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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Ligação Sombria - Um filme precisa mais do que a loucura de Nicolas Cage

Ligação Sombria | Diamond Films

Ligação Sombria conta a história de um motorista que está a caminho de acompanhar sua mulher em um parto, até que aparece um Passageiro com uma arma que o obriga a dirigir até certo lugar, que nem mesmo o motorista sabe qual é. O filme é protagonizado pelo ator Joel Kinnaman e tem o antagonista interpretado pelo famoso Nicolas Cage. Muitos vão comparar o filme com a obra "Colateral" de Michal Mann, mas o filme não chega ao mesmo nível nem no quesito direção, nem em narrativa e nem em interpretação. 

Existe aqui múltiplas tentativas do filme ser diferente em alguma coisa de outros filmes com o mesmo estilo de narrativa, seja no personagem exótico de Nicolas Cage, seja na direção que faz questão em todo plano contrastar bastante a cor azul e vermelha sempre que possível, ou seja na narrativa em botar uma certa reviravolta pois o filme não tinha outro caminho para seguir. Mas mesmo com todas as suas problemáticas, o filme ainda consegue se manter por conta do personagem de Cage.

O Passageiro é um personagem que tem as características que todos buscam em um filme com a participação do Nicolas Cage, sejam suas caretas, seus tiques nervosos com sons e seus exageros, que fazem o filme se diferenciar em suas esquisitices, mas não é algo que mantém a obra como um todo. Por exemplo, a sua motivação de tudo aquilo estar acontecendo faz toda a proposta ir por água abaixo, pelo simples fato de Nicolas Cage fazer um personagem insano em todo o filme. E do nada a narrativa quer dar um porque do que ele está fazendo oque está fazendo com o protagonista na forma mais preguiçosa possível. 

Os diálogos funcionam em pequenos momentos, em outros são compostos de forma bem forçada para enfatizar o lado eufórico do personagem de Cage, fazendo filme balançar em não saber exatamente que tipo de filme o autor quer fazer. Até mesmo nas escolhas da direção fotográfica que vai de planos parados fechados ou em conjunto ao longo de toda a obra, ou tenta algumas sequências com a câmera na mão tentando mostrar mais tensão as vezes de forma pífia. 

Mas o filme, mesmo com todas suas problemáticas listadas, é um filme propriamente ruim? Ligação Sombria é um filme que ainda funciona em entreter com pequenos momentos de tensão e ação ao longo da obra, mesmo sendo momentos muito pontuais. E mesmo com as facilitações entregues pelo roteiro, o filme ainda consegue funcionar na linearidade proposta desde o início da obra. 

Ligação Sombrosa tenta navegar por várias direções, mas se perde em todas elas. Ainda assim, consegue funcionar pela interpretação eufórica de Nicolas Cage, seu trabalho de construção de ambiente(em certos momentos), e nas cenas que envolvem mais violência e ação. Um entretenimento barato, mas funcional. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Alien: Romulus - O Mundo esta sedento por nostalgia, e a Disney sabe disso

Alien: Romulus | 20th Century Studios


 O último filme da franquia Alien, Alien: Covenant, seguia uma linha diferente de jornada que estava sendo proposta pelo diretor, também responsável por Alien: o 8° Passageiro, Ridley Scott. Por conta de sua própria condução sobre a narrativa e questões de estúdio, o filme foi um fracasso de bilheteria e crítica. Depois de 7 anos, a franquia continua com nova direção e com a linha narrativa voltando para a proposta do primeiro filme de 1979. Mas ai vem a pergunta: Seria isso mais uma apelação nostálgica proposta pela Disney? E seria isso ruim?

Fede Alvarez, diretor responsável por Alien: Romulus, fez questão de fazer o filme utilizando de efeitos práticos invés do CGI, oque não é só uma questão de estética(e que funciona de forma belíssima), mas também uma questão de aplicar o método que já funcionou uma vez, torando o primeiro filme um clássico do terror cósmico. 

