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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Ne Zha - Quando o Espírito Demoníaco Resolve Virar Herói (Tipo Naruto, Mas Chinês)

Ne Zha | Trinity CineAsia

A animação lembra o anime Naruto; ambos compartilham uma jornada marcada por rejeição, poder perigoso e busca por aceitação. Ne Zha e Naruto nasceram com um destino temido pelos outros — Ne Zha por carregar um espírito demoníaco e Naruto por abrigar a Raposa de Nove Caudas. Desde cedo, enfrentam preconceito e solidão, desenvolvendo uma personalidade rebelde e determinada. Apesar de serem vistos como ameaças, recusam-se a ser definidos por isso. Com grande poder interior, enfrentam desafios não apenas para provar seu valor, mas para mostrar que podem escolher seu próprio caminho. No fundo, suas histórias falam sobre identidade, superação e a força das escolhas pessoais.

As cenas de ação da animação Ne Zha são visualmente impressionantes e carregadas de energia, prendendo a atenção do espectador do início ao fim. Com uma animação fluida e detalhada, o filme combina artes marciais com magia, criando um espetáculo visual que eleva cada combate a um nível quase mítico. Os movimentos dos personagens são dinâmicos, ágeis e precisos, resultando em coreografias que misturam técnica, criatividade e emoção. Os confrontos são construídos com ritmo e tensão, explorando bem o potencial de cada personagem. A magia é usada de forma inventiva, com ataques que vão além do tradicional, incorporando elementos como fogo, vento, raios e energia espiritual. Esses recursos não só enriquecem as batalhas visualmente, mas também reforçam a natureza caótica e poderosa de Ne Zha, refletindo seu conflito interno e o desequilíbrio entre destino e escolha.

A relação entre Ne Zha e Ao Bing é marcada por contraste, mas também por uma conexão inesperada. Eles vêm de origens muito diferentes e carregam grandes responsabilidades, além de poderes únicos. Ne Zha, nascido com um espírito demoníaco, é visto como uma ameaça; Ao Bing, filho do Rei Dragão, foi criado para restaurar a glória dos clãs dragões, o que o coloca em oposição direta a Ne Zha. Apesar disso, compartilham sentimentos de solidão e o desejo de serem aceitos pelo que realmente são, não pelo que o mundo espera deles. Ao longo da história, os dois desenvolvem uma relação que transita entre rivalidade e empatia. Suas interações são profundas e refletem temas como destino, identidade e liberdade de escolha. Essa dinâmica entre os dois personagens adiciona emoção e complexidade à narrativa, tornando suas jornadas ainda mais impactantes.

Ne Zha é uma animação poderosa que combina espetáculo visual com uma narrativa profunda e emocional, capaz de tocar públicos de todas as idades. A produção se destaca não apenas pela qualidade técnica — com cenários vibrantes, movimentos fluidos e efeitos visuais impressionantes —, mas também pela forma como constrói uma história rica em simbolismos e emoção. Com personagens cativantes e bem desenvolvidos, o filme apresenta conflitos que vão além do físico, mergulhando nas dores e dilemas internos de seus protagonistas. As cenas de ação refletem as emoções e transformações dos personagens, abordando temas como rejeição, identidade e superação de forma sensível e profunda. A história vai além do mito, mostrando a jornada de Ne Zha para desafiar seu destino e as expectativas, transmitindo uma mensagem inspiradora sobre amadurecimento, liberdade de escolha e coragem para assumir o próprio caminho.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Mononoke: O Fantasma na Chuva - Uma experiência visual e sensorial


Mononoke: O Fantasma na Chuva | Netflix

Dirigido por Kenji Nakamura, Mononoke: O Fantasma na Chuva, é um filme que vai além de contar uma simples história: ele oferece uma experiência completa para o espectador. Com apenas 91 minutos de duração, o longa nos conduz a um universo que mistura o sobrenatural com uma estética marcante e experimental de uma forma única. Baseado no anime de 2007, é notável que Kenji se mantém fiel e preserva a essência da obra original com a atmosfera carregada de visuais que parecem pinturas em movimento. 

