Alien: Romulus | 20th Century Studios |
O último filme da franquia Alien, Alien: Covenant, seguia uma linha diferente de jornada que estava sendo proposta pelo diretor, também responsável por Alien: o 8° Passageiro, Ridley Scott. Por conta de sua própria condução sobre a narrativa e questões de estúdio, o filme foi um fracasso de bilheteria e crítica. Depois de 7 anos, a franquia continua com nova direção e com a linha narrativa voltando para a proposta do primeiro filme de 1979. Mas ai vem a pergunta: Seria isso mais uma apelação nostálgica proposta pela Disney? E seria isso ruim?
Fede Alvarez, diretor responsável por Alien: Romulus, fez questão de fazer o filme utilizando de efeitos práticos invés do CGI, oque não é só uma questão de estética(e que funciona de forma belíssima), mas também uma questão de aplicar o método que já funcionou uma vez, torando o primeiro filme um clássico do terror cósmico.
Ao fazer essa escolha, além de tornar o filme muito mais aterrorizante em seu resultado final, que consegue, Alvarez faz questão de 2 coisas. A primeira é que ele sabe que necessita resgatar o espectador novo para essa franquia, que mal se lembra dos últimos filmes da franquia, ou nem mesmo assistiu o primeiro filme. A segunda é que, mesmo que muitos reclamem disso, a Disney sabe que a nostalgia vende. E mesmo que exista gente contra essa forma de produzir, os números em ingressos favorecem essa linha de produção que a Disney tem seguido, mesmo em muitos casos com pouquíssima qualidade.
Mas aqui, Disney com parceria do diretor, conseguiu o resultado que tanto visavam. Alien: Romulus não é só uma recapitulação do primeiro filme, mas uma nova experiência que consegue agradar ambos os públicos. Tendo muito pouco CGI, e muito mais focado na ideia do terror claustrofóbico como o primeiro filme, Alien: Romulus consegue ser agonizante e acompanhado de um ótimo trabalho técnico, com atuações bastante maduras(sem contar o bom trabalho de criação dos personagens).
Mesmo com toda a técnica e com a linearidade do roteiro, mais as atuações, é capaz de dizer que é um filme bom? Para aqueles que buscam a mais pura nostalgia e até a mesma experiência que é proposta no primeiro filme, chega a ser o melhor filme da saga depois de Alien: o 8° Passageiro. Mas para aqueles que buscavam um novo rumo da franquia, sem o mais do mesmo, Alien: Romulus continua sendo só mais um filme qualquer da franquia Alien.
Mesmo com o final do filme mostrando um dos sibiontes mais aterrorizantes de toda a franquia, o filme segue a forma quase idêntica do primeiro, e isso afeta muito a experiência do espectador que buscava uma forma diferente de sentir medo ou assombro na narrativa da franquia Alien que pouco se reinventa e, quando se reinventa, acaba entregando um resultado que divide o público e afeta a sua continuação, como o caso de Prometheus e Alien: Covenant.
É importante enfatizar a influência do jogo Alien: Isolation nessa obra de Alvares, que foi uma ótima base para esse filme, que tem uma ótima condução de tensão e ansiedade em boa parte da narrativa. Sem contar que o trabalho de atuação de David Jonsson como Andy, o androide irmão de Rain( atuação de Cailee Spaeny), consegue ser o ponto chave do filme. Onde o personagem robô, passa a ser aquele que em muitos momentos durante a narrativa tem a empatia do espectador como se fosse mais humano do que os outros personagens(que são todos humanos). Sua dualidade ao longo da narrativa e sua jornada é justa, além de faer o espectador sempre torcer por sua vitória, até mais do que a protagonista Rain.
O trabalho de CGI quando utilizado, também é muito bem executado. Tem uma cena em que é trabalhado o sangue acido dos xenomorphos junto com a ausência de gravidade que é uma das sequências mais belas do filme. O mesmo se fala do trabalho de som, que mesmo na sua ausência, funciona como uma camada importante de imersão do espectador dentro da nave completamente infectada por essas criaturas.
Alien: Romulus tem uma direção madura e exemplar de um grande fã da franquia Alien, um trabalho técnico que comprova a sua efetividade acima do excesso de CGI utilizado ultimamente em Hollywood, com um bom trabalho de jornada dos personagens, mais atuações sérias e que fazem jus ao roteiro entregue. Mas, não acrescenta nada muito além do que já se sabe do mundo da franquia e continua tão esquecível como outros filmes da franquia.
TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.