Mostrando postagens com marcador pandora filmes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pandora filmes. Mostrar todas as postagens

domingo, 9 de março de 2025

Máquina do Tempo – Dias De Um Futuro Não Tão Esquecido

 

Máquina do Tempo | Pandora Filmes

Estrelado por Emma Appleton e Stefanie Martini, Máquina do Tempo, segue a história de duas irmãs orfãs, Thomasina (Appleton) e Martha (Martini), que moram de forma isolada no interior da Inglaterra. Filmado em estilo found footage, a trama se passa no início da Segunda Guerra Mundial e mostra os primeiros ataques armados dos países envolvidos, incluindo a Grã-Bretanha. Tudo muda quando Thom e Mars criam um instrumento de rádio-televisão capaz de transmitir matérias de notícias do futuro.

Assim, não demora muito para que as irmãs usem seu aparelho para beneficiar o governo britânico em meio aos confrontos geopolíticos. Além de poderem assistir às notícias vindas do futuro, as mesmas também conseguem ouvir músicos e cantores famosos do futuro. Entretanto, mesmo com Thomasina informando a polícia local de forma anônima sobre os ataques iminentes no seu país, não demora muito para que as autoridades policiais descubram seu paradeiro. Logo, os oficiais se juntam a elas para interceptarem ataques vindos da Alemanha.

Sempre gostei de assistir produções de gênero found footage por trazer um tom documenteal para a trama e aqui, a direção de Andrew Legge é competente ao ambientar as filmagens para a época dos anos 1930. As cenas filmadas entre as irmãs foram feitas em câmeras Bolex e Arriflex de 16 mm, com lentes do período. As atrizes foram treinadas para usar o aparelho e realizam um trabalho excepcional. Somos transportados para aquele tempo de forma imersiva, ainda mais com uma fotografia em preto e branco.

Como consequências clássicas de filmes que retratam viagem no tempo, não demora para que percebamos o primeiro efeito das mudanças que elas acabam fazendo na história. Em um momento, Martha, que aprecia bastante as músicas dos anos 1970, sintoniza o dispositivo e percebe que seu cantor favorito, David Bowie, não está mais cantando no futuro (eu também ficaria muito triste com essa notícia). Logo, ela se assusta e se pergunta o que aconteceu, já que quem canta no lugar dele é outro músico com canções explicitamente fascistas. Thomasina, então, explica que isso foi um desdobramento das suas ações em prol da defesa da Inglaterra nos ataques militares.

Então, nos deparamos com o famoso dilema da temática de viagens no tempo: até onde podemos interferir nos acontecimentos da história? Mesmo que seja para proteger pessoas, o que isso pode acarretar no próprio futuro? Bom, pelo menos no longa, não temos mais respostas, já que as irmãs acabam caindo em uma armadilha feita pelos alemães e são acusadas de espiãs conspiratórias pelo governo britânico.

A qualidade técnica do filme é muito responsável por ambientar esse período pré-guerra. A película, filmada durante a pandemia e com um baixo orçamento, mostra como você pode gravar um filme com ótima qualidade, mesmo com recursos escassos. Bastante material do filme foi processado em casa em um tanque de revelação de 16 mm do período soviético.

Por ser dirigido em estilo found footage, isso acaba nos aproximando mais das personagens e, consequentemente, criando empatia pelas mesmas, ainda mais com as excelentes atuações e carisma de Emma e Stefanie. Conseguimos acompanhar, aqui, mais que a história de duas mulheres, mas também uma representação do amor fraternal e até onde estamos dispostos a defender nossos familiares. Afinal, a própria invenção das irmãs foi intitulada como Lola, em homenagem à mãe das protagonistas.

Embora o longa seja um recorte sobre a Segunda Guerra Mundial, viagem no tempo e regimes autoritários. O filme expõe, em sua essência, a importância das relações familiares, como também o poder do amor fraternal entre duas mulheres.

Autor:


Meu chamo Leonardo Veloso, sou formado em Administração, mas tenho paixão pelo cinema, a música e o audiovisual. Amante de filmes coming-of-age e distopias. Nas horas vagas sou tecladista. Me dedico à exploração de novas formas de expressão artística. Espero um dia transformar essa paixão em carreira, sempre buscando me aperfeiçoar em diferentes campos criativos.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Aos Pedaços - Uma obra do vazio para o vazio

Aos Pedaços | Pandora Filmes
 

Aos Pedaços é um filme protagonizado pelo personagem Eurico Cruz (interpretado pelo ator Emílio de Mello), que sofre de uma paranoia onde sua mulher, Anna, vai a qualquer momento matá-lo. Tudo se complica mais a partir do momento que Eurico começa a ver duas versões de sua mulher, mais um homem que tenta convencê-lo a matar sua mulher antes de sua imaginação virar realidade. O filme é de 2020 e tem a direção de Ruy Guerra. 

