicas do gênero de máfia que Gray mostra suas inspirações modernas. Nas relações religiosas que Gray estabelece no filme – provenientes da cultura judaica dos protagonistas – é visto uma clara referencia do autor a cineastas como Bresson e Visconti, que reconheciam a importância do rito religioso como uma força cinematográfica.

A tragédia é filmada nos últimos minutos do filme da mesma forma que Gray filmou o Brooklyn, seco e frio. Nada é moralista, como nos filmes de Scorsese, nem tenta mostrar uma evolução do protagonista, como nos filmes do Coppola. É só o cumulo de tudo aquilo que Gray nos mostra em aprox. 90 minutos de rodagem, com várias perguntas, e uma única resposta: “É isso aí”. 

Fuga Para Odessa é a obra-prima do cineasta James Gray, que recentemente buscou fazer filmes de estúdio, como Ad Astra – Rumo às Estrelas (2019) e Armageddon Time (2022), mas que nas suas origens possui trabalhos de cunho realmente singular, e que por muitas vezes são ignorados pela critica americana. Porém que não devem ser ignorados pela cinefilia, que sempre deve buscar o resgate da memória da linguagem cinematográfica.

Autor:


Meu nome é Rodolfo Luiz Vieira, tenho 17 anos e curso o terceiro ano do Ensino Médio. Produzo alguns curtas-metragens e escrevo textos sobre cinema. Meus filmes favoritos são: Em Ritmo de Fuga; La Haine; Eu Vos Saúdo, Maria e Pai e Filha.

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