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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Moana 2 - Disney apostando em sequências

Moana 2 | Disney


Três anos após os eventos do primeiro filme, Moana recebe um chamado inesperado de seus ancestrais guias e forma sua própria tripulação, reunindo-se com seu amigo, o semideus Maui. Enquanto eles viajam para os mares distantes da Oceania para quebrar a maldição do deus das tempestades Nalo na ilha escondida de Motufetu, que antes conectava o povo do oceano, eles enfrentam velhos e novos inimigos, incluindo os Kakamora e a deusa do submundo Matangi.

No filme anterior, Moana, uma jovem polinésia embarcava em uma jornada para salvar sua ilha e restaurar o coração de Te Fiti, perdido há muito tempo. Ao longo dessa jornada, enfrentou grandes desafios e, por meio deles, descobriu sua verdadeira coragem e identidade. Agora, em sua nova aventura, Moana já é mais experiente e madura. Após viver a experiência de liderança em sua ilha e compreender o valor de suas tradições e do mar, ela ganha confiança em suas habilidades e em seu destino. Ao receber um chamado inesperado de seus ancestrais, Moana se prepara para enfrentar os mares distantes, agora com a sabedoria de quem já enfrentou seus próprios medos. Ela sabe que os perigos são reais e que sua missão pode ser arriscada, mas está disposta a ir até o fim, disposta a arriscar sua vida por uma causa maior que agora compreende profundamente. 

No entanto, ela não embarca sozinha nessa aventura: leva consigo três pessoas de seu povo. Loto, uma engenheira naval especializada em projetar, construir, operar e manter embarcações e estruturas marítimas, como navios e plataformas de petróleo; Kele, um senhor rabugento e o estadista mais velho da comunidade da ilha de Motunui, lar da protagonista, que é responsável pelas plantações de vegetais; e Moni, o contador de histórias, navegador, minerador e fã número 1 de Maui. Os novos personagens coadjuvantes introduzidos na história de Moana trazem uma dinâmica interessante e complementar à protagonista. Inicialmente, essa dinâmica complica a vida da heroína, pois os companheiros não levavam a sério o trabalho que deveriam realizar. Embora isso possa incomodar o espectador, é de se esperar que, os personagens se entendam e saibam trabalhar juntos, superando as diferenças iniciais.

Maui continua a exibir o mesmo carisma do primeiro filme, com seu humor egocêntrico e irreverente, sempre pronto para soltar uma piada ou exibir sua confiança excessiva. No entanto, nesta nova jornada, é evidente que ele está muito mais maduro do que no passado. O personagem, embora ainda mantenha seu lado brincalhão e egocêntrico, demonstra uma maior compreensão sobre o impacto de suas ações e um senso de responsabilidade que antes parecia distante. Ele agora tem plena consciência do papel que desempenha não apenas na sua própria história, mas também na vida de Moana e no equilíbrio do mundo ao seu redor. Essa evolução do personagem traz um equilíbrio interessante entre o humor que cativou o público e a complexidade que faz com que o público enxergue uma nova faceta de Maui, agora mais consciente de seu papel no mundo.

As músicas de Moana 2 mantêm a mesma qualidade da primeira produção, continuando a capturar a essência emocional e cultural do filme original. Analise como as composições, tanto em termos de melodia quanto de letra, conseguem transportar o público para o universo mágico e vibrante do Pacífico, ao mesmo tempo em que trazem novos elementos que enriquecem a narrativa. Uma das minhas favoritas é a Só Vai, uma canção energética e contagiante, caracterizada por uma mistura de elementos pop com influências de ritmos latinos e tropicais. Com uma batida dançante e cativante, a música transmite uma sensação de liberdade e de celebração. 

A letra fala sobre seguir em frente, confiar no próprio caminho e abraçar as oportunidades que surgem, transmitindo uma mensagem positiva de otimismo e empoderamento. A voz de Lara Suleiman é poderosa e emotiva, adicionando profundidade à canção, enquanto os arranjos musicais dão um toque moderno e vibrante. Além é uma canção emocionante e inspiradora, com uma mensagem de superação, esperança e coragem. Com uma melodia suave e crescente, a música traz um tom de reflexão e crescimento pessoal. A letra fala sobre explorar novos horizontes e buscar além do que os olhos podem ver, transmitindo a ideia de que o verdadeiro potencial está nas escolhas e na coragem de se aventurar. A voz de Any Gabrielly é delicada, mas cheia de emoção, adicionando profundidade à mensagem da canção. Com um arranjo musical que combina elementos clássicos e modernos, sendo uma composição que une suavidade e poder, onde o tema de auto-descoberta e crescimento é central.