Como um grande admirador do cinema de Ruy Guerra, me surpreende o fato de sua direção sempre se manter tão sóbria e contida nessa obra, oque não é algo de costume do diretor que foi responsável por tantas obras durante o Cinema Novo e também após o movimento. Aqui a direção fotográfica é um dos poucos pontos fortes, tendo uma ótima decupagem e uma ótima direção das luzes, oque ofusca o som do filme que é executado de forma bastante precária. Oque é problemático, já que a obra por si só é carregada de diálogos quase a todo tempo. 

O filme em nenhum momento tenta fugir de se mostrar como uma grande referência da obra Persona, de Ingmar Bergman, até mesmo nos movimentos de câmera. Oque não chega a ser algo positivo. Nada contra o diretor sueco, quem vos escreve admira muito seus filmes, mas não aqueles que o tentam copiar. Não crítico ter a inspiração, no mundo da arte inspirações são de extrema necessidade. Mas uma obra brasileira tentando ser um filme sueco sem nenhuma outra inspiração se torna algo vazio.

A narrativa acontece, e o espectador já para metade do filme, não dá a mínima sobre oque vai acontecer com todas as figuras ali presentes. Não quer saber quem vai viver, ou quem vai morrer, pois no filme todos agem e são tratados como almas já mortas, sem importância. Algo que, por incrível que pareça, não é culpa dos atores. Os atores fazem oque podem com o material entregue, mas a direção enfatiza em tentar ser algo mais poético, porém sem alma. 

A referência de Bergman aqui também tem uma ligação forte com a linguagem teatral. A direção tenta conduzir o espectador a entrar na atmosfera fúnebre de uma peça com atores a deriva, mas Bergman tinha a capacidade de capturar seus espectadores para seus pesadelos de forma sucinta, e com muito menos diálogos pseudopoéticos(diálogos que Bergman sempre soube conduzir na medida certa sem parecer algo prepotente). Enquanto Ruy tenta fazer de tudo para chegar a ser Bergman nessa obra, esquece completamente de ser o próprio Ruy Guerra, que dirigiu filmes como Os Deuses e Os Mortos, onde existia um mundo caótico com muito mais vida do que seu último filme. 

Mesmo com suas problemáticas, a direção fotográfica de Pablo Baião consegue criar a melancolia e o mundo morto onde o protagonista não consegue ter a noção de estar vivo ou morto naquele cenário. Algo que Baião conseguiu expressar com tamanha habilidade com as luzes, com os movimentos de câmera e no trabalho conjunto com as atrizes Simone Spoladore e Christiana Ubach. 

Aos Pedaços é uma tentativa de poesia que tenta abraçar o existencialismo e a loucura no meio da solidão, mas acaba sendo uma tentativa de niilismo barata e sem inspiração. Mostra conflitos sem cor e sem emoção, uma junção de tentar ser algo potente mas que acaba em mais uma tentativa frustrada de tentar ser um filme sueco no Brasil. Um filme sobre paranoia, mas não tanta; amor, mas tão pouco; alucinações, mas com controle. Uma obra que se contem o tempo todo, e dificilmente dá para ouvir e ver aquele que não sabe muito bem oque falar. 

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Inverno em Paris - Luto e Autodescoberta

Inverno em Paris | Pandora Filmes

Lucas, de 17 anos, está no último ano de internato quando a morte súbita de seu pai destrói tudo o que ele tinha como garantido. Cheio de raiva e desespero, ele visita seu irmão mais velho em Paris para buscar consolo na nova cidade.

O luto se torna um elemento central na jornada emocional de Lucas, um adolescente cuja vida se desestabiliza após a morte súbita de seu pai. Essa tragédia não apenas desencadeia uma crise, mas também reflete as expectativas sociais e familiares sobre o que significa o luto, evidenciando a pressão que os jovens enfrentam para se conformar a normas de comportamento em momentos de dor. Em busca de apoio, Lucas viaja para Paris, onde seu irmão mais velho vive, numa escolha que revela tanto sua vulnerabilidade quanto sua busca por autonomia.

A viagem, embora possa ser vista como uma fuga, se transforma em uma complexa jornada de autodescoberta, enquanto lida com sentimentos de raiva e desespero. A morte do pai catalisa sua crise, ressaltando a profundidade e a complexidade do luto e suas diversas dimensões. O diretor Christophe Honoré, ao explorar a fragilidade de Lucas, provoca uma reflexão sobre a forma como a sociedade lida com a dor e o amadurecimento.

Através dos olhos de Lucas, somos confrontados com as expectativas distorcidas sobre a masculinidade e a pressão para ocultar vulnerabilidades. Assim, Lucas não enfrenta apenas a dor da perda, mas também os desafios de se encontrar em meio a emoções conflitantes, revelando a necessidade de um espaço seguro para o luto, que muitas vezes é negado aos jovens. O filme, portanto, se torna uma crítica à maneira como lidamos com o sofrimento, questionando as normas que muitas vezes silenciaram a expressão emocional genuína.