Ao fazer essa escolha, além de tornar o filme muito mais aterrorizante em seu resultado final, que consegue, Alvarez faz questão de 2 coisas. A primeira é que ele sabe que necessita resgatar o espectador novo para essa franquia, que mal se lembra dos últimos filmes da franquia, ou nem mesmo assistiu o primeiro filme. A segunda é que, mesmo que muitos reclamem disso, a Disney sabe que a nostalgia vende. E mesmo que exista gente contra essa forma de produzir, os números em ingressos favorecem essa linha de produção que a Disney tem seguido, mesmo em muitos casos com pouquíssima qualidade. 

Mas aqui, Disney com parceria do diretor, conseguiu o resultado que tanto visavam. Alien: Romulus não é só uma recapitulação do primeiro filme, mas uma nova experiência que consegue agradar ambos os públicos. Tendo muito pouco CGI, e muito mais focado na ideia do terror claustrofóbico como o primeiro filme, Alien: Romulus consegue ser agonizante e acompanhado de um ótimo trabalho técnico, com atuações bastante maduras(sem contar o bom trabalho de criação dos personagens).

Mesmo com toda a técnica e com a linearidade do roteiro, mais as atuações, é capaz de dizer que é um filme bom? Para aqueles que buscam a mais pura nostalgia e até a mesma experiência que é proposta no primeiro filme, chega a ser o melhor filme da saga depois de Alien: o 8° Passageiro. Mas para aqueles que buscavam um novo rumo da franquia, sem o mais do mesmo, Alien: Romulus continua sendo só mais um filme qualquer da franquia Alien. 

Mesmo com o final do filme mostrando um dos sibiontes mais aterrorizantes de toda a franquia, o filme segue a forma quase idêntica do primeiro, e isso afeta muito a experiência do espectador que buscava uma forma diferente de sentir medo ou assombro na narrativa da franquia Alien que pouco se reinventa e, quando se reinventa, acaba entregando um resultado que divide o público e afeta a sua continuação, como o caso de Prometheus e Alien: Covenant. 

É importante enfatizar a influência do jogo Alien: Isolation nessa obra de Alvares, que foi uma ótima base para esse filme, que tem uma ótima condução de tensão e ansiedade em boa parte da narrativa. Sem contar que o trabalho de atuação de David Jonsson como Andy, o androide irmão de Rain( atuação de Cailee Spaeny), consegue ser o ponto chave do filme. Onde o personagem robô, passa a ser aquele que em muitos momentos durante a narrativa tem a empatia do espectador como se fosse mais humano do que os outros personagens(que são todos humanos). Sua dualidade ao longo da narrativa e sua jornada é justa, além de faer o espectador sempre torcer por sua vitória, até mais do que a protagonista Rain. 

O trabalho de CGI quando utilizado, também é muito bem executado. Tem uma cena em que é trabalhado o sangue acido dos xenomorphos junto com a ausência de gravidade que é uma das sequências mais belas do filme. O mesmo se fala do trabalho de som, que mesmo na sua ausência, funciona como uma camada importante de imersão do espectador dentro da nave completamente infectada por essas criaturas. 

Alien: Romulus tem uma direção madura e exemplar de um grande fã da franquia Alien, um trabalho técnico que comprova a sua efetividade acima do excesso de CGI utilizado ultimamente em Hollywood, com um bom trabalho de jornada dos personagens, mais atuações sérias e que fazem jus ao roteiro entregue. Mas, não acrescenta nada muito além do que já se sabe do mundo da franquia e continua tão esquecível como outros filmes da franquia. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Long Legs: Vínculo Mortal - O Diabo está nas entrelinhas

Long Legs: Vínculo Mortal | Diamond Films
 
"Long Legs: Vínculo Mortal" conta a história de uma agente do FBI que começa a investigar assassinatos de famílias causados por um serial killer chamado Long Legs. Porém a agente Lee Harker começa a perceber que os casos envolvem elementos que vão muito além da compreensão humana, envolvendo até ela mesma. A direção e o roteiro foram feitos por Oz Perkins, tendo Nicolas Cage como Long Legs e Maika Monroe como agente Lee Harker.

