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segunda-feira, 17 de março de 2025

Two Lovers - A face não dita do amor

Two Lovers | Magnolia Pictures


Daqueles filmes que abrem portas para tantos debates pessoais, de forma que falar sobre qualquer um deles soa como diminuição da grande magnitude humana que exala esse filme. De qualquer forma, ainda assim, perante toda a minha incapacidade, quero escrever algo sobre ele, mesmo que insuficiente.

O mundo perfeitamente imperfeito de Gray, que escolhe filmar o amor, mas não o amor romântico, o realista. O amor que não se escolhe, se sente, e é aí que o personagem interpretado por Joaquin Phoenix se encontra, nessa face dolorida do amor, onde as emoções são mais complexas e as incertezas são maiores que as certezas.

Talvez o que mais me chame a atenção seja como Gray trabalha os espaços, a interação entre enquadramento e pessoa. Essa interação mostra-se evidente na forma como os porta-retratos oprimem o ambiente, especialmente quando Leonard está com uma de suas “amantes”, como se, embora fora do plano material, a família ainda tivesse influência na vida de Leonard.

A depressão entra como fator narrativo, pois o próprio personagem não poderia conceber aquela felicidade para si mesmo. Ou seja, a tragédia é premeditada a todo momento, e cada caminho que Leonard trilha o leva àquele final tão triste. Arriscaria dizer que é um dos mais tristes que já vi. Ele agora não só perdeu sua forma de desfrutar das novas possibilidades mundanas, mas terá de ficar preso naquele mesmo ambiente opressivo.

O grande olhar familiar que cerca Leonard se forma quase fantasmagórico, reprimindo-o de forma tão severa que suas próprias escolhas se tornam dúvidas, ou até mesmo na forma como lhe é imposto que deveria ficar com Sarah, para o bem da família e, óbvio, do capital. Mas então, o que escolher? O bem-estar do capital familiar ou o novo, o rebelde? Rebelde no sentido mais juvenil possível, já que, a partir das ações parentais, nota-se que a visão infantil é gritante. Mas o questionamento que fica é o de Amor X Capitalismo: é realmente possível amar numa sociedade capitalista, onde os bens materiais valem muito mais que o puro, o inviolável?

Autor:


Me chamo Gabriel Zagallo, tenho 18 anos, atualmente estou cursando o 3º ano do ensino médio e tenho o sonho de me tornar jornalista, sou apaixonado por cinema e desejo me especializar nisso. Meus filmes favoritos são Stalker, Johnny Guitar, Paixão e Rio, 40 graus.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Coringa - Uma Análise Profunda da Mente Humana e da Sociedade

Coringa | Warner Bros. Pictures

Isolado, intimidado e desconsiderado pela sociedade, o fracassado comediante Arthur Fleck inicia seu caminho como uma mente criminosa após assassinar três homens em pleno metrô. Sua ação inicia um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne é seu maior representante.


A direção é de Todd Phillips, conhecido por comédias como a trilogia Se Beber, Não Case e Caindo na Estrada. No entanto, o diretor toma um rumo completamente diferente ao trabalhar com o vilão mais icônico da DC Comics e da cultura pop, o Coringa. O filme não adapta uma história em quadrinhos específica, mas cria uma narrativa inédita para o personagem.


Fugindo do convencional dos filmes de super-heróis, o longa adota um estilo de drama psicológico com elementos de thriller. Curiosamente, atraiu um público que talvez não se interessasse por obras desse gênero, mas foi ver Coringa devido ao apelo do personagem. Em seu ano de lançamento, tornou-se o filme para maiores de idade de maior bilheteria, superando Deadpool 2, lançado no ano anterior. Não critico os espectadores que foram atraídos pela popularidade do personagem, apenas apresento os fatos.


O longa explora a trajetória de um homem com transtornos mentais que, aos poucos, se transforma em um palhaço assassino. É impossível não traçar paralelos com Taxi Driver, de Martin Scorsese. Ambos os filmes apresentam protagonistas solitários e marginalizados pela sociedade, que enfrentam dificuldades em estabelecer conexões humanas, o que os leva a uma espiral de violência. As obras também abordam temas como desigualdade, corrupção e abandono social. Em Taxi Driver, Nova York é retratada como uma cidade decadente, assim como Gotham em Coringa, onde crime e injustiça são predominantes.


Tanto Arthur quanto Travis, o protagonista de Taxi Driver, lutam contra doenças mentais, agravadas pelas circunstâncias ao seu redor, e são construídos de modo a provocar, ao mesmo tempo, empatia e desconforto no público, à medida que se tornam mais violentos. A violência, em ambos os casos, representa o ápice de suas frustrações e desespero. Travis tenta "purificar" a cidade em um acesso de raiva, enquanto Arthur encontra sua verdadeira identidade como Coringa após um ato violento no metrô. Além disso, a presença de Robert De Niro, que interpretou Travis e agora atua como o apresentador Murray Franklin em Coringa, reforça ainda mais a conexão entre as duas obras. Essas semelhanças evidenciam como o longa se inspira na obra de Martin Scorsese, reinterpretando temas clássicos de alienação e violência urbana.