Um dos maiores impactos é a animação. O traço lembra um quadrinho vivo, repleto de cores e texturas. Muitos personagens que se tornam figurantes no filme, aparecem sem o rosto, sendo substituídos por uma espiral em um fundo azul ou preto. Este recurso estético reforça um mistério e uma sensação de estranhamento, aproximando a película de um sonho distorcido. 

Tanto a arte quanto a história por si só, buscam o estilo tradicional japonês com elementos psicodélicos, criando algo definitivamente único. Tal atmosfera funciona perfeitamente na prática pelo simples motivo de que os mononokes, espíritos nascidos de emoções humanas negativas, são representados como distorções do real. Cada cor e cada movimento transmitem sentimentos, transformando as emoções em imagens. Um dos personagens principais, que fica conhecido como O Boticário, é o centro da narrativa. Seu design é tão marcante quanto a sua presença, extremamente imponente. Não se torna necessário o uso excessivo de falas para ele; apenas a sua postura enigmática para guiar a história.

A trama inicialmente pode parecer confusa, principalmente para aqueles que não assistiram ao anime que antecede o filme, mas a obra consegue conduzir muito bem o espectador. As intrigas políticas do Ooku e o espírito vingativo dão o ritmo à narrativa, que se equilibra entre a tensão e o espetáculo visual. Não é uma obra que entrega explicações fáceis.

O grande destaque está na direção de arte. As cores vibrantes e os movimentos calculados fazem cada cena parecer uma pintura viva. O psicodelismo nunca soa como algo gratuito: ele representa o caos emocional que dá origem aos mononokes, tornando o filme uma experiência quase sensorial.

O final fica um pouco aberto, o que pode dividir muitas opiniões. Há espaço para uma continuação, como foi o caso com a continuação que estreou neste ano, mas também funciona como uma forma de manter o verdadeiro mistério da película. É uma escolha extremamente coerente perante a proposta da obra, que nunca buscou ser muito óbvia ou totalmente explicada.

No fim, Mononoke: O Fantasma na Chuva se destaca como uma experiência extraordinariamente única. Enigmático em alguns pontos, mas sempre envolvente, é um filme que prende o espectador atráves do olhar e pela forma como traduz os sentimentos humanos em imagens. Kenji Nakamura reafirma aqui o potencial de uma animação ir além da narrativa, visando em como é possível transformá-la em uma verdadeira arte em movimento. 

Autor:

Bárbara Borges é do Rio de Janeiro e estudante de Jornalismo. Apaixonada por cinema desde criança, sempre foi movida por histórias intensas, especialmente as de terror, seu gênero favorito. Em 2024, dirigiu o documentário Além do Recinto, que levanta questionamentos sobre o bem-estar de animais silvestres em zoológicos e o impacto do confinamento longe de seus habitats naturais. Gosta de pensar no cinema como uma forma de provocar, sentir e transformar. Vive atualizando seu Letterboxd com comentários sinceros e, às vezes, emocionados. Entre seus filmes favoritos estão Laranja Mecânica, Psicopata Americano, Pânico, Pearl e Premonição 3.






quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Mufasa: O Rei Leão – Uma Nova Origem, mas sem Reconquistar a Magia dos Clássicos

Mufasa: O Rei Leão | Disney


Prólogo do live action de Rei Leão, produzido pela Disney e dirigido por Barry Jenkins, o longa contará a história de Mufasa e Scar antes de Simba. A trama tem a ajuda de Rafiki, Timão e Pumba, que juntos contam a lenda de Mufasa à jovem filhote de leão Kiara, filha de Simba e Nala. Narrado através de flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até que ele conhece um simpático leão chamado Taka – o herdeiro de uma linhagem real. O encontro ao acaso dá início a uma grande jornada de um grupo extraordinário de deslocados em busca de seu destino, além de revelar a ascensão de um dos maiores reis das Terras do Reino.

