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terça-feira, 20 de maio de 2025

12.12: O Dia - Drama Político Sul-Coreano que Ainda Ecoa no Presente

12:12 - O Dia | Sato Company


O filme sul-coreano 12.12: O Dia mergulha nas sombras de um dos períodos mais sombrios da história recente da Coreia do Sul: o golpe militar de 1979 que levou Chun Doo-hwan ao poder. Esse evento histórico ecoa com o recente episódio de 2024, quando o presidente Yoon Suk-yeol declarou a lei marcial, suspendendo liberdades civis e impondo censura à mídia. Embora a medida tenha sido revogada rapidamente após protestos massivos e oposição parlamentar, ela revelou a fragilidade democrática do país e trouxe à tona discussões sobre os limites do poder executivo. Assim como no filme, onde militares manipulam o sistema para consolidar poder, o episódio de 2024 demonstrou como líderes podem recorrer a medidas extremas para controlar a narrativa política.

Hwang Jung-min, interpretando Chun Doo-gwang, entrega uma performance imponente e ameaçadora. Sua presença em cena é marcante, transmitindo a frieza e o autoritarismo do personagem. Ao lado dele, Jung Woo-sung, como o general Lee Tae-shin, apresenta uma atuação contida, mas carregada de tensão emocional, refletindo o dilema moral de um homem dividido entre a lealdade e a consciência. A interação entre os dois protagonistas é o ponto alto do filme, evidenciando a luta pelo poder e os jogos psicológicos que permeiam o ambiente militar.

A direção opta por uma abordagem minimalista, com planos estáticos e ritmo deliberadamente lento. Embora essa escolha busque transmitir a rigidez e a tensão do ambiente militar, ela acaba tornando o filme cansativo e difícil de acompanhar. Com mais de duas horas de duração, a falta de dinamismo e a repetição de cenas prolongadas acabam afastando o espectador, tornando a experiência cinematográfica exaustiva.

Apesar dos desafios impostos pela direção, o filme consegue construir uma atmosfera de instabilidade e tensão que precede o golpe militar. A representação das intrigas internas, das manipulações políticas e da ascensão de um líder autoritário é convincente, permitindo ao público compreender os mecanismos que levaram à ruptura democrática. Essa construção é particularmente relevante quando comparada ao episódio de 2024, onde a tentativa de Yoon Suk-yeol de consolidar poder por meio da lei marcial gerou uma crise política semelhante, evidenciando a persistência de práticas autoritárias na história recente da Coreia do Sul.

12.12: O Dia é uma obra cinematográfica que, apesar de suas limitações em termos de ritmo e direção, oferece uma visão profunda sobre os meandros do poder militar e as fragilidades da democracia. As atuações de Hwang Jung-min e Jung Woo-sung são notáveis, trazendo complexidade aos personagens que interpretam. Embora o filme exija paciência do espectador devido à sua abordagem deliberadamente lenta, ele proporciona uma reflexão sobre os perigos do autoritarismo e a importância da vigilância democrática.

Autor:


Meu chamo Leonardo Veloso, sou formado em Administração, mas tenho paixão pelo cinema, a música e o audiovisual. Amante de filmes coming-of-age e distopias. Nas horas vagas sou tecladista. Me dedico à exploração de novas formas de expressão artística. Espero um dia transformar essa paixão em carreira, sempre buscando me aperfeiçoar em diferentes campos criativos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Setembro 5 - Distância Emocional no Retrato do Massacre de Munique

Setembro 5 | Paramount Pictures


Em Setembro 5, uma equipe de jornalistas esportivos precisa mudar sua cobertura radicalmente quando atletas são feitos de reféns dentro da Vila Olímpica. O drama histórico conta a história do Massacre de Munique, atentado que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972 na Alemanha, a partir do ponto de vista da equipe de transmissão da ABC Sports. Na noite de 5 de setembro de 1972, um grupo terrorista chamado Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica e fez 11 atletas da delegação israelense de reféns. Então, os jornalistas esportivos que estavam cobrindo o evento tiveram que transformar a abordagem de suas pautas para noticiar ao vivo o que estava acontecendo durante o sequestro que viria a se tornar o maior atentado terrorista a acontecer em um evento esportivo até hoje.

O filme aborda os acontecimentos da noite de 5 de setembro de 1972, quando o grupo terrorista "Organização Setembro Negro" invadiu a Vila Olímpica em Munique e fez atletas da delegação israelense reféns. A crise foi transmitida para aproximadamente 900 milhões de pessoas, pois a emissora estadunidense ABC, juntamente com outras de diferentes países, estava presente para cobrir o evento e mostrou cenas ao vivo de ameaças, perseguições e negociações. O ponto de vista central é dos jornalistas esportivos, acompanhando a trajetória daqueles que precisaram adaptar suas coberturas para relatar o sequestro em tempo real. Ao contrário do filme Munique, de Steven Spielberg, que adota a perspectiva de um agente do esquadrão da Mossad (Agência de Inteligência de Israel) na busca por outros possíveis envolvidos no caso.

O filme, assim, não só destaca o papel crucial da mídia na transmissão de crises globais, mas também questiona a crescente influência da imprensa em momentos de tensão extrema, quando a linha entre informar e explorar se torna tênue. Para quem estuda ou trabalha com jornalismo, o filme oferece uma reflexão profunda sobre as responsabilidades da mídia e os dilemas éticos enfrentados pelos profissionais, especialmente em situações de grande pressão e risco. 

