segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Terrifier 3 - Espectador como uma Simples Sanguessuga

Terrifier 3 | Cineverse

Terrifier 3 não tenta se reinventar em comparação com seus dois filmes anteriores, oque pode ter um lado bom e um lado não tão bom assim. Por conta de que para quem está indo pelo entretenimento proposto pela violência, vai apreciar o filme do mesmo jeito que os dois filmes anteriores. Mas, esse filme não tem tanta violência gráfica comparado com o segundo que tem cenas mais brutais graficamente. Mas mesmo que a obra carregue a violência que propõe desde o início, isso o torna satisfatório?

A obra tenta desenvolver uma história para uma final girl que tem carisma e tem um desenvolvimento básico, mas a obra em si não se sustenta com oque tem. Para aqueles que buscam o entretenimento na violência, o filme acaba caindo na mesmice dos outros dois filmes, mas com uma direção mais decidida a elaborar o lado cômico do Art o Palhaço. Lado cômico que é um dos pontos que fazem o filme ter algum diferencial dos outros dois. 

Mas o filme é basicamente uma resposta ao público que está lotando as salas de cinema para assistir essa continuação. O diretor não tenta se arriscar em sua proposta pelo fato de que já se tem a resposta do público de estarem interessados em mortes mirabolantes, e nada além disso. Algo que poucos vão se incomodar caso a violência não for o entretenimento  favorito do mesmo. 

Quando me retirei da sessão, observei muitos colegas de imprensa dizendo coisas como "O que faz uma pessoa pagar um ingresso para assistir só isso? Só violência." mas, com todo respeito aos queridos leitores: O que faz uma pessoa pagar ingresso para ver uma sequência de filmes de carros que voam? O que faz os espectadores pagarem mais e mais ingressos de um multiversos de super heróis (sem contar que a maioria dos filmes são de medíocres para pior)? Não seria algo plausível pessoas ficarem entretidas com um palhaço sádico sem uma linha de diálogo?

Acredito que a saga Terrifier é uma resposta justa aos novos espectadores, onde se vive uma geração que não vê mais interesse em cenas de sexo em séries e filmes, mas assistir um casal sendo cortado em vários pedaços é algo cômico. Não que oque eu digo seja uma novidade, ao longo da história da raça humana sempre houve registros de uma ligação forte entre a perversidade com o entretenimento e o divertimento banal humano. 

Mesmo o filme sendo uma jornada de salvação e recuperação da personagem Sienna Shaw, ela é só um pano de fundo para ter um porque do palhaço fazer tudo oque faz. O filme ainda tenta colocar elementos do terror sobrenatural para ter uma razão desse ser não morrer. Oque serve como um utensílio de alívio para o espectador que está interessado no que ele é capaz de fazer com o outro. Pois é isso que significa Terrifier, não é uma narrativa envolvente, não são plots inimagináveis, nem personagens marcantes. É puramente o desejo do espectador em apreciar e desafiar o diretor em "me mostre a violência que você sabe fazer de melhor." e o diretor acata. 

O espectador para a direção está em primeiro lugar, e o diretor não está interessado em desafiá-los ou questioná-los. Terrifier consegue mostrar a perfeita representação da indústria cinematográfica atual. Se o público quer ver isso, para que mudar oque está dando certo? Não existe uma aventura, nem mesmo uma causa de inquietude pós sessão, é uma piada idiota. Mas é uma piada idiota que dá dinheiro. Logo, Terrifier em sua essência funciona, em mostrar de forma direta que o espectador é só um ser sedento por sangue e que consegue encontrar algo prazeroso em cada morte que aparece. 

 TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.

O Aprendiz - o filme que Donald Trump não quer que você veja

O Aprendiz | Diamond FIlmes

O aprendiz conta a forma com que Donald Trump ascendeu sua carreira de forma a se tornar um dos grandes empresários dos anos 80. Acompanhamos Trump, um homem que ao mesmo tempo que tenta emergir na vida, também tem de fugir do processo judicial que persegue a ele e sua família. No entanto, é na relação com Roy Cohn, que Trump é realmente lapidado, se transformando com o passar do filme, no ser humano que hoje vemos na política americana.