Eu admito que estava com o pé atrás em relação ao filme, justamente por ser uma continuação. Isso porque a Disney nem sempre é bem-sucedida ao entregar sequências. Não estou nem incluindo os filmes da Pixar Animation Studios, mas é claro que há exceções, como Rei Leão 2: O Reino de Simba, Irmão Urso 2 e até mesmo 101 Dálmatas 2: A Aventura de Patch em Londres. Vale destacar que esses exemplos foram lançados diretamente em home video e DVD. No entanto, aqui, eles conseguiram entregar uma sequência de qualidade. É bem provável que o filme seja um sucesso de bilheteira, garantindo assim um terceiro filme e expandindo ainda mais esse universo.

Moana 2 supera as expectativas de uma sequência, trazendo um enredo envolvente com personagens mais maduros, uma dinâmica interessante entre a tripulação e músicas cativantes. A evolução de Moana e Maui, juntamente com novos desafios e lições de coragem, faz o filme brilhar. O futuro da franquia parece promissor, com potencial para mais aventuras.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Maximiliano Kolbe e Eu – O mártir da caridade

Maximiliano Kolbe e Eu | Kolbe Arte
 

Maximiliano Kolbe e Eu é daqueles filmes que costumo chamar de filme-afago! Daqueles que transformações ocorrem tanto na trama, como na vida de quem assiste.

Uma animação mexicana que tem como pano de fundo a vida do Padre polonês Maximiliano Kolbe, conhecido por seus atos de amor, devoção e caridade durante a Segunda Guerra Mundial. Kolbe foi preso e enviado ao campo de concentração de Auschwitz por proteger principalmente judeus. Lá, realizou o que se considera o maior dos sacrifícios: voluntariou-se para substituir um prisioneiro desconhecido condenado à morte, salvando a vida desse homem ao custo de sua própria.

A vida de Kolbe é narrada a partir da história de dois personagens considerados diametralmente opostos, que são DJ, um garoto em idade escolar, possuidor de uma rebeldia tal que sequer retira os fones de ouvidos para conversar e, Gunter, um idoso que também tem lá suas transgressões e que vive dividido entre sua casa e a igreja.

A história de ambos se cruza em determinado momento e a partir desse encontro, uma teia de sentimentos, sensações e inspiração entre eles e Maximiliano Kolbe é formada. Gunter faz questão de contar toda a história do Padre, do início ao fim, para DJ que, interessado, se comove e passa a se inspirar nas ações do Padre.

O cenário da vida do então Raimundo Kolbe, uma criança filha de uma família com pouquíssimos recursos financeiros e temente a Deus, era uma Polônia fria, acuada e escura (não importa se era dia ou não), em um período de guerras e entraves com a Alemanha nazista. O ar, cada vez mais rarefeito, era o próprio medo e invadia os pulmões de quem só queria exercer sua fé livremente.

Mesmo antes de se transformar no Padra Maximiliano Maria Kolbe, Raimundo já dava sinais de sua resistente fé na humanidade, sempre guiado por Maria Imaculada. Diante do cenário de guerra, ele tenta espalhar a palavra do amor e acolhimento a qualquer pessoa, independente da crença (ou descrença) religiosa, por confiar que na própria natureza humana existe um desejo contínuo de se aperfeiçoar.

Ao se entregar no lugar de um prisioneiro condenado à morte, o Padre reforça a total devoção à Maria Imaculada e aceita o que ele acredita ser os desígnios de Deus, condenando-se, ele próprio, à morte. Apesar disso, Max Kolbe não teme a morte. Aos seus olhos, fez o que deveria fazer.

A animação mexicana é dirigida por Donovan Cook e possui personagens fortes e interessantes. Apesar de ter um enredo, digamos que, conhecido, a forma como a vida do Padre foi narrada, acredito que prende o expectador até o fim, sedento pelo desfecho do filme. Os diálogos não são densos, mas cumprem bem o papel a que se destinam.

