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segunda-feira, 23 de junho de 2025

Elio - Amizade intergaláctica, roteiro meio espacial

Elio | Disney

Elio se vê transportado pela galáxia e é confundido com o embaixador intergaláctico da Terra.

A animação segue a fórmula clássica do estúdio: um personagem pequeno diante de um mundo muito maior. Um exemplo disso é Toy Story, em que Woody e Buzz, sendo brinquedos, precisam se esconder dos humanos para não revelarem sua verdadeira natureza. Em Elio, o protagonista — uma criança — viaja pelo espaço, o que remete a Wall-E, tanto pela grandiosidade do cenário quanto pela jornada solitária do personagem. O filme aborda de forma sensível a solidão do protagonista, uma criança órfã e sem amigos, que encontra no espaço uma forma de escapar de sua realidade. Movido por uma paixão genuína pelo universo, ele tenta se comunicar com formas de vida extraterrestre — os alienígenas — numa busca por conexão e pertencimento. Essa premissa traz uma camada emocional interessante à narrativa, tornando a ficção científica mais humana e tocante.

Elio aposta em uma ideia interessante ao explorar a solidão e o pertencimento através de uma aventura intergaláctica, um tema que sempre desperta a curiosidade do público ao misturar elementos de fantasia com questões humanas universais. O roteiro propõe uma reflexão sobre como nos sentimos sozinhos mesmo quando cercados por outros, e como a busca por conexão pode ultrapassar fronteiras e até mesmo espécies. No entanto, apesar da premissa interessante e do potencial para um desenvolvimento mais profundo, o filme sofre com um desenvolvimento narrativo superficial e apressado, que prejudica o envolvimento do espectador com a história. A construção do Comuniverso, embora visualmente criativa e rica em detalhes gráficos, acaba por não ir além da estética. 

A ambientação, que poderia ser um ponto forte para ampliar a imersão, torna-se um cenário vazio que não contribui significativamente para a construção dos personagens ou para o avanço da trama. Os personagens alienígenas, apesar de terem um design interessante e único, carecem de uma complexidade emocional e motivações claras, tornando difícil para o público se conectar verdadeiramente com eles ou entender as nuances de suas ações. Dessa forma, Elio acaba desperdiçando parte do potencial de sua premissa, entregando uma experiência que, embora divertida e visualmente atraente, não consegue deixar uma marca duradoura na memória do espectador. O filme se apresenta como uma aventura leve e acessível, indicada para quem busca entretenimento descomplicado, mas dificilmente será lembrado por sua profundidade ou originalidade. Com um roteiro mais elaborado e uma exploração mais cuidadosa dos temas centrais, Elio poderia ter sido uma obra muito mais impactante e significativa.

A relação entre Elio e Glordon, apesar de suas diferenças marcantes, evolui gradualmente para um vínculo especial — e literalmente de outro planeta. Desde o primeiro encontro, a interação entre os dois personagens revela uma dinâmica repleta de contrastes, mas também de complementaridades inesperadas. Elio, com sua curiosidade humana e fragilidade emocional, encontra em Glordon, um ser alienígena com uma cultura e comportamento totalmente distintos, um contraponto que instiga o crescimento de ambos. A conexão que se forma entre eles é construída com sensibilidade e leveza. Essa amizade interespécies se desenrola de maneira natural, com pequenos gestos e diálogos que revelam aos poucos o quanto, apesar das diferenças óbvias, há um terreno comum na busca por pertencimento e aceitação. Assim, o filme reforça uma mensagem poderosa e universal: a amizade verdadeira pode florescer mesmo entre seres completamente distintos, superando preconceitos e medos, e criando laços que transcendem mundos e origens.

Elio apresenta uma proposta visual interessante e aborda temas como solidão e amizade, mas seu roteiro superficial limita o impacto emocional da história. Embora a relação entre Elio e Glordon seja sensível e cativante, o filme acaba sendo uma aventura agradável, porém pouco memorável. Com um desenvolvimento mais profundo, poderia ter sido uma obra muito mais significativa.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Lilo & Stitch (2025) - Finalmente a Disney Acertou, Apesar de Alguns Desafios Visuais

Lilo e Stich | Disney

O filme conta a história do vínculo afetivo entre uma garota humana solitária chamada Lilo e um alienígena geneticamente modificado chamado Stitch, criado para ser uma força de destruição. A trama envolve alienígenas em perseguição, assistentes sociais atentos e, sobretudo, a ideia de família como um elo construído, não apenas herdado.

O novo longa-metragem é mais uma tentativa da Disney de revisitar seu catálogo por meio de adaptações em live-action. Desta vez, o estúdio retorna a uma animação lançada nos anos 2000 — um período conhecido como a “Era Experimental” da Disney. Essa fase, compreendida entre o fim do chamado Renascimento (1989–1999) e o início da nova era de sucessos como Enrolados e Frozen, é considerada pela própria Disney como sua segunda era sombria. A primeira, entre 1970 e 1988, foi marcada por obras que deixaram legados afetivos, mas não atingiram o mesmo prestígio comercial e crítico dos clássicos da Era de Ouro.