Um filme que, por se tratar de uma película americana falando sobre uma figura muito forte até hoje, tinha tudo para cair para um lado de idealização, mas que consegue encontrar um meio termo excelente entre humor e fidelidade histórica. Inicialmente, Trump é posto como uma figura de piada, entretanto, na segunda metade fica evidente sua busca por capital acima de qualquer coisa, de forma brutal, mostrando inclusive atos abomináveis do mesmo. Dessa forma Ali Abbasi, equilibra o filme, de modo que não caia para o caricato nem para o raso.

O filme constrói a imagem de Trump em um primeiro plano, como um jovem esforçado e afetuoso pelos que o rodeavam, com o passar do tempo, entretanto vemos a transformação de Trump na verdadeira faceta do capitalismo, um homem que uma vez fora gentil, agora não tem mais afeto a nada que não o gere qualquer tipo de lucro. Essa transformação é acompanhada tanto no evoluir de suas roupas, no sentido de cada vez mais luxuosas, quanto no introduzir do dourado em acessórios e cenários, evidenciando, dessa forma, o enriquecimento e mudança da mentalidade do personagem.

A atuação de Sebastian Stan e Jeremy Strong, contribuem diretamente com o impacto que o filme busca causar. Sebastian Stan interpretando Donald Trump, brilha na questão do contraste que consegue alcançar do Trump do começo do filme para o do Final. Já Jeremy Strong que interpreta Roy Cohn, começa com uma atuação mais forte, sendo bem duro mas sempre preservando a amizade acima de tudo, dessa forma lapidando seu aprendiz, com o passar do tempo, o homem que se mostrava tão duro e forte, agora já se encontra consumido por sua doença, que esconde veemente. Mesmo com seu mentor a beira da morte, Trump não faz questão alguma de ajudá-lo, agora não o interessa mais a existência de Roy.

Portanto, uma ótima comédia biográfica que foi capaz de me entreter por todo seu tempo de duração. Apesar de não conhecer a história do filme previamente, a obra foi capaz de transmitir a mensagem que desejava de forma clara e direta. No entanto, acredito que perde um pouco da força ao final, mas nada que atrapalhe a experiência.


Autor:


Me chamo Gabriel Zagallo, tenho 18 anos, atualmente estou cursando o 3º ano do ensino médio e tenho o sonho de me tornar jornalista, sou apaixonado por cinema e desejo me especializar nisso. Meus filmes favoritos são Stalker, Johnny Guitar, Paixão e Rio, 40 graus.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Abraço de Mãe - Sim, tem como fazer Terror Cósmico no Cinema Brasileiro

Abraço de Mãe | Lupa Filmes

O filme conta a história da bombeira Ana, que é interpretada pela atriz Marjorie Estiano. Depois de ter passado 2 meses afastada de seu cargo por causa de um problema ocorrido em um incêndio, ela consegue voltar com apoio da sua equipe. Até que acontece um pedido de resgate de um asilo por conta de um desabamento, mas o desabamento acaba sendo o menor dos problemas que toda a equipe deve enfrentar nessa chamada de socorro. Abraço de Mãe foi exibido no Festival do Rio de 2024 e tem lançamento hoje(23/10/2024) na Netflix.

É preciso dizer que o filme funciona seguindo dois caminhos: um dos caminhos é a jornada de luto da Ana com sua mãe, e o outro sendo o pânico de não saber oque acontece naquele asilo. Tem como imaginar a narrativa como uma jornada de luto da personagem? Claro, mas o filme consegue ir mais afundo do que a simples alegoria. Para começar que o filme tem como base influencias de John Carpenter(especificamente seus trabalhos como Príncipe das Trevas e O Enigma de Outro Mundo) e o mestre do terror H.P. Lovecraft, com muitas similaridades que não ficam boiando apenas como referências soltas. 

