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Rosario | Imagem Filmes |
Rosário (Emeraude Toubia), uma jovem latina e bem-sucedida funcionária de uma empresa de investimentos em Nova Iorque, recebe uma ligação informando sobre a morte de sua avó. Ao atender, o porteiro do prédio informa que, por ser uma imigrante ilegal, o corpo dela será levado para um hospital qualquer e pode desaparecer no sistema. Determinada a evitar isso, Rosário decide ir ao apartamento da avó para ficar com o corpo até a chegada da ambulância. É quando coisas sinistras começam a acontecer.
Rosário, dirigido por Felipe Vargas, começa com uma premissa interessante: a urgência de uma jovem presa em um local isolado com o corpo de sua avó enquanto eventos terríveis se desenrolam. Essa situação inicial cria uma tensão palpável, capturando a atenção nos primeiros minutos. No entanto, a inspiração do filme parece esgotar-se rapidamente, e a obra se rende a jumpscares e flashbacks excessivamente expositivos.
Apesar do potencial do prédio abandonado e do apartamento bizarro, a direção falha ao tornar a experiência previsível. O cenário excessivamente claro e o filtro verde constante tornam as cenas visualmente exaustivas, prejudicando a atmosfera de terror que o filme tenta construir. A montagem acelerada é um dos principais pontos fracos, pois não permite que os eventos causem o impacto necessário no espectador. A falta de um verdadeiro senso de risco para a protagonista, Rosário, faz com que o público não tema por ela, tornando a narrativa desinteressante.
O filme busca, também, abordar a experiência traumática da imigração ilegal, ligando os eventos sobrenaturais à travessia da fronteira. Contudo, essa proposta acaba sendo superficial, pois a obra não aprofunda questões culturais e religiosas que permeiam a vida de imigrantes. O roteiro tenta criar elos entre o sobrenatural e o passado familiar, expandindo a história para além da relação entre avó e neta. No entanto, essa escolha se perde ao não aprofundar de fato em nenhuma das relações, diluindo a força emocional do enredo.
Em suma, Rosário é um filme ambicioso que falha na execução. Ele tenta ser muitas coisas, mas a falta de consistência na direção, a montagem problemática e o roteiro superficial o impedem de sustentar sua premissa. O filme acaba se tornando um exemplo de como uma ideia promissora pode ser sacrificada em favor de artifícios como o bom e velho jumpscare, deixando de lado a oportunidade de construir um terror psicológico mais significativo.
Autor:
Mateus José é graduando de Licenciatura em Cinema e Audiovisual pela UFF, escritor, poeta, montador e aspirante a diretor de fotografia. Apaixonado pelas artes, literatura, música e principalmente o cinema, dedica-se a consumir, estudar e dissecar as camadas mais profundas do cinema e da arte.