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Herege | A24 |
No suspense Herege, Paxton(Chloe East) e Barnes
(Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar
atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse
da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed
(Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a
converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano,
transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa
isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para
escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada,
percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora,
trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada
ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.
As missionárias possuem personalidades distintas, o
que reflete diferentes formas de lidar com a fé. Paxton, a 'certinha' da dupla,
adota uma visão mais pura e descomplicada da religião, talvez por nunca ter
enfrentado grandes crises existênciais. Em contraste, Barnes foi introduzida á
fé apenas após vivenciar um evento traumático, o que certamente adiciona uma
camada de complexidadade ao seu entendimento e prática religiosa. Essa
dualidade entre uma fé inabalável e simples e uma fé moldada pela dor levanta
questões sobre como o sofrimento pode transformar a espiritualidade e até que
ponto a vivência do trauma altera a percepção de crenças antes consideradas
inquestionáveis.
O filme consegue equilibrar habilidosamente elementos
de terror e comédia, criando uma experiência única. O terror presente não se
baseia em espíritos ou assombrações, mas em uma atmosfera de tensão psicológica
e suspense, onde o personagem Sr. Reed, embora um "monstro" no
sentido figurado, representa uma ameaça de uma forma mais soturna e intrigante.
O filme segue uma linha de suspense, evitando a dependência dos jumpscares, uma
técnica frequentemente usada de maneira preguiçosa em filmes do gênero.
Por outro lado, a comédia se manifesta principalmente
nos diálogos entre as missionárias e o "Anfitrião". Um exemplo disso
é quando ele lhes apresenta sua coleção de jogos de tabuleiro, como o Monopoly,
em um tom inesperado e cômico. Além disso, há uma referência ao musical
polêmico da Broadway, The Book of Mormon, criado por Trey Parker e Matt Stone,
os criadores de South Park. A alusão à peça é pertinente, pois ambos os enredos
envolvem dois missionários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
tentando pregar a fé a moradores de uma remota vila de Uganda, o que sugere até
uma certa semelhança na abordagem irreverente e no humor satírico. Essa mistura
de gêneros e referências culturais enriquece o filme, tornando-o mais complexo
e divertido, ao mesmo tempo em que mantém uma tensão constante e uma crítica
social subjacente.
O suspense é bem construído na primeira metade,
explorando três cenários e a boa interação entre os personagens. Na segunda
parte, o terror se intensifica, focando na busca das missionárias por
respostas. No entanto, o ato final exagera nas reviravoltas e traz uma solução
forçada, resultando em um desfecho exagerado e inverossímil.
Herege mistura habilidosamente terror psicológico e
comédia, explorando a fé de duas missionárias com personalidades distintas.
Apesar das ideias originais e de uma crítica social interessante, o filme se
perde em sua conclusão, optando por reviravoltas excessivamente forçadas que
comprometem o desfecho. Esse final exagerado enfraquece o impacto da narrativa,
deixando a história menos coesa e verossímil, o que diminui a eficácia da
tensão construída ao longo do filme.
Autor:
Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.