O filme O Rei Leão (2019) recebeu críticas negativas devido à falta de expressões faciais nos animais, o que conferiu à obra um tom mais próximo de um documentário sobre a vida selvagem do que de uma animação. Embora a qualidade técnica da produção seja inegável, o realismo excessivo resultou na ausência de características emocionais nos personagens animais. Em Mufasa, somos apresentados a uma história inédita, que não foi explorada nas animações anteriores, mas que já havia sido mencionada em livros, os quais, no entanto, foram desconsiderados como parte do cânone oficial. Considerando a minha antipatia pelo filme de 2019, decidi dar uma segunda chance à nova produção devido à introdução de uma história inédita. Embora não queira me apoiar exclusivamente na nostalgia como argumento, confesso que ficaria mais inclinado a assistir se a animação fosse no estilo clássico.

O filme narra a história de Mufasa e como ele conheceu Taka, que futuramente seria conhecido como Scar, deixando claro que ambos não são irmãos de sangue, mas sim irmãos de criação. Essa abordagem difere da apresentada no livro A Tale of Two Brothers, que relata a história de Ahadi, o Rei Leão, que tinha grande afeição por seus filhos, Mufasa e Scar. Mufasa, sendo o primogênito, assumiria o trono um dia, motivo pelo qual Ahadi passava longas horas com ele, ensinando-lhe tudo o que precisaria saber. Com o tempo, Scar passou a nutrir ciúmes de Mufasa. Foi então que Ahadi quebrou uma promessa feita a Scar. Sentindo-se frustrado e consumido pelo rancor, Scar fez sua própria promessa: um dia governaria as Terras do Reino. Essa narrativa faz parte da coleção The Lion King: Six New Adventures, uma série de livros derivados, inspirados no universo de The Lion King. 

A coleção, composta por seis histórias escritas por diferentes autores, foi publicada pela Grolier Enterprises, Inc. e produzida pela Mega-Books, Inc., em 1994. Infelizmente, essa história foi negligenciada, já que o primogênito de Simba e Nala não foi mencionado nos filmes, na série animada, nem mesmo nesta produção cinematográfica. Na série animada A Guarda do Leão, a origem da cicatriz de Scar é apresentada de maneira distinta da mostrada nos livros e neste novo filme. O que decepciona os fãs da franquia, que esperavam ver os livros adaptados para o formato audiovisual, é que, embora se trate de uma adaptação, ela não ocorre da maneira desejada. A produção se afasta consideravelmente da proposta original dos livros.

A relação entre Mufasa e Taka é profundamente envolvente, mesmo com o público ciente do trágico desfecho que os aguarda. O filme constrói habilmente uma dinâmica rica entre os dois personagens, marcada por respeito mútuo e uma saudável competitividade. A tensão entre eles é visivelmente alimentada pela rivalidade, mas também pela admiração, o que acrescenta complexidade à sua interação. Embora o pai de Taka, o rei da região onde Mufasa chega, não nutria simpatia por ele no início, o filme lida com essa diferença de maneira sutil, mostrando como Mufasa é aceito e acolhido pela mãe de Taka, o que ajuda a humanizar o conflito.

O filme utiliza fanservice de maneira eficaz, agradando tanto aos fãs de longa data quanto aos espectadores que conhecem os filmes clássicos. A música tema e os easter eggs, que fazem referência a eventos futuros, são momentos de nostalgia que certamente provocam sorrisos. No entanto, em alguns casos, o fanservice parece ser uma estratégia um pouco forçada, servindo mais como uma forma de apelo fácil ao público do que como uma contribuição significativa à trama.

Ao contrário do primeiro filme, em que os animais não exibiam expressões faciais, nesta nova versão, a tecnologia avançada permite que eles mostrem emoções de forma muito mais clara e detalhada. As expressões faciais agora transmitem com maior intensidade os sentimentos dos personagens, o que aproxima o público de suas experiências e cria uma conexão emocional mais forte. Essa melhoria na animação permite que os espectadores entendam melhor o que os animais estão vivenciando.