Durante a Era Experimental, a Disney tentou se afastar da fórmula tradicional que havia consagrado o estúdio nos anos 1990. Investiu em novas linguagens, abordagens visuais diferentes e temas menos convencionais. Ainda que essas apostas tenham sido louváveis do ponto de vista criativo, muitas delas resultaram em bilheterias modestas e recepção crítica dividida. Lilo & Stitch (2002), no entanto, destacou-se como exceção: foi um sucesso de público e crítica, conquistou uma base fiel de fãs e tornou-se uma das marcas mais queridas da empresa nas últimas décadas.

A adaptação em live-action permanece bastante fiel à animação original, preservando os principais elementos que cativaram o público. Como é natural em qualquer transposição, algumas mudanças foram feitas — e, em geral, de maneira cuidadosa e respeitosa. Uma das alterações mais notáveis é a ausência do vilão Gantu, que, embora tivesse papel limitado no filme original (aparecendo mais no início e no final), acabou se tornando um dos antagonistas centrais na série derivada. Confesso que essa ausência me preocupou inicialmente, mas felizmente a narrativa encontrou outras formas de gerar tensão e conflito, sem comprometer a essência emocional e divertida da história. A substituição de Gantu por novos elementos abre espaço para uma abordagem diferente, que explora nuances inéditas dos personagens e do universo de Lilo & Stitch, mantendo seu espírito com uma perspectiva renovada.

Embora o filme apresente sua própria mitologia e elementos de ficção científica, o coração da trama continua sendo emocional, centrado no tema da família. É impossível ignorar a importância de Nani na narrativa — algo já marcante na animação original. Nani é uma verdadeira guerreira: cuida sozinha da irmã caçula, Lilo, enquanto luta para manter um emprego e garantir alguma estabilidade para ambas. Quando assistimos ao filme na infância, é comum enxergá-la como a “irmã chata”, sempre impondo regras e limites. No entanto, ao rever a história com um olhar mais maduro, fica claro que suas ações são movidas por amor, responsabilidade e sacrifício. Nani não está apenas tentando manter a ordem — ela está lutando com todas as forças por um futuro melhor para sua família. Essa profundidade emocional é o que torna Lilo & Stitch tão poderoso e atemporal, tocando diferentes gerações de maneiras distintas.

Um dos pontos que mais gerou expectativa e preocupação antes do lançamento foi o CGI, especialmente em relação ao Stitch. E, felizmente, o resultado surpreendeu positivamente. O personagem foi recriado com um equilíbrio notável entre fidelidade ao design original e adaptação ao realismo do live-action. A textura da pele, os olhos expressivos e a fluidez da movimentação deram vida ao Stitch de forma convincente, sem parecer artificial. O modelo 3D respeita as proporções caricatas do original, mas com um acabamento realista que se encaixa bem no novo ambiente. Além disso, o CGI consegue transmitir emoções com clareza, mantendo intacta a conexão emocional que o personagem sempre proporcionou. Em suma, o visual do Stitch é um dos grandes acertos da produção, demonstrando um cuidado especial em preservar a identidade do personagem sem comprometer a estética live-action.

Por outro lado, o CGI do Jumba e do Pleakley causa certa estranheza à primeira vista, tornando a transição para o live-action visualmente mais desafiadora. No caso de Jumba, sua estrutura corporal robusta e traços exagerados parecem um pouco deslocados no contexto realista do filme. Pleakley, com seu corpo alongado e feições excêntricas, também enfrenta dificuldades na adaptação, resultando em um visual inicialmente destoante. No entanto, à medida que a narrativa avança, essas escolhas visuais se tornam mais aceitáveis. Felizmente, o carisma da dupla permanece intacto: Jumba continua sendo o cientista maluco e impulsivo, enquanto Pleakley conserva seu entusiasmo contagiante pela Terra, quase como um especialista obcecado pelo planeta. Apesar das limitações visuais, a essência dos personagens e a dinâmica entre eles seguem divertidas e reconhecíveis.

Lilo & Stitch consegue respeitar o legado da animação original, mantendo a essência que conquistou o público, ao mesmo tempo em que traz uma nova visão sobre essa história atemporal. A adaptação live-action consegue equilibrar a fidelidade ao material original e a necessidade de atualização, explorando aspectos visuais e narrativos que ampliam a compreensão da trama. Ao longo do filme, a mensagem central sobre a família se fortalece, destacando que o verdadeiro significado de ser uma família vai além do laço sanguíneo: ela é construída por meio de escolhas, amor e dedicação, independentemente de onde você venha ou das circunstâncias. Essa abordagem renovada reforça a universalidade da história e a importância de criar vínculos genuínos, mostrando que, por mais diferentes que sejamos, a conexão humana é o que realmente define a família.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.




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