A obra carrega um conjunto de referências principalmente ligadas ao terror europeu, trabalhando a ideia de um terror com uma atmosfera mórbida e esbranquiçada, além de ter um trabalho de som que consegue colocar o espectador em uma imersão sensorial, em conjunto com o trabalho de luz do filme, de forma efetiva. Transformando aquele espaço, mesmo quando não tem violência presente, em algo apático e vazio, quase como se fosse um limbo. 

Claro que é necessário apontar a efetividade dentro do trabalho de decupagem em conjunto com a montagem que conseguem entregar o ritmo certeiro para oque é proposto pela narrativa. Uma narrativa que parece se propor à quase que um thriller, mas na verdade foca em ser um filme de terror sobrenatural. Sendo esse um dos pontos que conseguem fisgar o espectador para a tela em querer saber qual que é o verdadeiro "mal" nessa história.

A direção de arte do filme em conjunto com o trabalho de iluminação dão a camada essencial que conecta ao roteiro onde quer propor que o "Mal" humano não funciona sozinho, esse "mal" é contagioso e pode parecer macabro em alguns momentos, mas pode aparecer como uma simples moça querendo dar um presente da igreja para alguém. O terror não está no sobrenatural em si, mas na sua presença quando ele sempre acontece. 

A forma que Perkins conduz a escolha dos planos com a narrativa é a principal chave que faz o filme funcionar. Ao mesmo tempo que os primeiros planos, os closes e os planos sequência em cima da agente Harker faz a gente entender que esse "Mal" está cercando ela em todo lugar, os planos gerais mostrando na maior parte do tempo a protagonista se locomovendo de carro pelas ruas e os bairros onde tudo ocorre faz o espectador se questionar sobre a frase que a Mãe da personagem protagonista fala durante uma ligação com a filha "- Você tem orado? Sabe que a oração nos protege dos demônios". Mas o espectador logo na introdução do filme consegue ver a contradição, não existe sinal de "Deus" naquele lugar. 

Necessário apontar o ótimo trabalho de atuação do Nicolas Cage como Long Legs e a evolução na atuação da atriz Maika Monroe que já é conhecida desde seu trabalho em A Corrente do Mal, de 2014. O trabalho de ambos no filme, mesmo sendo completamente antagônicos, conseguem trazer seriedade e perturbação sempre quando necessários, principalmente em Cage nos momentos que Long Legs dá pequenos surtos ao longo da narrativa em momentos pontuais. Picos emocionais que dão mais medo desse serial killer do que simplesmente algo gratuito. 

Long Legs: Vínculo Mortal não foca em ser um terror mostrando sanguinolência ou jumpscares de demônios e fantasmas aparecendo, é um terror sobrenatural que faz questão de lembrar que o "Mal" não funciona sem a humanidade. Não é o demônio que mata, mas aqueles que estão caminhando pelas calçadas, as vezes parecendo um louco completamente distorcido, um policial, ou uma enfermeira. O "Mal" se encontra nas entrelinhas, que estão escritas até mesmo nas nossas histórias. Histórias que as vezes só esquecemos, ou fazemos questão de esquecer. 

sábado, 17 de agosto de 2024

Janela Indiscreta - A relação do cinema com o Espectador.

Janela Indiscreta | Paramount 

 
Janela Indiscreta do diretor Albert Hitchcock foi o primeiro ponta pé para tantos outro filmes que vieram depois tendo o tema central o voyeurismo e o suspense por volta dele. O filme claramente é lembrado por essa marca que poucos conseguiram fazer algo do mesmo nível que o falecido diretor citado. Mas Janela Indiscreta é uma jornada que vai muito além de sua narrativa, sendo uma perfeita analogia sobre a relação do espectador com o filme. É possível enxergar isso nos seguintes trechos do filme: 

 Para começar, a introdução que equivale para o protagonista de forma igualitária a um espectador dentro de um cinema. Jeffries é um fotógrafo que se encontra enclausurado e sem poder sair do lugar por conta de sua perna quebrada, claramente não é idêntica a situação em comparação com o espectador. Porém o espectador, assim como Jeffries, entra em um espaço completamente fechado e cercado de cadeiras, as vezes ocupadas ou não, tendo apenas essa "janela" à nossa frente, onde queremos saber oque está acontecendo. Jeffries olha para o casal deitado na varanda e começa a rir quando cai a chuva e o casal se atrapalha para levar sua cama, entre outros pertences, de volta para o apartamento. O espectador ri junto com o protagonista. Jeffries se encanta com a sua vizinha da frente, que é uma bailarina que sempre está dançando e se aquecendo de um lado para o outro, e os espectadores compartilham do mesmo sentimento de encantamento pela beleza dessa personagem. 