Mufasa: O Rei Leão apresenta uma história inédita sobre Mufasa e Taka, oferecendo uma nova perspectiva sobre a origem de Scar. A animação melhorada permite expressões faciais mais detalhadas, criando uma conexão emocional mais forte com os personagens. Contudo, o filme se afasta das narrativas originais dos livros e da série animada, com fanservice que pode parecer forçado. Embora a produção traga elementos de nostalgia, ela não consegue resgatar completamente o espírito dos clássicos, deixando uma impressão mista.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.


Sonic 3 - Shadow Chegou, Robotnik Está de Volta e a Velocidade Não Para!

Sonic 3 | Paramount Pictures

Sonic, Tails e Knuckles devem enfrentar um adversário misterioso, Shadow, o Ouriço, enquanto o Dr. Robotnik ressurge após sua derrota com um novo plano. 

Sonic, desde o lançamento de seu primeiro filme em 2020, tornou-se um dos exemplos bem-sucedidos de adaptações de jogos para o cinema. No entanto, inicialmente, seu design gerou estranhamento, o que levou a críticas do público. O estúdio, atento às reclamações, ouviu os fãs e ajustou o visual do personagem, resultando em um design mais amigável e menos realista. O primeiro filme apresentava uma premissa típica de "Sessão da Tarde", com uma criatura de outro planeta, o Sonic, e um ser humano. A conexão com os jogos estava no embate entre Sonic e o Dr. Robotnik. 

No segundo filme, os personagens humanos, que eram exclusivos da adaptação cinematográfica, foram mais afastados, a fim de dar mais espaço para o Sonic, além de Tails e Knuckles, que foram os novos personagens introduzidos no filme. No terceiro filme, os personagens humanos foram relegados a um papel secundário, mas sua reintrodução na trama ocorre de maneira mais coerente, alinhada com o desenvolvimento da história. 

Os filmes anteriores não seguiram uma adaptação literal dos primeiros jogos da franquia dos anos 90, mas incorporaram de maneira inteligente elementos que agradaram tanto aos fãs de longa data quanto ao público mais amplo. No segundo filme, por exemplo, a introdução de Tails, previamente anunciada na cena pós-créditos do primeiro longa, foi um acerto ao expandir o universo de Sonic. Além disso, o enredo traz influências de jogos como Sonic Adventure, onde o personagem chega à Terra, e Sonic Adventure 2, com o confronto entre Sonic e Shadow. 

Essas referências não apenas mantêm a essência dos jogos, mas também fortalecem a conexão dos filmes com a mitologia original de forma eficaz, agradando aos fãs sem perder a oportunidade de introduzir novos elementos e desenvolver a trama de maneira envolvente. O uso desses elementos do jogo enriquece a narrativa e mostra um respeito pela franquia, ao mesmo tempo em que a adapta de maneira criativa para o cinema.

O Shadow está impressionante, fiel aos jogos. Ele é, sem dúvida, o personagem mais icônico e complexo da franquia. Como contraparte de Sonic, Shadow compartilha habilidades semelhantes às do herói, como sua supervelocidade, além de técnicas características, como o Spin Dash. Essa técnica, que pode ser traduzida como "Ataque Giratório", consiste em o personagem se enrolar em forma de bola e se lançar rapidamente contra os inimigos, enquanto gira. Outra habilidade notável é o Homing Attack, ou "Ataque com Mira", um movimento no qual o personagem salta e, ao se aproximar de um inimigo, o ataca automaticamente, se dirigindo para ele com precisão.

Uma das principais diferenças entre Shadow e Sonic está nos tênis de Shadow, cuja origem é misteriosa, mas que possuem propulsores, permitindo-lhe até voar. Nos jogos, Shadow também utiliza armas de fogo, o que causou surpresa e até choque na comunidade na época, já que foi a primeira vez que o anti-herói foi retratado com uma arma. Essa decisão gerou um debate acalorado, com alguns defendendo que se tratava de uma evolução natural do personagem, enquanto outros consideravam isso uma tentativa forçada de tornar a série mais "adulta". No entanto, no longa-metragem, o personagem utiliza apenas um revólver, sem disparar tiros reais.