O ambiente parisiense, frequentemente romantizado como um espaço de liberdade e reinvenção, é apresentado de forma contida no filme. Embora a trama faça referências a vários locais icônicos, a maior parte da narrativa se desenrola em ambientes mais fechados, como o internato em outra cidade, a casa da família no interior e o apartamento do irmão. Essa escolha visual ressalta o crescimento pessoal de Lucas, já que, mesmo em meio a diálogos que mencionam lugares para visitar, o foco permanece em sua jornada interna. Assim, o que poderia ser um pano de fundo vibrante de Paris se transforma em uma representação mais íntima das lutas e descobertas do protagonista.


O filme é fundamentado em uma narrativa em primeira pessoa intermitente do próprio Lucas, que se apresenta ocasionalmente em um formato de entrevista contra um fundo preto. Essa escolha estilística funciona como um relato que não é completamente confiável em relação às suas próprias emoções, o que levanta questões sobre a autenticidade de sua experiência. Essa instabilidade na voz narrativa pode ser vista como uma reflexão sobre a complexidade do luto e a dificuldade de processar sentimentos profundos, mas também pode gerar uma distância emocional do espectador. Ao tornar Lucas um testemunho volátil de suas próprias vivências, o filme corre o risco de diluir a conexão empática que poderia ser estabelecida, deixando o público a questionar a veracidade de sua dor e, por extensão, a profundidade do tema que tenta explorar.


Inverno em Paris se destaca como uma exploração sensível e complexa do luto e da jornada de autodescoberta de um adolescente em meio à dor. A narrativa intermitente e a apresentação contida dos cenários parisienses ressaltam a luta interna de Lucas, evidenciando como as pressões sociais moldam a experiência do sofrimento. Assim, o filme não apenas retrata a dor da perda, mas também questiona a forma como a sociedade aborda o sofrimento, configurando-se como uma crítica contundente à repressão emocional que frequentemente acompanha a adolescência. Essa obra nos convida a refletir sobre a importância de acolher e validar as emoções dos jovens, promovendo um espaço de compreensão e apoio em momentos de vulnerabilidade.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Até que a música pare - O Luto como Forma de Descobrimento

Até que a Música Pare | Pandora Filmes

Cristiane Oliveira vem com a pretensão de reerguer o cinema sulista, e com isso conta a história de Chiara, uma senhora consumida pela morte de seu filho, que quando o cristianismo já não é mais capaz de confortar seu luto, busca conforto em outros horizontes.Com medo de seu marido extremamente conservador, a protagonista esconde sua busca. Assim, durante a trama, a personagem entra em divergência com diversos aspectos de sua vida que antes não lhe foram evidenciados. .

Até que a música pare, é principalmente falado em Talian, um dialeto que mistura o italiano com o português, comum entre os descendentes italianos principalmente do Sul do Brasil. É muito interessante que a diretora apresente uma cultura que uma pequena parcela da sociedade brasileira conhece. 

Um filme envolto de contrastes para desenvolver a percepção da protagonista, o cristianismo e o budismo, as visões da juventude e a visão dos mais velhos, sua moral e as ações do marido. Dessa forma nos é mostrado o abrir dos olhos de Chiara, para que ela pudesse buscar novos horizontes, e assim, a partir do Budismo, ela é capaz de criar esperanças de um possível contato com seu filho, já falecido, através do reencarnacionismo. Essa nova visão a faz perceber antigos comportamentos que a afastava de seus outros filhos e a conecta com a percepção de mundo deles.

Os ambientes vazios se mostram presentes desde o começo do filme, vazios assim como a protagonista se sentia no começo do longa. E, com o passar do tempo, eles se enchem, como se agora a vida de Chiara estivesse preenchida nem que por uma mínima possibilidade de ainda poder estar próxima de seu filho.

O marido de Chiara, é um homem extremamente rígido, que a todo momento rejeita que a personagem desbrave novos horizontes, dessa forma a obra faz um retrato da parcela da sociedade brasileira, que é envolta por um conservadorismo ligado a uma intolerância religiosa. “Mãe, falar da luz para quem vive na escuridão é fazer um bem”.

Um filme que quase alcança a excelência, mas que infelizmente utiliza de um didatismo exacerbado, que atrapalha diretamente na narrativa como um todo. Tudo é metodicamente explicado, emoções, sentimentos, e isso ocorre tanto que os atores acabam parecendo robôs, como se não houvesse emoções verdadeiras naquela situação. Num geral, senti falta da naturalidade e irracionalidade que envolve os sentimentos, é tudo tão certinho, como se os personagens tivessem a necessidade de proferir todos os seus pensamentos, para que não haja dupla interpretação de nada do filme.


Autor:


Me chamo Gabriel Zagallo, tenho 18 anos, atualmente estou cursando o 3º ano do ensino médio e tenho o sonho de me tornar jornalista, sou apaixonado por cinema e desejo me especializar nisso. Meus filmes favoritos são Stalker, Johnny Guitar, Paixão e Rio, 40 graus.

Telefone Preto 2 - Do Suspense Psicológico para a Hora do Pesadelo

Telefone Preto 2 | Universal Pictures Pesadelos assombram Gwen, de 15 anos, enquanto ela recebe chamadas do telefone preto e tem visões pert...