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sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Coringa - Uma Análise Profunda da Mente Humana e da Sociedade

Coringa | Warner Bros. Pictures

Isolado, intimidado e desconsiderado pela sociedade, o fracassado comediante Arthur Fleck inicia seu caminho como uma mente criminosa após assassinar três homens em pleno metrô. Sua ação inicia um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne é seu maior representante.


A direção é de Todd Phillips, conhecido por comédias como a trilogia Se Beber, Não Case e Caindo na Estrada. No entanto, o diretor toma um rumo completamente diferente ao trabalhar com o vilão mais icônico da DC Comics e da cultura pop, o Coringa. O filme não adapta uma história em quadrinhos específica, mas cria uma narrativa inédita para o personagem.


Fugindo do convencional dos filmes de super-heróis, o longa adota um estilo de drama psicológico com elementos de thriller. Curiosamente, atraiu um público que talvez não se interessasse por obras desse gênero, mas foi ver Coringa devido ao apelo do personagem. Em seu ano de lançamento, tornou-se o filme para maiores de idade de maior bilheteria, superando Deadpool 2, lançado no ano anterior. Não critico os espectadores que foram atraídos pela popularidade do personagem, apenas apresento os fatos.


O longa explora a trajetória de um homem com transtornos mentais que, aos poucos, se transforma em um palhaço assassino. É impossível não traçar paralelos com Taxi Driver, de Martin Scorsese. Ambos os filmes apresentam protagonistas solitários e marginalizados pela sociedade, que enfrentam dificuldades em estabelecer conexões humanas, o que os leva a uma espiral de violência. As obras também abordam temas como desigualdade, corrupção e abandono social. Em Taxi Driver, Nova York é retratada como uma cidade decadente, assim como Gotham em Coringa, onde crime e injustiça são predominantes.


Tanto Arthur quanto Travis, o protagonista de Taxi Driver, lutam contra doenças mentais, agravadas pelas circunstâncias ao seu redor, e são construídos de modo a provocar, ao mesmo tempo, empatia e desconforto no público, à medida que se tornam mais violentos. A violência, em ambos os casos, representa o ápice de suas frustrações e desespero. Travis tenta "purificar" a cidade em um acesso de raiva, enquanto Arthur encontra sua verdadeira identidade como Coringa após um ato violento no metrô. Além disso, a presença de Robert De Niro, que interpretou Travis e agora atua como o apresentador Murray Franklin em Coringa, reforça ainda mais a conexão entre as duas obras. Essas semelhanças evidenciam como o longa se inspira na obra de Martin Scorsese, reinterpretando temas clássicos de alienação e violência urbana.


Para os fãs do Batman, o filme traz alguns nomes familiares da mitologia do Cavaleiro das Trevas, além do próprio Coringa, que é o protagonista. Entre eles, estão Thomas Wayne e o jovem Bruce Wayne. Não é necessário conhecer as histórias do Batman para apreciar o filme, mas essas referências certamente são um deleite para os fãs da franquia.


Joaquin Phoenix se destacou em Coringa com uma atuação excepcional, marcada por uma impressionante transformação física e emocional. A perda de peso não apenas alterou sua aparência, mas também intensificou a fragilidade e vulnerabilidade de Arthur Fleck. Phoenix entregou uma performance complexa, equilibrando a dor e a solidão do personagem com explosões de violência. A risada, uma condição incontrolável que reflete seu sofrimento, tornou-se um traço marcante. Sua atuação, merecidamente premiada com o Oscar de Melhor Ator em 2020, é considerada uma das melhores de sua carreira.


Coringa vai além de um típico filme de super-herói, oferecendo uma análise profunda sobre a saúde mental e as questões sociais que envolvem seu protagonista. Com uma direção ousada de Todd Phillips e uma atuação impecável de Joaquin Phoenix, o filme se destaca pela sua complexidade e pelo impacto psicológico que causa. Em breve, o público poderá conferir a sequência nos cinemas.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

9 : A Salvação - Animação Sombria e Reflexiva

9: A Salvação | Max

Em um mundo devastado pela ganância do homem, sobraram apenas máquinas e estranhos bonecos de tecido. 9 (Elijah Wood) desperta no laboratório de seu criador e, desorientado, deixa o local. Ele encontra 2 (Martin Landau), que o conserta para que possa também falar. Logo ambos são atacados por uma máquina, que leva 2 como prisioneiro. 9 encontra outros bonecos, que o levam para seu esconderijo. Lá ele conhece 1 (Christopher Plummer), líder dos bonecos, que prega que eles devam se esconder até que as máquinas deixem de funcionar. Só que 9 deseja resgatar 2 e tenta convencer outros bonecos a ajudá-lo em sua missão.

A direção é assinada por Shane Acker, que também dirigiu o curta-metragem homônimo no qual o longa foi baseado. A produção ficou a cargo de Tim Burton, cujo estilo único e inconfundível, marcado por uma combinação de elementos góticos e personagens excêntricos, já dispensa apresentações. O visual do filme carrega uma atmosfera melancólica e sombria, ambientada em um mundo devastado por uma guerra entre máquinas e humanos. Os protagonistas são bonecos de pano, conhecidos como stitchpunks, com um design incomum que mescla o orgânico e o mecânico. 

Esse tipo de personagem, peculiar e fora dos padrões convencionais, é uma característica recorrente nas obras de Burton. Embora a premissa envolva bonecos que ganham vida, semelhante ao que ocorre em Toy Story, a natureza dessa "vida" é distinta. Em 9, os bonecos recebem vida através de um cientista que sacrifica literalmente sua alma para animá-los, o que imprime à narrativa um tom mais sombrio e filosófico. Já em Toy Story, os brinquedos ganham vida de maneira mais lúdica, quando são manuseados por uma criança. Essa comparação não tem a intenção de sugerir que um filme seja superior ao outro, mas apenas destacar as diferenças de abordagem.

A atmosfera do filme é melancólica, tensa e, em diversos momentos, perturbadora, abordando temas como sobrevivência, sacrifício e a luta pela preservação da humanidade. O estilo visual é marcado por um tom sombrio e gótico, com cenários desolados e personagens que aparentam desgaste, sendo construídos a partir de materiais improvisados, como tecido e sucata. A paleta de cores, composta majoritariamente por tons apagados e terrosos, intensifica a sensação de um cenário apocalíptico.

A animação não é voltada para o público infantil, em virtude de sua narrativa sombria, temas complexos e forte carga emocional. O visual pós-apocalíptico, aliado a elementos perturbadores, pode não ser aconselhado para crianças.

O protagonista, 9, é uma figura curiosa e empática, movida pela busca por respostas e pelo desejo de proteger seus companheiros stitchpunks. Embora não almeje a liderança, ele acaba assumindo essa responsabilidade ao enfrentar os perigos de um mundo devastado, empenhando-se em preservar o legado da humanidade diante da ameaça das máquinas. É fácil estabelecer uma conexão com o personagem, apesar de ele cometer um erro grave ao despertar inadvertidamente uma criatura gigantesca, o que pode provocar frustração no espectador, especialmente devido à sua natureza excessivamente curiosa.

9 - A Salvação é uma animação injustiçada que se sobressai pela profundidade de seus temas. Seu tom sombrio e as reflexões filosóficas fazem dela uma obra subestimada, mas indispensável para aqueles que buscam uma narrativa animada direcionada ao público adulto.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

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