O mote do filme é fortalecer valores como fé, amor, caridade e, sobretudo, devoção. Talvez, depois de assistir ao filme, em alguma situação de angústia, é possível que se pergunte: “O que Max faria?”. Se isso acontecer, o propósito do filme foi atingido.

Maximiliano Kolbe foi canonizado pelo Papa João Paulo II e morreu como mártir. Com estreia prevista para 17 de outubro de 2024, essa é uma história vale a pena ser vista - e sentida.


Autora:


Lá em 2004 participei do meu primeiro filme. Ali apaixonei pelo cinema, mas como toda boa paixão, à la Jack e Rose, naufragou. A vida toma rumos e acabei seguindo outra área. Mas nada apaga uma boa paixão, né isso? Me chamo Carol Sousa e hoje falo e escrevo sobre cinema, quem sabe isso quer dizer amor...

terça-feira, 24 de setembro de 2024

9 : A Salvação - Animação Sombria e Reflexiva

9: A Salvação | Max

Em um mundo devastado pela ganância do homem, sobraram apenas máquinas e estranhos bonecos de tecido. 9 (Elijah Wood) desperta no laboratório de seu criador e, desorientado, deixa o local. Ele encontra 2 (Martin Landau), que o conserta para que possa também falar. Logo ambos são atacados por uma máquina, que leva 2 como prisioneiro. 9 encontra outros bonecos, que o levam para seu esconderijo. Lá ele conhece 1 (Christopher Plummer), líder dos bonecos, que prega que eles devam se esconder até que as máquinas deixem de funcionar. Só que 9 deseja resgatar 2 e tenta convencer outros bonecos a ajudá-lo em sua missão.

A direção é assinada por Shane Acker, que também dirigiu o curta-metragem homônimo no qual o longa foi baseado. A produção ficou a cargo de Tim Burton, cujo estilo único e inconfundível, marcado por uma combinação de elementos góticos e personagens excêntricos, já dispensa apresentações. O visual do filme carrega uma atmosfera melancólica e sombria, ambientada em um mundo devastado por uma guerra entre máquinas e humanos. Os protagonistas são bonecos de pano, conhecidos como stitchpunks, com um design incomum que mescla o orgânico e o mecânico. 

Esse tipo de personagem, peculiar e fora dos padrões convencionais, é uma característica recorrente nas obras de Burton. Embora a premissa envolva bonecos que ganham vida, semelhante ao que ocorre em Toy Story, a natureza dessa "vida" é distinta. Em 9, os bonecos recebem vida através de um cientista que sacrifica literalmente sua alma para animá-los, o que imprime à narrativa um tom mais sombrio e filosófico. Já em Toy Story, os brinquedos ganham vida de maneira mais lúdica, quando são manuseados por uma criança. Essa comparação não tem a intenção de sugerir que um filme seja superior ao outro, mas apenas destacar as diferenças de abordagem.

A atmosfera do filme é melancólica, tensa e, em diversos momentos, perturbadora, abordando temas como sobrevivência, sacrifício e a luta pela preservação da humanidade. O estilo visual é marcado por um tom sombrio e gótico, com cenários desolados e personagens que aparentam desgaste, sendo construídos a partir de materiais improvisados, como tecido e sucata. A paleta de cores, composta majoritariamente por tons apagados e terrosos, intensifica a sensação de um cenário apocalíptico.

A animação não é voltada para o público infantil, em virtude de sua narrativa sombria, temas complexos e forte carga emocional. O visual pós-apocalíptico, aliado a elementos perturbadores, pode não ser aconselhado para crianças.

O protagonista, 9, é uma figura curiosa e empática, movida pela busca por respostas e pelo desejo de proteger seus companheiros stitchpunks. Embora não almeje a liderança, ele acaba assumindo essa responsabilidade ao enfrentar os perigos de um mundo devastado, empenhando-se em preservar o legado da humanidade diante da ameaça das máquinas. É fácil estabelecer uma conexão com o personagem, apesar de ele cometer um erro grave ao despertar inadvertidamente uma criatura gigantesca, o que pode provocar frustração no espectador, especialmente devido à sua natureza excessivamente curiosa.

9 - A Salvação é uma animação injustiçada que se sobressai pela profundidade de seus temas. Seu tom sombrio e as reflexões filosóficas fazem dela uma obra subestimada, mas indispensável para aqueles que buscam uma narrativa animada direcionada ao público adulto.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

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