Para os fãs do Batman, o filme traz alguns nomes familiares da mitologia do Cavaleiro das Trevas, além do próprio Coringa, que é o protagonista. Entre eles, estão Thomas Wayne e o jovem Bruce Wayne. Não é necessário conhecer as histórias do Batman para apreciar o filme, mas essas referências certamente são um deleite para os fãs da franquia.


Joaquin Phoenix se destacou em Coringa com uma atuação excepcional, marcada por uma impressionante transformação física e emocional. A perda de peso não apenas alterou sua aparência, mas também intensificou a fragilidade e vulnerabilidade de Arthur Fleck. Phoenix entregou uma performance complexa, equilibrando a dor e a solidão do personagem com explosões de violência. A risada, uma condição incontrolável que reflete seu sofrimento, tornou-se um traço marcante. Sua atuação, merecidamente premiada com o Oscar de Melhor Ator em 2020, é considerada uma das melhores de sua carreira.


Coringa vai além de um típico filme de super-herói, oferecendo uma análise profunda sobre a saúde mental e as questões sociais que envolvem seu protagonista. Com uma direção ousada de Todd Phillips e uma atuação impecável de Joaquin Phoenix, o filme se destaca pela sua complexidade e pelo impacto psicológico que causa. Em breve, o público poderá conferir a sequência nos cinemas.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Coringa: Delírio a Dois - O Palhaço se afogando em sua própria loucura

Coringa: Delírio a Dois | WarnerBros. Pictures


Coringa: Delírio a Dois é a continuação do primeiro filme, lançado em 2019, contando a história de Arthur Fleck. Um comediante frustrado e que passou por uma sequência de abusos psicológicos e sexuais por sua mãe e ex companheiros, até o momento em que ele perde a cabeça e se transforma no símbolo do caos da cidade de Gotham. No segundo filme, conta a continuação de sua história 2 anos depois dos acontecimentos, tendo agora a personagem Lee, interpretada por Lady Gaga, que se torna sua parceira em suas loucuras enquanto acontece seu julgamento. 

O filme não tenta se distanciar esteticamente do primeiro filme, mesmo com as cenas musicais, a direção não tenta se desvincular completamente do que foi proposto na primeira obra. É necessário confirmar que o filme é realmente um musical, e essa escolha de narrativa em certos momentos faz certas conexões plausíveis a ver com o protagonista e todo seu contexto envolta. Porém, o filme se perde bastante em tentar desenvolver o protagonista que já conhecemos do primeiro filme.

Enquanto o primeiro filme faz uma conexão direta à clássicos como "Taxi Driver" e "O Rei da Comédia", ambos do diretor Martin Scorsese, o segundo continua com essa conexão no sentido estético, mas também se baseia no cinema americano musical dos anos 50 e 60, misturando com drama de tribunal. O resultado é como se Todd Phillips estivesse tentando se provar como um bom diretor em todas essas linguagens. Mas o espectador não está interessado em saber do que o diretor é capaz, e sim sobre oque vai ser do palhaço que começou o caos pulsante em Gotham. 

Joaquin Phoenix continua mostrando um bom trabalho, mas fica parado no mesmo Arthur Fleck do primeiro filme, seu desenvolvimento aqui se mostra pífio e sem caminhar para lugar algum. Enquanto Lee, interpretada pela Lady Gaga, é um dos pontos mais chamativos do filme. Não só pelo seu talento como cantora, mas sendo uma Arlequina diferente da proposta de ser uma figura como a das antigas animações e história em quadrinhos que mostram ela completamente obcecada e escrava do Coringa. Temos uma figura aqui tão caótica quanto o próprio Arthur Fleck e os outros coringas já mostrados em outros filmes. 

O filme tem muito menos violência do que o primeiro, pois Todd Phillips faz questão em mostrar que está mais interessado em dirigir os pensamentos do Coringa do que realmente acontece envolta dele. E a trilha sonora consegue se manter da mesma qualidade do primeiro filme, fazendo o espectador desejar muito mais ouvir a trilha de Hildur Guonadóttir do que os musicais propostos ao longo da narrativa. 

É necessário apontar o quão o primeiro filme faz críticas árduas sobre a falta de estrutura e investimento nas áreas ligadas à saúde mental nas grandes metrópoles, e como o segundo filme deixa isso completamente de lado. A potência do primeiro filme também era a de mostrar como o submundo dos Estados Unidos pode ser uma imensa fábrica de caos que se mantém quieta até um mártir aparecer. O segundo filme elabora isso apenas em seus últimos minutos, e de forma completamente desinteressada pela direção executada.  

Coringa: Delírio a Dois é uma continuação que se perde na própria loucura de Arthur Fleck, onde poderia ter adicionado muito mais camadas à história do rei do caos de Gotham, mas acaba sendo uma obra que não complementa oque foi apresentado no primeiro filme e coloca nosso protagonista de escanteio de uma forma amadora e desleixada. 

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.

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