A história de Shadow nos jogos revela que ele foi criado na Colônia Espacial ARK como uma arma biológica, sendo designado "a forma de vida suprema". O objetivo principal do projeto era descobrir a fórmula da imortalidade. O Professor Gerald Robotnik, avô de Dr. Eggman, liderava as pesquisas com a intenção de usar os resultados para curar sua neta, Maria, que sofria de uma doença autoimune. No entanto, no longa-metragem, Maria, a única amiga de Shadow, não está doente, embora a tragédia subsequente seja a mesma. Quando esse arco foi adaptado no anime Sonic X, ele foi censurado ao chegar ao Ocidente. Isso fez com que o filme e o arco de Shadow adquirissem um tom mais sombrio, ao mesmo tempo em que se distanciaram da proposta original da franquia, resultando em uma obra mais obscura e dramática em comparação aos seus predecessores. 

Robotnik retorna com um visual mais fiel aos jogos. No primeiro filme, ele apresentava cabelos castanho-escuros e um bigode fino com cachos nas extremidades. No segundo filme, o personagem adotou uma aparência significativamente diferente: raspou a cabeça completamente careca, deixou seu bigode crescer de forma desleixada, mais espesso e de tom avermelhado, e seu nariz passou a exibir uma notável queimadura de sol de tom rosado-avermelhado, aproximando-se mais do visual dos jogos. No terceiro filme, o personagem ganha peso, e seu visual vai se tornando progressivamente mais fiel ao dos jogos. 

Jim Carrey continua a se destacar no papel, com suas expressões faciais e gestos caricatos característicos. Além de interpretar o próprio Robotnik, Carrey também assume o papel de Gerald Robotnik, o avô do personagem, que, de certa forma, é uma versão mais envelhecida de Robotnik, lembrando a interpretação de María Antonieta de las Nieves, que no seriado Chaves interpretava tanto a personagem Chiquinha quanto sua avó. No entanto, isso funciona devido ao tom exagerado do filme, que é essencialmente caricatural, especialmente no que se refere à interpretação do personagem Robotnik. 

Sonic 3 mantém a essência da franquia ao introduzir Shadow de forma fiel aos jogos, explorando seu passado misterioso e complexo. A trama expande o universo de Sonic com a participação de Tails e Knuckles, enquanto Robotnik retorna com um visual mais fiel aos jogos. O filme equilibra ação, humor e drama, com Jim Carrey continuando a brilhar como Robotnik. A adaptação respeita a mitologia, agradando aos fãs de longa data, ao mesmo tempo em que oferece uma experiência divertida e acessível para todos.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Moana 2 - Disney apostando em sequências

Moana 2 | Disney


Três anos após os eventos do primeiro filme, Moana recebe um chamado inesperado de seus ancestrais guias e forma sua própria tripulação, reunindo-se com seu amigo, o semideus Maui. Enquanto eles viajam para os mares distantes da Oceania para quebrar a maldição do deus das tempestades Nalo na ilha escondida de Motufetu, que antes conectava o povo do oceano, eles enfrentam velhos e novos inimigos, incluindo os Kakamora e a deusa do submundo Matangi.

No filme anterior, Moana, uma jovem polinésia embarcava em uma jornada para salvar sua ilha e restaurar o coração de Te Fiti, perdido há muito tempo. Ao longo dessa jornada, enfrentou grandes desafios e, por meio deles, descobriu sua verdadeira coragem e identidade. Agora, em sua nova aventura, Moana já é mais experiente e madura. Após viver a experiência de liderança em sua ilha e compreender o valor de suas tradições e do mar, ela ganha confiança em suas habilidades e em seu destino. Ao receber um chamado inesperado de seus ancestrais, Moana se prepara para enfrentar os mares distantes, agora com a sabedoria de quem já enfrentou seus próprios medos. Ela sabe que os perigos são reais e que sua missão pode ser arriscada, mas está disposta a ir até o fim, disposta a arriscar sua vida por uma causa maior que agora compreende profundamente. 

