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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

O Brutalista - "Nós Toleramos Vocês" define a história do império Americano em Decadência

O Brutalista | Universal Pictures


A obra retrata uma época dos Estado Unidos após a Segunda Guerra Mundial, com a imigração em massa por conta do holocausto e o conflito nos países europeus. Não atoa esse filme é lançado no momento que se tinha o medo da política de Trump contra imigração voltar nas ultimas eleições nos Estados Unidos e com o massacre propagado por Israel contra a Palestina, chamando atenção dos festivais europeus de cinema e com o Oscar de 2025. Além do formato de tentativa frustrada de um épico narrativo sobre a vida de imigrantes com uma estética próxima de "Era Uma Vez na América" de Sergio Leone

A trajetória de László Tóth como um imigrante austro-húngaro dentro da terra das oportunidades e dos sonhos industrializados tenta ser uma representação de uma direção e um roteiro tentando fazer um discurso de auto piedade sobre a história dos EUA. Um imigrante judeu que sofre a todo momento, algo que Hollywood sente um prazer obsceno em colocar nos seus filmes a qualquer custo(principalmente em torno do tema Holocausto), tentando sobreviver em um mundo que só usam e abusam de suas técnicas criativas, sem ligar realmente para quem é a sua figura humana além de um instrumento nas mãos daqueles que pagam por seu trabalho

O desenvolvimento da trajetória de László anda em conjunto com o seu projeto, que foi um pedido de um empresário que tinha acabado de perder sua mãe(nosso antagonista Harrison,  interpretado por Guy Pearce). Um espaço com um ginásio, uma biblioteca e uma igreja, um projeto desafiante para nosso protagonista que sofre pela ausência de sua mulher, que não consegue sair da Europa, e pelo uso de drogas para poder suportar seu cotidiano e as dores de seu nariz quebrado. 

É necessário também apontarmos que essa obra faz parte de uma leva de filmes que, não só mostram a falta de capacidade de condução da mise en scene que tem tomado o mundo do audiovisual como um todo, como também a falta de habilidade do mesmo em conseguir a obra ter algum sentimento genuinamente humano. Como a obra tenta ser uma jornada épica e melancólica de um imigrante e sua mulher, sendo que não existe um espaço na obra onde essa humanidade apareça além do básico? 

A fúria e os baques sentidos por nosso protagonista são elaborados de forma picotada e panfletária, não existe conexão com ninguém aparente ali. Principalmente nosso protagonista, que passa por tudo de ruim e ainda assim a direção não consegue fazer seu espectador sentir pena sobre ele(oque não tem nem como, e nem é ética essa intenção descabida). O desespero da direção é tanta, que precisa mostrar uma cena de estupro para dizer de forma mais patética possível como os grandes empresários sentem o prazer no controle e na destruição daqueles que são os verdadeiros responsáveis pela construção desse império podre chamado American Dream

A obra também navega nas múltiplas formas de direção para dar dinâmica a narrativa. Funciona até certo ponto que é possível reparar que a direção utiliza de vários efeitos, movimentos e condução da imagem para poder tirar a atenção do espectador sobre a hipocrisia retratada. Sem contar que o filme ao mesmo tempo que tenta se mostrar contra o discurso ante imigrante, elabora suas minorias da forma estereotipada a ponto de ser vergonhoso. O protagonista judeu sempre fica bêbado ou entorpecido pela heroína quando está acompanhado de outros imigrantes ou de seu melhor amigo negro. Sério isso? Pleno século 21 e ainda escrevem esse tipo de narrativa preguiçosa?  

A narrativa força a qualquer segundo possível a demonstrar os personagens protagonistas e coadjuvantes como "pobres coitados", "aqueles que não podem fazer nada, pois é um mundo cruel", é um filme americano tentando se mostrar caridoso dizendo saber toda monstruosidade que fez contra o povo que ajudou a moldar cada pedaço do país que os odeiam com todas as forças. 

O filme elabora um imenso discurso de contradições: Fala de como parte de minorias nos EUA sofrem, mas enfatiza especificamente em uma, e deixa as outras completamente de lado; Fala de como nosso personagem sofre por conta da discriminação e de suas dores, mas mostra o mesmo sendo adultero 70% no filme sem nenhum arrependimento; Fala de como o império norte americano foi construído e desenvolvido pelos mesmos que eles odeiam, mas jogam esse discurso de lado completamente para voltar a enfatizar em como o holocausto foi tenebroso para os judeus. 

A fotografia do filme é uma das poucas coisas que funciona sem muita aventura por parte da produção, tendo em vista que a maioria dos planos são constituídos por cores pastéis, cinza e marrom, como se toda a obra mostrasse o protagonista ainda aprisionado como no holocausto, mas agora em um espaço considerado um país livre. E alguns pontos de diálogo que puxam para o quesito cômico conseguem funcionar(acontece apenas duas vezes esse ponto efetivo na obra), mesmo em sua maioria sendo elaborado e escrito de forma rasa, para não dizer medíocre. 

O Brutalista não é só um filme hipócrita, é covarde. É um trabalho de direção que não consegue moldar um plano descente, carregado de utilizações baratas para dar dinâmica a narrativa. Os atores fazem de tudo para fazer um bom trabalho, e conseguem. Pois o problema do filme já se encontra na sua própria raiz: Um País que quer se mostrar solidário, mas completamente desesperado por saber que perderá sua majestade. 

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR. 

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