O filme gira em torno de uma casa que está a ponto de desabar e completamente habitada por pessoas loucas, em um cenário no qual não é possível confiar em ninguém(remete ao mesmo formato do grupo de trabalhadores no Ártico, como em Enigma de Outro Mundo), com uma chuva torrencial acontecendo no Rio de Janeiro, os aprisionando no local e sem a ajuda de outros bombeiros conseguirem chegar a tempo. Na sua essência o filme já consegue funcionar e com uma direção calma, que não vai com tanta sede ao pote e criando uma atmosfera pessimista, e destrutiva, em torno daquele espaço. 

O filme claramente não tem tamanho orçamento para efeitos práticos, mas tem efeitos especiais muito bem feitos e sem dever nada no quesito de qualidade. Mesma coisa vale para a ambientação do asilo, que a direção de arte e a fotografia tornam o espaço nojento apenas com as texturas das paredes e uma iluminação que mostra um trabalho maduro na decupagem. O trabalho de figurino e maquiagem também fazem sua função em conjunto com todo os tópicos técnicos. 

A jornada de luto da bombeira Ana consegue servir perfeitamente a alegoria proposta com a ameaça que existe dentro do asilo, a falta de capacidade em não saber oque aconteceu em uma noite traumatizante com a mãe, oque ela fez de errado, como Ana consegue se perdoar por algo que ela acredita ser culpada e tudo isso é respondido com o cordão narrativo de Ana tentando salvar Lia, uma garota que está lá por causa de seu pai, desse culto à um ser desconhecido. Funciona perfeitamente pela direção que consegue conduzir toda a narrativa com bastante tensão e suspense junto com a intepretação de Marjorie, que faz o espectador torcer pela personagem se superar naquele cenário sem esperança. 

O filme, mesmo tendo um trabalho geral bem sucedido, ainda tem pontas soltas dentro da narrativa que acontecem por adições desnecessárias ao todo proposto. Algumas dessas adições são alguns personagens que servem ou para aumentar a tensão em algum momento, ou para servirem de alívio cômico, mas não conseguem exercer nada durante a obra, nem mesmo quando um deles desaparece. Algo que, infelizmente, é normal acontecer em filme que tem muitos personagens. Mesmo com essa problemática, a obra não se perde na sua proposta narrativa inicial. 

Abraço de Mãe consegue ser uma luz para os fãs de terror cósmico no Brasil e consegue transmitir a tensão e a jornada do luto de mãos dadas, capturando a atenção do espectador para saber até onde a Ana é capaz de chegar para salvar alguém e para salvar sua própria consciência. 

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.


segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Serra das Almas - Filme Brasileiro que sonha em ser Hollywoodiano

Serra das Almas | Carnaval Filmes

Serra das Almas conta a história de duas jornalistas que se envolvem em um esquema de venda ilegal de pedras preciosas e acabam sendo raptadas por um grupo de bandidos. Esse grupo decide se refugiar na casa de um amigo de infância, prende as jornalistas em um dos quartos e planejam como vão sair da situação que se encontram. O filme tem a direção de Liro Ferreira e teve estreia mundial no Festival do Rio de 2024.

É preciso apontar como o filme trabalha a sua estrutura narrativa e como acontece o desenvolvimento de cada um dos personagens, pois é um filme que carrega uma forte problemática em sua execução. Mas, que problemática seria essa? O filme tenta se provar a todo momento que o Brasil pode fazer filmes como Hollywood. A montagem paralela mostrando um cenário calmo com uma van correndo loucamente ao som de Rock n'Roll, personagens que sonham em serem deputados nos EUA, bandido perdendo a cabeça e virando um palhaço no caos. 

Tudo que escrevo realmente acontece no filme, e é deprimente. Não que adotar influências do cinema norte-americano seja um problema, é um cinema riquíssimo, mas uma obra brasileira que tenta mostrara todo tempo que pode ser um filme hollywoodiano faz parecer que a própria direção e o roteiristas queriam fazer algo que desvinculasse completamente da estética e do próprio cinema brasileiro. Até mesmo na montagem e na edição do filme mostra uma falta de identidade no fim das contas. 

