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quarta-feira, 26 de março de 2025

Presença - Soderbergh navega entre Tensão, Drama e Planos Sequências

Presença | Neon

O novo lançamento do diretor Steven Soderbergh mostra uma direção mais contida, mesmo sendo certa parcela de sua obra em pequenos planos sequências, utilizando uma trama convencional. A utilização de uma trama convencional do gênero de drama e terror espiritual não é uma problemática aqui, até porque se formos colocar a reutilização de tramas como um termômetro a nossa visão sobre os últimos anos para o cinema seria algo bem pessimista. A ideia de como Soderbergh conduz a ideia da presença espiritual em meio a uma família americana disfuncional por inúmeras questões, é o chamariz principal para o filme chamar a atenção do espectador.

Uma história sendo contada pelo ponto de vista desse ser que se encontra na residência e a utilização dos planos sequências para a obra consegue desenvolver uma boa tensão sobre tudo que acontece naquele espaço. Acredito que a capacidade técnica de Soderbergh compensa a falta de desenvolvimentos propostos na própria trama, aqui se encontra temas como divórcio, luto, drogas, manipulação, entre outros, e muitos são só "pontos" para trazer mais dramaticidade para a narrativa, mas não tendo uma função realmente útil em meio à tensão e ao drama final proposto. 

A forma em como Soderbergh trabalha tal figura presente de forma espiritual é madura até a sequência final onde a obra explica sem necessidade quem é tal figura. Enquanto ele como enigma, funcionava perfeitamente como causa de ansiedade e interesse do espectador, sendo um dos elementos que fazia a tensão da obra ser criada de forma efetiva. O enigma funciona também na jornada do personagem Ryan, que tem uma atuação surpreendente de Mulholland como antagonista, sendo uma surpresa positiva no meio dos pontos dramáticos soltos pelo diretor. 

A trilha sonora do filme acaba sendo evasiva em certas sequências, além de não acrescentar muito a dramaticidade exigida em certos momentos da trama onde acontece discussão entre os pais e os irmãos. A jornada do irmão do protagonista afeta o produto final por conta de como o roteiro desenvolve a sua figura como algo bastante problemático. Existe em sua resolução uma tentativa de perdão por parte do espectador que é pouco funcional, até por ser um filme curto e que não deixa muito espaço para se conectar aos personagens. 

O trabalho de fotografia aqui é um fator que chama atenção pela calma e execução que os planos acontecem, contando também pelo ensaio de câmera com os atores que consegue ser uma facilitação simples de espectador com personagem, mas sem parecer algo apelativo. O trabalho dos atores Lucy Liu e Chris Sullivan como os pais funciona a medida do que é permitido por Soderbergh, que cria uma atmosfera melodramática entre os personagens e sobre o futuro de seu casamento, mas que o roteiro, junto com a direção, decidem não dar mais espaço para facilitar a finalização da narrativa. 

A maior problemática da obra se encontra em ser um filme básico que se perde em qualquer momento que tentar seguir alguma linha fora do proposto, como dito anteriormente. Funciona a ideia de um ser desconhecido estar na casa e ser um mero espectador de uma família que tem seus problemas, mas quando chega o momento de dar espaços aos seres humanos se torna uma mistura de drama adolescente e familiar carregados de conflitos sem solução. A forma de desenvolvimento narrativo em cada uma das sequências, de forma picotada, parece intuito de Soderbergh em fazer um filme conforto para espectadores de Tiktok. 

Acaba que no final das contas, é um filme que se mantém na risca de ser uma obra simples com certa parcela de drama efetiva. Mas não foge de fazer parte da cinematografia de Soderbergh como mais um produto vendável e esquecível onde a técnica simples se torna um dos chamariz para não diminuir sua obra, mais do que a própria se diminui.  

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR. 

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