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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Aos Pedaços - Uma obra do vazio para o vazio

Aos Pedaços | Pandora Filmes
 

Aos Pedaços é um filme protagonizado pelo personagem Eurico Cruz (interpretado pelo ator Emílio de Mello), que sofre de uma paranoia onde sua mulher, Anna, vai a qualquer momento matá-lo. Tudo se complica mais a partir do momento que Eurico começa a ver duas versões de sua mulher, mais um homem que tenta convencê-lo a matar sua mulher antes de sua imaginação virar realidade. O filme é de 2020 e tem a direção de Ruy Guerra. 

Como um grande admirador do cinema de Ruy Guerra, me surpreende o fato de sua direção sempre se manter tão sóbria e contida nessa obra, oque não é algo de costume do diretor que foi responsável por tantas obras durante o Cinema Novo e também após o movimento. Aqui a direção fotográfica é um dos poucos pontos fortes, tendo uma ótima decupagem e uma ótima direção das luzes, oque ofusca o som do filme que é executado de forma bastante precária. Oque é problemático, já que a obra por si só é carregada de diálogos quase a todo tempo. 

O filme em nenhum momento tenta fugir de se mostrar como uma grande referência da obra Persona, de Ingmar Bergman, até mesmo nos movimentos de câmera. Oque não chega a ser algo positivo. Nada contra o diretor sueco, quem vos escreve admira muito seus filmes, mas não aqueles que o tentam copiar. Não crítico ter a inspiração, no mundo da arte inspirações são de extrema necessidade. Mas uma obra brasileira tentando ser um filme sueco sem nenhuma outra inspiração se torna algo vazio.

A narrativa acontece, e o espectador já para metade do filme, não dá a mínima sobre oque vai acontecer com todas as figuras ali presentes. Não quer saber quem vai viver, ou quem vai morrer, pois no filme todos agem e são tratados como almas já mortas, sem importância. Algo que, por incrível que pareça, não é culpa dos atores. Os atores fazem oque podem com o material entregue, mas a direção enfatiza em tentar ser algo mais poético, porém sem alma. 

A referência de Bergman aqui também tem uma ligação forte com a linguagem teatral. A direção tenta conduzir o espectador a entrar na atmosfera fúnebre de uma peça com atores a deriva, mas Bergman tinha a capacidade de capturar seus espectadores para seus pesadelos de forma sucinta, e com muito menos diálogos pseudopoéticos(diálogos que Bergman sempre soube conduzir na medida certa sem parecer algo prepotente). Enquanto Ruy tenta fazer de tudo para chegar a ser Bergman nessa obra, esquece completamente de ser o próprio Ruy Guerra, que dirigiu filmes como Os Deuses e Os Mortos, onde existia um mundo caótico com muito mais vida do que seu último filme. 

Mesmo com suas problemáticas, a direção fotográfica de Pablo Baião consegue criar a melancolia e o mundo morto onde o protagonista não consegue ter a noção de estar vivo ou morto naquele cenário. Algo que Baião conseguiu expressar com tamanha habilidade com as luzes, com os movimentos de câmera e no trabalho conjunto com as atrizes Simone Spoladore e Christiana Ubach. 

Aos Pedaços é uma tentativa de poesia que tenta abraçar o existencialismo e a loucura no meio da solidão, mas acaba sendo uma tentativa de niilismo barata e sem inspiração. Mostra conflitos sem cor e sem emoção, uma junção de tentar ser algo potente mas que acaba em mais uma tentativa frustrada de tentar ser um filme sueco no Brasil. Um filme sobre paranoia, mas não tanta; amor, mas tão pouco; alucinações, mas com controle. Uma obra que se contem o tempo todo, e dificilmente dá para ouvir e ver aquele que não sabe muito bem oque falar. 

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.

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