Mas, a obra consegue ser bem sucedida quando se trata no quesito técnico. Liro faz questão de fazer uma obra carregada de violência, sangue e até mesmo nos movimentos de câmera. O filme consegue pegar a atenção do espectador por conta da criação atmosférica de que tudo aquilo que está acontecendo é uma bomba pronta para explodir. Oque funciona até certo ponto, mas que vai se atrapalhando por escolhas narrativas paralelas de cada um dos personagens. 

A forma que a direção trabalha o simbolismo das vacas nas serras e como a câmera captura todo o ambiente como se fosse um lugar abandonado por Deus torna a experiência mais inquietante em conjunto com as cenas que envolvem mais tensão entre os personagens. Mesmo a trilha sonora invadindo várias cenas, o filme ainda pode ser contemplado por sua produção e pelo conjunto técnico da obra. Além de certas pitadas de humor e de tensão que funcionam, mas e momentos muito pontuais. 

Todos os personagens tem um trabalho de atuação acima da média, sendo os momentos que eles mais se atrapalham tem como problema a forma de condução do roteiro. Mesmo com a forma que a direção tenta se provar ter uma identidade norte americana a todo custo e com um roteiro que não se contenta com a simplicidade, o filme ainda tem algumas sequências que fazem a obra ser um filme de ação sustentável. Porém, pouco notável. 

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.

Centro Ilusão - Viver de Arte dói

Centro Ilusão | Marrevolto Filmes


Centro Ilusão conta a história de 2 músicos que se encontram durante um concurso para um laboratório de música, um deles está no seu começo de carreira, enquanto o mais velho já se encontra sem esperança dentro desse ramo, mesmo tendo tido uma carreira conhecida no passado. Até o resultado do concurso ser anunciado no final do dia, ambos andam pelas ruas de Fortaleza e conversando sobre sua vida e seus desafios. 

O filme consegue não transformar o drama da vida artística em um exagero dramático e nem o romantizando seguindo a falsa meritocracia propagada pelo capitalismo, tem seus pés no chão em mostrar uma realidade plausível sobre a dificuldade de ser um músico no Brasil, além das questões como família, casamento, que são afetados por essa escolha de trabalho. Sem contar as diferenças mostradas por questões geracionais e pontos de vista sobre o cenário musical. 

Tuca, o músico de 50 anos, já se mostra exausto e sem uma visão futura nesse ramo onde ele teve sua história, mas não consegue mais ter forças em enxergá-la indo em frente. Enquanto Kaio, que tem 18 anos, saiu da casa de sua mãe e está fazendo de tudo para fazer o seu sonho, de ser um músico conhecido, virar realidade. Ambos conseguem fazer uma atuação satisfatória para oque o roteiro propõe. Até mesmo nos momentos que se exige mais drama, não se encontra em nenhuma das atuações algo fora do básico. 

A obra também é afetada por conta de como a direção condensa cenas mais dramáticas e carregadas de diálogo com as cenas de Tuca tocando e cantando. A direção e a escolha da montagem se perde um pouco nisso em questão de volume, pois as cenas não se diferem tanto uma da outra em questão de conteúdo proposto. Logo, a narrativa se torna uma espiral autoexplicativa e sem muito sentimento ali realmente envolvido. 

Para quem sabe como funciona o mundo da música, como o autor que vos escreve, consegue se sentir dentro daquela situação, onde é recheada de frustração, cansaço e cheio de magia ao compor uma música. Mas a obra é dirigida para um caminho sem muita expressão realmente, mesmo tendo bons elementos de enquadramento e o desenvolver das ambições de cada um deles. 

Toda a obra no quesito técnico e de interpretação dos atores é funcional, não é um filme que tenta se arriscar em nada, nem mesmo nos dramas propostos dentro do desenvolvimento dos personagens. O roteiro tenta utilizar em alguns momentos o elemento do humor, mas nunca realmente funciona, além de seguir uma linha de condução relativamente parecida com oque Richard Linklater faz na trilogia Before, tendo a câmera acompanhando os dois para todos os lados e sempre conversando sobre suas vidas e música. 