No entanto, ela não embarca sozinha nessa aventura: leva consigo três pessoas de seu povo. Loto, uma engenheira naval especializada em projetar, construir, operar e manter embarcações e estruturas marítimas, como navios e plataformas de petróleo; Kele, um senhor rabugento e o estadista mais velho da comunidade da ilha de Motunui, lar da protagonista, que é responsável pelas plantações de vegetais; e Moni, o contador de histórias, navegador, minerador e fã número 1 de Maui. Os novos personagens coadjuvantes introduzidos na história de Moana trazem uma dinâmica interessante e complementar à protagonista. Inicialmente, essa dinâmica complica a vida da heroína, pois os companheiros não levavam a sério o trabalho que deveriam realizar. Embora isso possa incomodar o espectador, é de se esperar que, os personagens se entendam e saibam trabalhar juntos, superando as diferenças iniciais.

Maui continua a exibir o mesmo carisma do primeiro filme, com seu humor egocêntrico e irreverente, sempre pronto para soltar uma piada ou exibir sua confiança excessiva. No entanto, nesta nova jornada, é evidente que ele está muito mais maduro do que no passado. O personagem, embora ainda mantenha seu lado brincalhão e egocêntrico, demonstra uma maior compreensão sobre o impacto de suas ações e um senso de responsabilidade que antes parecia distante. Ele agora tem plena consciência do papel que desempenha não apenas na sua própria história, mas também na vida de Moana e no equilíbrio do mundo ao seu redor. Essa evolução do personagem traz um equilíbrio interessante entre o humor que cativou o público e a complexidade que faz com que o público enxergue uma nova faceta de Maui, agora mais consciente de seu papel no mundo.

As músicas de Moana 2 mantêm a mesma qualidade da primeira produção, continuando a capturar a essência emocional e cultural do filme original. Analise como as composições, tanto em termos de melodia quanto de letra, conseguem transportar o público para o universo mágico e vibrante do Pacífico, ao mesmo tempo em que trazem novos elementos que enriquecem a narrativa. Uma das minhas favoritas é a Só Vai, uma canção energética e contagiante, caracterizada por uma mistura de elementos pop com influências de ritmos latinos e tropicais. Com uma batida dançante e cativante, a música transmite uma sensação de liberdade e de celebração. 

A letra fala sobre seguir em frente, confiar no próprio caminho e abraçar as oportunidades que surgem, transmitindo uma mensagem positiva de otimismo e empoderamento. A voz de Lara Suleiman é poderosa e emotiva, adicionando profundidade à canção, enquanto os arranjos musicais dão um toque moderno e vibrante. Além é uma canção emocionante e inspiradora, com uma mensagem de superação, esperança e coragem. Com uma melodia suave e crescente, a música traz um tom de reflexão e crescimento pessoal. A letra fala sobre explorar novos horizontes e buscar além do que os olhos podem ver, transmitindo a ideia de que o verdadeiro potencial está nas escolhas e na coragem de se aventurar. A voz de Any Gabrielly é delicada, mas cheia de emoção, adicionando profundidade à mensagem da canção. Com um arranjo musical que combina elementos clássicos e modernos, sendo uma composição que une suavidade e poder, onde o tema de auto-descoberta e crescimento é central.

Eu admito que estava com o pé atrás em relação ao filme, justamente por ser uma continuação. Isso porque a Disney nem sempre é bem-sucedida ao entregar sequências. Não estou nem incluindo os filmes da Pixar Animation Studios, mas é claro que há exceções, como Rei Leão 2: O Reino de Simba, Irmão Urso 2 e até mesmo 101 Dálmatas 2: A Aventura de Patch em Londres. Vale destacar que esses exemplos foram lançados diretamente em home video e DVD. No entanto, aqui, eles conseguiram entregar uma sequência de qualidade. É bem provável que o filme seja um sucesso de bilheteira, garantindo assim um terceiro filme e expandindo ainda mais esse universo.

