Ato Final | Connoisseur Films |
Deep End (1970), dirigido por Jerzy Skolimowski, retrata de forma intensa a complexidade das relações humanas, a transição da adolescência para vida adulta, a sexualidade, etc. Tudo isso, a partir de Michael e seu local de trabalho, onde com o passar do tempo se sente mais e mais obcecado por Susan, sua parceira de trabalho.
O protagonista se sente cada vez mais consumido pelo desejo sexual por sua colega, e dessa forma vemos seu amadurecimento, e o virar de chave para sua sexualidade, e a partir desse desejo de Michael, Skolimowski retrata os desejos primitivos do ser humano e a forma com que lidamos com eles. Michael, por sua vez, se sente no direito de sua colega, em certos momentos invadindo claramente seu espaço pessoal, assim vemos a Psicopatia de Michael escalar.
As cores, por muitas vezes são utilizadas como um espelho para as emoções de personagens, nesse caso, o vermelho é utilizado como reflexo das emoções dos personagens. Quando as emoções naquele recinto chegam em seu ápice, sendo a obsessão de Michael, a raiva da secretaria, o descontentamento de Susan etc, as paredes são pintadas de vermelho.
O close-up é uma técnica “simples”, mas que quando utilizada tem intenção de nos colocar mais próximos dos personagens, de forma com que possamos sentir suas emoções mais veemente, Jerzy Skolimowski faz uso de algo parecido, deixando sempre a câmera muito próxima dos personagens, nos deixando de alguma forma, mais conectados com suas emoções, causando de certa forma, uma empatia inconsciente.
Todo enredo e emoções de Michael, nos levam até a cena final, o clímax, não só do filme, mas de suas emoções, naquele momento seu corpo já não era capaz de reter aqueles sentimentos, é então onde vemos o vermelho derramado lentamente sobre a piscina, como se ali Michael tivesse expelido todo seu ódio, tesão e ciúmes.
O protagonista vive uma profunda sensação de alienação, se sentindo muitas vezes desconectado não só do seu redor, mas dos seus próprios sentimentos. Michael busca desesperadamente por intimidade, e dessa forma Jerzy Skolimowski evidência a pressão social em adolescentes, e seus efeitos. Esse estado de isolamento do personagem é intensificado por constantes ambientes claustrofóbicos e uma narrativa mais “desorientada”.
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