A obra conclui de forma otimista e com um ar esperançoso sobre como a união dos artistas faz a força, mas de forma corrida e morna como todo o resto do filme. Os pequenos detalhes em seus diálogos, quando entram numa loja de discos ou instrumentos, e quando estão compondo juntos faz a obra ser uma grande homenagem e um forte abraço aos músicos independentes. Mas, mesmo com esse toque, Centro Ilusão é uma obra que não se arrisca e não consegue ter a potencia sentimental humana que existe dentro de qualquer artista. 

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Maximiliano Kolbe e Eu – O mártir da caridade

Maximiliano Kolbe e Eu | Kolbe Arte
 

Maximiliano Kolbe e Eu é daqueles filmes que costumo chamar de filme-afago! Daqueles que transformações ocorrem tanto na trama, como na vida de quem assiste.

Uma animação mexicana que tem como pano de fundo a vida do Padre polonês Maximiliano Kolbe, conhecido por seus atos de amor, devoção e caridade durante a Segunda Guerra Mundial. Kolbe foi preso e enviado ao campo de concentração de Auschwitz por proteger principalmente judeus. Lá, realizou o que se considera o maior dos sacrifícios: voluntariou-se para substituir um prisioneiro desconhecido condenado à morte, salvando a vida desse homem ao custo de sua própria.

A vida de Kolbe é narrada a partir da história de dois personagens considerados diametralmente opostos, que são DJ, um garoto em idade escolar, possuidor de uma rebeldia tal que sequer retira os fones de ouvidos para conversar e, Gunter, um idoso que também tem lá suas transgressões e que vive dividido entre sua casa e a igreja.

A história de ambos se cruza em determinado momento e a partir desse encontro, uma teia de sentimentos, sensações e inspiração entre eles e Maximiliano Kolbe é formada. Gunter faz questão de contar toda a história do Padre, do início ao fim, para DJ que, interessado, se comove e passa a se inspirar nas ações do Padre.

O cenário da vida do então Raimundo Kolbe, uma criança filha de uma família com pouquíssimos recursos financeiros e temente a Deus, era uma Polônia fria, acuada e escura (não importa se era dia ou não), em um período de guerras e entraves com a Alemanha nazista. O ar, cada vez mais rarefeito, era o próprio medo e invadia os pulmões de quem só queria exercer sua fé livremente.

Mesmo antes de se transformar no Padra Maximiliano Maria Kolbe, Raimundo já dava sinais de sua resistente fé na humanidade, sempre guiado por Maria Imaculada. Diante do cenário de guerra, ele tenta espalhar a palavra do amor e acolhimento a qualquer pessoa, independente da crença (ou descrença) religiosa, por confiar que na própria natureza humana existe um desejo contínuo de se aperfeiçoar.

Ao se entregar no lugar de um prisioneiro condenado à morte, o Padre reforça a total devoção à Maria Imaculada e aceita o que ele acredita ser os desígnios de Deus, condenando-se, ele próprio, à morte. Apesar disso, Max Kolbe não teme a morte. Aos seus olhos, fez o que deveria fazer.

A animação mexicana é dirigida por Donovan Cook e possui personagens fortes e interessantes. Apesar de ter um enredo, digamos que, conhecido, a forma como a vida do Padre foi narrada, acredito que prende o expectador até o fim, sedento pelo desfecho do filme. Os diálogos não são densos, mas cumprem bem o papel a que se destinam.

O mote do filme é fortalecer valores como fé, amor, caridade e, sobretudo, devoção. Talvez, depois de assistir ao filme, em alguma situação de angústia, é possível que se pergunte: “O que Max faria?”. Se isso acontecer, o propósito do filme foi atingido.

Maximiliano Kolbe foi canonizado pelo Papa João Paulo II e morreu como mártir. Com estreia prevista para 17 de outubro de 2024, essa é uma história vale a pena ser vista - e sentida.


Autora:


Lá em 2004 participei do meu primeiro filme. Ali apaixonei pelo cinema, mas como toda boa paixão, à la Jack e Rose, naufragou. A vida toma rumos e acabei seguindo outra área. Mas nada apaga uma boa paixão, né isso? Me chamo Carol Sousa e hoje falo e escrevo sobre cinema, quem sabe isso quer dizer amor...