Moana 2 supera as expectativas de uma sequência, trazendo um enredo envolvente com personagens mais maduros, uma dinâmica interessante entre a tripulação e músicas cativantes. A evolução de Moana e Maui, juntamente com novos desafios e lições de coragem, faz o filme brilhar. O futuro da franquia parece promissor, com potencial para mais aventuras.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Maximiliano Kolbe e Eu – O mártir da caridade

Maximiliano Kolbe e Eu | Kolbe Arte
 

Maximiliano Kolbe e Eu é daqueles filmes que costumo chamar de filme-afago! Daqueles que transformações ocorrem tanto na trama, como na vida de quem assiste.

Uma animação mexicana que tem como pano de fundo a vida do Padre polonês Maximiliano Kolbe, conhecido por seus atos de amor, devoção e caridade durante a Segunda Guerra Mundial. Kolbe foi preso e enviado ao campo de concentração de Auschwitz por proteger principalmente judeus. Lá, realizou o que se considera o maior dos sacrifícios: voluntariou-se para substituir um prisioneiro desconhecido condenado à morte, salvando a vida desse homem ao custo de sua própria.

A vida de Kolbe é narrada a partir da história de dois personagens considerados diametralmente opostos, que são DJ, um garoto em idade escolar, possuidor de uma rebeldia tal que sequer retira os fones de ouvidos para conversar e, Gunter, um idoso que também tem lá suas transgressões e que vive dividido entre sua casa e a igreja.

A história de ambos se cruza em determinado momento e a partir desse encontro, uma teia de sentimentos, sensações e inspiração entre eles e Maximiliano Kolbe é formada. Gunter faz questão de contar toda a história do Padre, do início ao fim, para DJ que, interessado, se comove e passa a se inspirar nas ações do Padre.

O cenário da vida do então Raimundo Kolbe, uma criança filha de uma família com pouquíssimos recursos financeiros e temente a Deus, era uma Polônia fria, acuada e escura (não importa se era dia ou não), em um período de guerras e entraves com a Alemanha nazista. O ar, cada vez mais rarefeito, era o próprio medo e invadia os pulmões de quem só queria exercer sua fé livremente.

Mesmo antes de se transformar no Padra Maximiliano Maria Kolbe, Raimundo já dava sinais de sua resistente fé na humanidade, sempre guiado por Maria Imaculada. Diante do cenário de guerra, ele tenta espalhar a palavra do amor e acolhimento a qualquer pessoa, independente da crença (ou descrença) religiosa, por confiar que na própria natureza humana existe um desejo contínuo de se aperfeiçoar.

Ao se entregar no lugar de um prisioneiro condenado à morte, o Padre reforça a total devoção à Maria Imaculada e aceita o que ele acredita ser os desígnios de Deus, condenando-se, ele próprio, à morte. Apesar disso, Max Kolbe não teme a morte. Aos seus olhos, fez o que deveria fazer.

A animação mexicana é dirigida por Donovan Cook e possui personagens fortes e interessantes. Apesar de ter um enredo, digamos que, conhecido, a forma como a vida do Padre foi narrada, acredito que prende o expectador até o fim, sedento pelo desfecho do filme. Os diálogos não são densos, mas cumprem bem o papel a que se destinam.

O mote do filme é fortalecer valores como fé, amor, caridade e, sobretudo, devoção. Talvez, depois de assistir ao filme, em alguma situação de angústia, é possível que se pergunte: “O que Max faria?”. Se isso acontecer, o propósito do filme foi atingido.

Maximiliano Kolbe foi canonizado pelo Papa João Paulo II e morreu como mártir. Com estreia prevista para 17 de outubro de 2024, essa é uma história vale a pena ser vista - e sentida.