Além desses dois vizinhos, tem muitos outros como recém casados, um músico, uma viúva e mesmo muito desses personagens não sendo cruciais para a obra, eles são essenciais para compreender o significado por trás das relaçôes humanas que acontecem nesse encontro de olhares entre espectador e tela. São tantas histórias para poder prestar atenção, mas Jeffries decide olhar atentamente para os vizinhos do segundo andar. O casal mais quieto, o menos expressivo, e o mais misterioso. O mais crucial é saber que Jeffries não viu seu vizinho matando sua mulher em nenhum momento, mas ele se negava a qualquer custo de acreditar na possibilidade de não ter acontecido exatamente oque ele acreditava. 

Hitchcock nesse momento enfatiza a necessidade do ser humano fantasiar algo que não se expressa, não fala, não se comunica. O ato de não pensar sobre esse casal quando a mulher não está mais presente no apartamento, é sufocante. Hitchcock faz em seu cinema o equivalente a alguém te segurar pelo pescoço e te obrigar a assistir algo gritando em seu ouvido "tem algo de muito errado ali e você precisa saber oque é" e na maioria das vezes, o espectador comum pode ser como o Detetive. O Detetive faz questão de sempre arrumar uma resposta para Jeffries, da mesma forma que um artista jamais deve tratar o seu espectador de acordo com Hitchcock.

Qual o sentido de entregar a resposta ao espectador? Qual a graça? E supondo que o Sr.Thorwald não tenha mesmo matado a esposa, não posso me permitir em fantasiá-lo como um assassino? O ato de fantasiar e imaginar é de extrema necessidade no cinema de Hitchcock e para muitos outros artistas. Mesmo que Sr. Thorwald não fosse o assassino, o filme continuaria a funcionar pelo simples fato de que Hitchcock consegue fazer o espectador sentisse sobre o personagem protagonista. Hitchcock nos faz fantasiar o mesmo. Mas a pergunta continua: oque isso tem a ver com o espectador dentro da sala de cinema? 

O que é o diretor(a) se não uma pessoa que te convida para um mundo de fantasia? Obviamente, nenhum espectador com mínimo de noção sobre a realidade vai buscar a Verdade Absoluta numa sala de cinema. E se tem aqueles que buscam, coitados. Vão ver a vida sempre como uma repetição de frustrações. E Hitchcock sabe disso ao fazer o espectador não tirar o olho da tela para saber oque aconteceu, mesmo se a resposta for ordinária. 

É necessário enfatizar a cena em que Jeffrie e sua namorada, Lisa, estão olhando a viúva com um novo pretendente quase chegando ao ato sexual. Na casa da viúva, o casal acaba discutindo e o jovem se retira de seu apartamento. Jeffrie, nesse momento, começa a pensar se oque ele realmente está pensando no que aconteceu seria apenas imaginação por estar tanto tempo preso em seu apartamento por conta da perna quebrada. Algo que acontece da mesma maneira com o espectador na sala de cinema, quando o espectador assiste uma obra e começa a refletir sobre si mesmo em meio a narrativa que ocorre à sua frente. 

Não chega a ser um desinteresse sobre a obra, mas um convite do inconsciente de volta para dentro de si, sem perder aquilo que acontece à sua volta. Pela lógica, Janela Indiscreta não é apenas um filme de suspense em cima do voyeurismo, mas a representação quase perfeita da relação sentimental entre espectador e obra. Uma incógnita linda e aterrorizante ao mesmo tempo.

O Desprezo - O Cinema como Espelho

O Desprezo | Les Films Concordia O Desprezo (Le Mépris), é um drama francês de 1963, dirigido por Jean-Luc Godard, que explora a crise de um...