Sorria 2 - A Sequência que Ultrapassa o Original em Perturbação e Qualidade

Sorria 2 | Paramount Pictures

Prestes a embarcar em uma nova turnê mundial, a sensação pop global Skye Riley começa a vivenciar eventos cada vez mais aterrorizantes e inexplicáveis. Sobrecarregada pelos horrores e pressões crescentes da fama, ela deve enfrentar seu passado sombrio para retomar o controle de sua vida antes que ela saia do controle.

Enquanto o primeiro filme abordava traumas pessoais e uma entidade sobrenatural que se manifestava através de sorrisos perturbadores, essa sequência introduz temas como a fama, a pressão psicológica e o terror de um passado sombrio. O enredo original focava em uma maldição ligada a traumas e culpa, mas a continuação expande essa premissa ao explorar os desafios emocionais da vida sob os holofotes e o terror psicológico decorrente das pressões públicas. A trama mistura elementos sobrenaturais com uma crítica social sobre a cultura das celebridades. Essa mudança de cenário levanta questões sobre como o terror pode servir para criticar a indústria do entretenimento e a exploração da imagem pública. Contudo, há o risco de que o foco em uma figura famosa possa diluir a profundidade emocional do primeiro filme, que se destacou pelo tratamento sensível de temas universais e pessoais.


O filme evita jumpscares gratuitos, aqueles que surgem sem uma construção adequada de tensão ou relevância para a trama. Aqui, os sustos são astutos, eficazes graças ao uso cuidadoso de efeitos visuais e sonoros, além dos diversos artifícios que a entidade utiliza para gradualmente desestabilizar sua vítima, levando-a ao limite da sanidade. Esses momentos funcionam não apenas pelo choque imediato, mas também pela forma inteligente com que a tensão é construída. A entidade manipula o ambiente ou surge em momentos estrategicamente calculados, criando uma atmosfera opressiva e constante. Cada aparição vai além de ser apenas um susto, servindo como uma peça de um complexo quebra-cabeça psicológico, que desestabiliza a protagonista e faz o público compartilhar de sua paranoia e desespero crescentes. O terror não se limita ao susto passageiro, mas se estende, deixando o espectador em constante estado de alerta, preso em um medo duradouro e difícil de escapar.


O filme peca por alongar demais seu ritmo, tornando-se cansativo em vários momentos e prejudicando a fluidez da narrativa. Sequências que poderiam ser mais ágeis acabam se estendendo sem propósito claro, fazendo com que o espectador perca o envolvimento com a trama.


Naomi Scott está excepcional no papel, entregando com maestria o medo e o sofrimento que sua personagem enfrenta. Seu olhar expressa o terror de maneira marcante, caracterizado por uma combinação poderosa de sutilezas e intensidade. O olhar assombrado dela é uma verdadeira janela para a vulnerabilidade da personagem, capturando a inquietação e o desespero que a situação provoca. Além disso, Naomi utiliza o silêncio e a pausa de forma eficaz, criando momentos de tensão que permitem ao espectador absorver a gravidade da situação. Essa entrega genuína transforma sua atuação em um dos pontos altos do filme, tornando-a memorável e impactante, enquanto sua vulnerabilidade ressoa profundamente com o público.


Sorria 2 se destaca pela expansão inteligente dos temas de seu antecessor, misturando terror sobrenatural com uma crítica afiada à cultura da fama e às pressões psicológicas que acompanham o estrelato. A nova abordagem adiciona uma camada de profundidade à narrativa, ao explorar como o horror se manifesta em um contexto de celebridade, trazendo novos elementos que enriquecem a trama. Ao fazer essa transição, o filme não apenas mantém o suspense e o terror psicológico, mas também amplia a discussão sobre os impactos da fama na saúde mental. Dessa forma, consegue superar seu antecessor ao combinar sustos eficazes com uma crítica social relevante e atual.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

Sting: Aranha Assassina - Quando o Terror Se Perde em Tentativas de Humor e Drama Familiar

Sting - Aranha Assassina | Diamond Filmes Em Sting - Aranha Assassina, uma noite fria e tempestuosa em Nova York, um objeto misterioso cai d...