Autora:


Lá em 2004 participei do meu primeiro filme. Ali apaixonei pelo cinema, mas como toda boa paixão, à la Jack e Rose, naufragou. A vida toma rumos e acabei seguindo outra área. Mas nada apaga uma boa paixão, né isso? Me chamo Carol Sousa e hoje falo e escrevo sobre cinema, quem sabe isso quer dizer amor...

terça-feira, 24 de setembro de 2024

9 : A Salvação - Animação Sombria e Reflexiva

9: A Salvação | Max

Em um mundo devastado pela ganância do homem, sobraram apenas máquinas e estranhos bonecos de tecido. 9 (Elijah Wood) desperta no laboratório de seu criador e, desorientado, deixa o local. Ele encontra 2 (Martin Landau), que o conserta para que possa também falar. Logo ambos são atacados por uma máquina, que leva 2 como prisioneiro. 9 encontra outros bonecos, que o levam para seu esconderijo. Lá ele conhece 1 (Christopher Plummer), líder dos bonecos, que prega que eles devam se esconder até que as máquinas deixem de funcionar. Só que 9 deseja resgatar 2 e tenta convencer outros bonecos a ajudá-lo em sua missão.

A direção é assinada por Shane Acker, que também dirigiu o curta-metragem homônimo no qual o longa foi baseado. A produção ficou a cargo de Tim Burton, cujo estilo único e inconfundível, marcado por uma combinação de elementos góticos e personagens excêntricos, já dispensa apresentações. O visual do filme carrega uma atmosfera melancólica e sombria, ambientada em um mundo devastado por uma guerra entre máquinas e humanos. Os protagonistas são bonecos de pano, conhecidos como stitchpunks, com um design incomum que mescla o orgânico e o mecânico. 

Esse tipo de personagem, peculiar e fora dos padrões convencionais, é uma característica recorrente nas obras de Burton. Embora a premissa envolva bonecos que ganham vida, semelhante ao que ocorre em Toy Story, a natureza dessa "vida" é distinta. Em 9, os bonecos recebem vida através de um cientista que sacrifica literalmente sua alma para animá-los, o que imprime à narrativa um tom mais sombrio e filosófico. Já em Toy Story, os brinquedos ganham vida de maneira mais lúdica, quando são manuseados por uma criança. Essa comparação não tem a intenção de sugerir que um filme seja superior ao outro, mas apenas destacar as diferenças de abordagem.

A atmosfera do filme é melancólica, tensa e, em diversos momentos, perturbadora, abordando temas como sobrevivência, sacrifício e a luta pela preservação da humanidade. O estilo visual é marcado por um tom sombrio e gótico, com cenários desolados e personagens que aparentam desgaste, sendo construídos a partir de materiais improvisados, como tecido e sucata. A paleta de cores, composta majoritariamente por tons apagados e terrosos, intensifica a sensação de um cenário apocalíptico.

A animação não é voltada para o público infantil, em virtude de sua narrativa sombria, temas complexos e forte carga emocional. O visual pós-apocalíptico, aliado a elementos perturbadores, pode não ser aconselhado para crianças.

O protagonista, 9, é uma figura curiosa e empática, movida pela busca por respostas e pelo desejo de proteger seus companheiros stitchpunks. Embora não almeje a liderança, ele acaba assumindo essa responsabilidade ao enfrentar os perigos de um mundo devastado, empenhando-se em preservar o legado da humanidade diante da ameaça das máquinas. É fácil estabelecer uma conexão com o personagem, apesar de ele cometer um erro grave ao despertar inadvertidamente uma criatura gigantesca, o que pode provocar frustração no espectador, especialmente devido à sua natureza excessivamente curiosa.

9 - A Salvação é uma animação injustiçada que se sobressai pela profundidade de seus temas. Seu tom sombrio e as reflexões filosóficas fazem dela uma obra subestimada, mas indispensável para aqueles que buscam uma narrativa animada direcionada ao público adulto.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

Telefone Preto 2 - Do Suspense Psicológico para a Hora do Pesadelo

Telefone Preto 2 | Universal Pictures Pesadelos assombram Gwen, de 15 anos, enquanto ela recebe chamadas do telefone preto e tem visões pert...