A direção adota uma abordagem "neutra", tentando manter a "objetividade" ao retratar os eventos, o que significa que o filme se foca mais nos aspectos técnicos da cobertura jornalística, como os bastidores, o uso de equipamentos e a preparação para a transmissão. Isso desperta interesse, pois permite ao público entender como a notícia foi manipulada e transmitida ao vivo. No entanto, essa ênfase nos aspectos técnicos acaba tornando o filme distante e emocionalmente frio. Apesar da escolha por uma câmera instável (que busca uma sensação de proximidade com a ação) e da imagem granulada com alto contraste (que pode sugerir tensão e drama), o filme não consegue criar uma conexão mais profunda com o público, parecendo mais uma exposição de fatos do que uma imersão emocional nos acontecimentos.

Setembro 5 retrata o Massacre de Munique de 1972 a partir da perspectiva dos jornalistas esportivos que cobriam os Jogos Olímpicos, focando nos bastidores da cobertura ao vivo do sequestro dos atletas israelenses. Embora ofereça uma reflexão importante sobre a responsabilidade da mídia e os dilemas éticos enfrentados em situações extremas, a abordagem técnica e "neutra" do filme, com ênfase nos aspectos operacionais da transmissão, resulta em uma falta de conexão emocional, o que torna a obra distante e menos impactante.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Nazarín - A ingenuidade eclesiástica.

 

Nazarin | Películas Nacionales


Obra que gerou rebuliço entre a alta classe religiosa mundial, mas ironicamente não com discussões, ameaças e falsas acusações ao autor diretor Luís Buñuel, como ele já estava acostumado, mas por uma interpretação equivocada de que o filme teria sido sua tentativa de reconciliação com o tema. Engano esse pois talvez Nazarín tenha sido o trabalho mais crítico à religiosidade que o diretor espanhol já tenha feito, mas dessa vez de forma discreta.

O filme recebeu o grande prêmio internacional de Cannes, que foi inaugurado especialmente em decorrência da exibição desse filme. O texto é uma adaptação do romance homônimo escrito por Benito Pérez Galdós, com algumas adições de referências externas, como “Diálogo entre um padre e um moribundo”, de Marquês de Sade – em uma cena específica, onde uma mulher doente à beira da morte, recusa Deus e chama por seu marido - mais inspirações vindas da própria mente política e adepta do movimento surrealista de Buñuel.

O filme nos introduz o protagonista, padre Nazário, interpretado por Francisco Rabal, como sendo um suposto símbolo de bondade e altruísmo. Ele mora em um albergue extremamente pobre, a ponto de seus vizinhos de porta serem incapazes até de cometer suicídio, pois as vigas de madeira das casas estão podres e se partem com a mais simples pressão, momento que nos lembra também que nenhum filme de Buñuel fica sem um ou dois momentos de humor ácido, característica recorrente de suas obras. 

A trama avança quando uma de suas vizinhas, uma prostituta, comete assassinato e pede santuário para o padre, que, é claro, a acolhe. As autoridades passam a procurá-lo e ele é forçado a partir em uma peregrinação, onde perde cada vez mais, tanto seus poucos bens, pois os dá a quem precisa, quanto sua própria moral. O encontram e passam e segui-lo duas ex-moradoras do mesmo albergue, a própria assassina que causou seu exílio, e a moça depressiva que tentou o suicídio. Quanto mais tempo elas passam com ele, mais se tornam religiosas, supersticiosas e devotas a Nazário, que por sua vez, mesmo sendo um clérigo, tenta as convencer de que a fé delas é tolice.

Em contraponto com suas seguidoras, as autoridades e figuras clericais que encontra pelo caminho o perseguem, criticam e lincham, criando assim um microcosmo da história do próprio Jesus Cristo, motivo esse, talvez, que fez a elite eclesiástica acreditar que o filme fora feito para eles, quando na verdade Buñuel retrata a essa mesma elite como hipócrita, duvidando até da legitimidade dos valores religiosos da missão pessoal de Nazário. 

Não só humilhado por seus iguais, o padre também é afastado pelos desfavorecidos que encontra, sejam trabalhadores do campo ou aldeões doentes, que ironicamente se apresentam como pessoas crentes e devotas, onde apesar de serem adeptas a dogmas que pregam os cuidados entre uns aos outros, suspeitam das intenções por trás das ações de Nazário, que no decorrer de tanta hipocrisia, passa a desacreditar gradualmente de sua própria moral, elemento transmitido não de maneira mastigada pelo texto em si, mas pela irrepreensível atuação de Rabal.

Buñuel termina seu filme com um ponto final, como um discurso incontestado. A obra final, claramente inspirada pela relação entre religiosidade cega e extrema pobreza, muito comum em países das Américas como o México, onde foi filmado, afirma que às vezes a mais cética das pessoas são capazes de compreender e praticar melhor os ensinamentos e valores defendidos pelo cristianismo, em oposição àqueles que se colocam dentro da sociedade como ícones dessa fé de humildade enquanto escalam a posições de soberba, hipócritas e ingênuos os suficiente para não reconhecerem nem uma alfinetada dada nos próprios olhos.


Autor:


Henrique Linhales, licenciado em Cinema pela Universidade da Beira Interior - Covilhã, Portugal. Diretor e Roteirista de 6 curta-metragens com seleções e premiações internacionais. Eterno pesquisador e amante do cinema.

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