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segunda-feira, 28 de abril de 2025

Bolero: A Melodia Eterna - A música silenciosa que desnuda a alma

Bolero : A Melodia Eterna | Mares Filmes

Com direção de Anne Fontaine, que divide o roteiro com Claire Barré, Bolero: A Melodia Eterna nos apresenta à vida do músico Maurice Ravel e sua obstinada trajetória em busca do sucesso. Com uma montagem não linear — presente desde a primeira sequência —, somos levados ao universo de um protagonista que parece habitar um mundo particular e que, mesmo diante das adversidades e frustrações, tem sempre a música como grande alicerce. Uma das cenas iniciais ilustra bem isso: após ser rejeitado no conservatório de música, Ravel cai da janela do prédio, levado pelo encantamento da melodia que ecoava no pátio.


O desenvolvimento do filme, porém, sofre com o ritmo apressado e uma certa confusão causada pela montagem fragmentada. Apesar dos marcadores de tempo, algumas fases da vida do músico parecem apenas tocadas superficialmente, o que torna a introdução enfadonha e de difícil assimilação. Por outro lado, o roteiro acerta ao construir uma sensação de intimidade e descoberta gradual. Vamos acessando, pouco a pouco, as camadas mais profundas da personalidade de Ravel, sem a necessidade de diálogos prolixos ou exposição excessiva. O longa aposta nos flashbacks como estratégia narrativa, mas a forma como esses elementos são inseridos pode causar estranhamento à primeira vista.


À medida que o filme avança, vamos compreendendo melhor os dilemas e enigmas que movem Maurice Ravel. Ainda assim, a narrativa só parece realmente engrenar quase na metade do segundo ato, quando ele é convidado a compor para um balé — nascendo ali aquela que viria a ser sua grande obra-prima.


No aspecto técnico, a fotografia de Christophe Beaucarne é um dos pontos altos: ora se concentra em planos-detalhe que evidenciam elementos simbólicos do cenário, criando uma sensação de intimidade, ora abre-se em grandes planos que ampliam a solidão do protagonista e destacam a imponência das cenas. A montagem, assinada por Thibaut Damade, aposta numa métrica que dialoga com a trilha e dá ritmo à narrativa — especialmente nas sequências em que sons e músicas se repetem como tema. Já a trilha sonora de Bruno Coulais é marcante, e traz impacto a cada vez que emerge.


Em suma, Bolero: A Melodia Eterna, como indica seu título, é um filme biográfico de uma música — e não necessariamente de um artista. O foco está, majoritariamente, no processo de composição do Bolero. Claro que, ao longo do caminho, a vida de Ravel ganha contornos e detalhes, mas não se trata de uma biografia completa. Apesar do primeiro ato arrastado, o longa consegue reconquistar o espectador no segundo ato e, a partir daí, só cresce. Quanto às atuações, Raphaël Personnaz se esforça para dar vida a Ravel, mas o roteiro insiste em moldá-lo de maneira tão soturna e introspectiva que, por vezes, seu brilho como ator passa despercebido.


Bolero: A Melodia Eterna, não é inovador e é evidente à semelhança com seu colega de streaming, O Maestro (2023) , mas faz bem o básico feijão com arroz. Pode agradar ao espectador que tiver paciência para acompanhar sua cadência.


        Autor:


Mateus José é graduando de Licenciatura em Cinema e Audiovisual pela UFF, escritor, poeta, montador e aspirante a diretor de fotografia. Apaixonado pelas artes, literatura, música e principalmente o cinema, dedica-se a consumir, estudar e dissecar as camadas mais profundas do cinema e da arte.


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