Mostrando postagens com marcador pandora filmes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pandora filmes. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Inverno em Paris - Luto e Autodescoberta

Inverno em Paris | Pandora Filmes

Lucas, de 17 anos, está no último ano de internato quando a morte súbita de seu pai destrói tudo o que ele tinha como garantido. Cheio de raiva e desespero, ele visita seu irmão mais velho em Paris para buscar consolo na nova cidade.

O luto se torna um elemento central na jornada emocional de Lucas, um adolescente cuja vida se desestabiliza após a morte súbita de seu pai. Essa tragédia não apenas desencadeia uma crise, mas também reflete as expectativas sociais e familiares sobre o que significa o luto, evidenciando a pressão que os jovens enfrentam para se conformar a normas de comportamento em momentos de dor. Em busca de apoio, Lucas viaja para Paris, onde seu irmão mais velho vive, numa escolha que revela tanto sua vulnerabilidade quanto sua busca por autonomia.

A viagem, embora possa ser vista como uma fuga, se transforma em uma complexa jornada de autodescoberta, enquanto lida com sentimentos de raiva e desespero. A morte do pai catalisa sua crise, ressaltando a profundidade e a complexidade do luto e suas diversas dimensões. O diretor Christophe Honoré, ao explorar a fragilidade de Lucas, provoca uma reflexão sobre a forma como a sociedade lida com a dor e o amadurecimento.

Através dos olhos de Lucas, somos confrontados com as expectativas distorcidas sobre a masculinidade e a pressão para ocultar vulnerabilidades. Assim, Lucas não enfrenta apenas a dor da perda, mas também os desafios de se encontrar em meio a emoções conflitantes, revelando a necessidade de um espaço seguro para o luto, que muitas vezes é negado aos jovens. O filme, portanto, se torna uma crítica à maneira como lidamos com o sofrimento, questionando as normas que muitas vezes silenciaram a expressão emocional genuína.

O ambiente parisiense, frequentemente romantizado como um espaço de liberdade e reinvenção, é apresentado de forma contida no filme. Embora a trama faça referências a vários locais icônicos, a maior parte da narrativa se desenrola em ambientes mais fechados, como o internato em outra cidade, a casa da família no interior e o apartamento do irmão. Essa escolha visual ressalta o crescimento pessoal de Lucas, já que, mesmo em meio a diálogos que mencionam lugares para visitar, o foco permanece em sua jornada interna. Assim, o que poderia ser um pano de fundo vibrante de Paris se transforma em uma representação mais íntima das lutas e descobertas do protagonista.


O filme é fundamentado em uma narrativa em primeira pessoa intermitente do próprio Lucas, que se apresenta ocasionalmente em um formato de entrevista contra um fundo preto. Essa escolha estilística funciona como um relato que não é completamente confiável em relação às suas próprias emoções, o que levanta questões sobre a autenticidade de sua experiência. Essa instabilidade na voz narrativa pode ser vista como uma reflexão sobre a complexidade do luto e a dificuldade de processar sentimentos profundos, mas também pode gerar uma distância emocional do espectador. Ao tornar Lucas um testemunho volátil de suas próprias vivências, o filme corre o risco de diluir a conexão empática que poderia ser estabelecida, deixando o público a questionar a veracidade de sua dor e, por extensão, a profundidade do tema que tenta explorar.


Inverno em Paris se destaca como uma exploração sensível e complexa do luto e da jornada de autodescoberta de um adolescente em meio à dor. A narrativa intermitente e a apresentação contida dos cenários parisienses ressaltam a luta interna de Lucas, evidenciando como as pressões sociais moldam a experiência do sofrimento. Assim, o filme não apenas retrata a dor da perda, mas também questiona a forma como a sociedade aborda o sofrimento, configurando-se como uma crítica contundente à repressão emocional que frequentemente acompanha a adolescência. Essa obra nos convida a refletir sobre a importância de acolher e validar as emoções dos jovens, promovendo um espaço de compreensão e apoio em momentos de vulnerabilidade.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Até que a música pare - O Luto como Forma de Descobrimento

Até que a Música Pare | Pandora Filmes

Cristiane Oliveira vem com a pretensão de reerguer o cinema sulista, e com isso conta a história de Chiara, uma senhora consumida pela morte de seu filho, que quando o cristianismo já não é mais capaz de confortar seu luto, busca conforto em outros horizontes.Com medo de seu marido extremamente conservador, a protagonista esconde sua busca. Assim, durante a trama, a personagem entra em divergência com diversos aspectos de sua vida que antes não lhe foram evidenciados. .

Até que a música pare, é principalmente falado em Talian, um dialeto que mistura o italiano com o português, comum entre os descendentes italianos principalmente do Sul do Brasil. É muito interessante que a diretora apresente uma cultura que uma pequena parcela da sociedade brasileira conhece. 

Um filme envolto de contrastes para desenvolver a percepção da protagonista, o cristianismo e o budismo, as visões da juventude e a visão dos mais velhos, sua moral e as ações do marido. Dessa forma nos é mostrado o abrir dos olhos de Chiara, para que ela pudesse buscar novos horizontes, e assim, a partir do Budismo, ela é capaz de criar esperanças de um possível contato com seu filho, já falecido, através do reencarnacionismo. Essa nova visão a faz perceber antigos comportamentos que a afastava de seus outros filhos e a conecta com a percepção de mundo deles.

Os ambientes vazios se mostram presentes desde o começo do filme, vazios assim como a protagonista se sentia no começo do longa. E, com o passar do tempo, eles se enchem, como se agora a vida de Chiara estivesse preenchida nem que por uma mínima possibilidade de ainda poder estar próxima de seu filho.

O marido de Chiara, é um homem extremamente rígido, que a todo momento rejeita que a personagem desbrave novos horizontes, dessa forma a obra faz um retrato da parcela da sociedade brasileira, que é envolta por um conservadorismo ligado a uma intolerância religiosa. “Mãe, falar da luz para quem vive na escuridão é fazer um bem”.

Um filme que quase alcança a excelência, mas que infelizmente utiliza de um didatismo exacerbado, que atrapalha diretamente na narrativa como um todo. Tudo é metodicamente explicado, emoções, sentimentos, e isso ocorre tanto que os atores acabam parecendo robôs, como se não houvesse emoções verdadeiras naquela situação. Num geral, senti falta da naturalidade e irracionalidade que envolve os sentimentos, é tudo tão certinho, como se os personagens tivessem a necessidade de proferir todos os seus pensamentos, para que não haja dupla interpretação de nada do filme.


Autor:


Me chamo Gabriel Zagallo, tenho 18 anos, atualmente estou cursando o 3º ano do ensino médio e tenho o sonho de me tornar jornalista, sou apaixonado por cinema e desejo me especializar nisso. Meus filmes favoritos são Stalker, Johnny Guitar, Paixão e Rio, 40 graus.

Sting: Aranha Assassina - Quando o Terror Se Perde em Tentativas de Humor e Drama Familiar

Sting - Aranha Assassina | Diamond Filmes Em Sting - Aranha Assassina, uma noite fria e tempestuosa em Nova York, um objeto misterioso cai d...