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Jurassic World: Recomeço | Universal Pictures |
Agentes habilidosos são enviados a uma instalação de pesquisa em uma ilha para recuperar DNA capaz de salvar espécies de dinossauros. Conforme a missão ultrassecreta se torna cada vez mais perigosa, eles acabam descobrindo um segredo sinistro que tem sido escondido do mundo por décadas.
A consagrada saga Jurassic Park deveria ter terminado no terceiro filme. Porém, buscando lucrar com a nostalgia, lançaram Jurassic World em 2015. O filme até consegue ser divertido e traz uma ideia interessante, mas sua execução deixa a desejar. Em 2018, veio a continuação, que, sinceramente, não me agradou. Já em 2022, foi lançado o terceiro filme dessa nova trilogia, que eu, honestamente, odiei — conseguiu ser o pior da franquia. E agora, em 2025, para espremer até a última gota da nostalgia, decidiram lançar mais um filme da franquia. Porque, claro, nada grita “inovação” como mais do mesmo: dinossauros correndo em CGI que já cansam desde os anos 90. Mesmo que a recepção seja negativa, é quase certo que o filme terá um bom desempenho nas bilheterias.
O filme começa em um laboratório, onde tudo dá absurdamente errado por causa de um inocente saco de doces que um funcionário distraído estava comendo — cena digna de Premonição. É aquele tipo de momento que já sinaliza o descuido com a lógica interna da história, uma brecha que poderia ter sido evitada com um mínimo de atenção ao roteiro. A partir daí, o caos é inevitável e se espalha rapidamente, como uma bola de neve desgovernada. Na sequência, o roteiro entra no piloto automático clássico da franquia: um milionário excêntrico aparece com seus planos duvidosos e motivações ambíguas, montando uma expedição que mais parece uma armadilha para os protagonistas. E, claro, não poderia faltar a inserção de crianças — porque, afinal, é um dos clichês mais batidos do gênero, um artifício para aumentar o apelo familiar, mesmo que não faça sentido no contexto da história.
Com a proposta de apresentar animais mutantes, o filme quase não mostra essas criaturas — e, quando aparecem, mal sabem o que fazer com elas. Até a ‘grande ameaça’ da vez, o temido D-Rex, parece ter saído de um brainstorm apressado, servindo apenas como figurante de vilão.
Em 2015, Jurassic World já admitia que o público aparentemente não se interessava mais por dinossauros “puros”, então decidiram inventar híbridos genéticos para tentar reanimar a atenção e o entusiasmo do público. A ideia até tinha potencial para explorar questões éticas sobre manipulação genética e os perigos da ciência descontrolada, mas, no final das contas, serviu apenas como um artifício para criar monstros maiores, mais assustadores e visualmente chamativos. Já em Recomeço, o discurso se repete como uma sombra cansada — o filme tenta se apresentar como uma “reinvenção”, mas acaba tropeçando nas mesmas ideias recicladas. O curioso (ou curioso só para quem presta atenção) é que o tal híbrido que desencadeia toda a confusão da trama foi criado muito antes do parque sequer existir, o que contradiz diretamente tudo que foi estabelecido nos filmes anteriores. Essa desconexão mostra o descuido com a coerência interna da saga e a prioridade clara em criar cenas de ação e monstros para impressionar o público, em vez de construir uma narrativa sólida. Mas, afinal, quem liga para lógica quando se tem um T-Rex estampando o pôster? O que importa é o espetáculo visual e o apelo nostálgico — o resto fica para segundo plano.
Jurassic World: Recomeço parece mais uma tentativa desesperada de lucrar com o que já foi sucesso do que um esforço genuíno de inovar ou respeitar a história que conquistou tantas gerações. Entre furos de roteiro, clichês reciclados e dinossauros mal aproveitados, fica a sensação de que estamos diante de uma franquia que perdeu o rumo — e que talvez já devesse ter ficado no passado, onde seu legado realmente brilha. Mas, enquanto houver nostalgia (e dinheiro) para ser explorado, os dinossauros vão continuar correndo, mesmo que a corrida não faça mais muito sentido.
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