Mostrando postagens com marcador steven soderbergh. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador steven soderbergh. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Código Preto - Novos Filmes sobre Espionagem são sempre Bem-vindos

Código Preto | Universal Studios


Novos filmes sobre espionagem são sempre bem-vindos. O estilo, que se reinventa a cada obra, não se resume apenas a “007”, “Missão Impossível”, Hitchcock, e afins. Vemos uma gama intensa, atualmente, de longas-metragens que trazem novidades para a categoria que, se não cuidada primorosamente, pode soar piegas. “Código Preto”, de Steven Soderbergh, lançado há pouco tempo, é um dos exemplos de thrillers que mais acrescentam do que reduzem.

George (Michael Fassbender) é um espião casado com Kathryn (Cate Blanchett). Em um matrimônio tranquilo e cheio de carinho, ambos mantém seus próprios segredos, visto que a mulher atua na mesma profissão. Entretanto, quando George se vê diante da tarefa de descobrir um traidor e delator inserido em seu meio de trabalho, Kathryn é uma das principais suspeitas. Não apenas ela; alguém próximo foi responsável por vazar informações importantes destinadas apenas à inteligência. Resta, então, adentrar em um jogo de gato e rato sofisticado, eloquente e até divertido aos olhos dos demais.

Em “Código Preto”, é necessário paciência. Enquanto as camadas dos personagens se desdobram, o espectador é conduzido através de cenas longas, focadas somente nos diálogos afiados e duvidosos, amarradas por uma tensão constante. Junto de Kathryn e George, outros possíveis criminosos são apresentados, como a psicóloga Zoe (Naomie Harris), o companheiro de profissão do casal, James (Regé-Jean Page), e a jovem Clarissa (Marisa Abela). A princípio, ninguém é confiável, e a cautela apresentada nas cenas, a exemplo de uma ambientada no jantar frequentado pelos suspeitos, reverbera o clima de questionamento, procurando instigar cada vez mais o público.


Andando ao lado da atividade de detetive impregnada em George, existe seu casamento com Kathryn. Fassbender e Blanchett, aqui, exibem uma dupla apaixonada tanto por seu parceiro quanto por seus mistérios, não abrindo mão de ares questionáveis inclusive de seu caráter. Os atores, então, hiperdimensionam a personalidade de suas figuras, trazendo ao filme uma profundidade que preza pelo benefício da dúvida a todo momento. Não obstante, os demais personagens nunca demonstram uma única face, o que é sustentado pelo ótimo elenco, aparentemente escolhido a dedo. 

Steven Soderbergh, como já havia provado em seus longas anteriores, detém a capacidade de conduzir de forma classuda, direta e provocativa, histórias que, em tese, parecem simples e clichês. Não é revolucionária a ideia de abordar falhas na inteligência britânica, porém, o corpo que o diretor dá à obra, condensando enigmas que confundem a mente a todo passo dado pelos protagonistas, transforma a experiência de assistir ao filme, inquietante ao passo que é silenciosa. O tom mais quente e estático da fotografia, além disso, combina com a diretiva mensagem de que não se pode confiar em ninguém.


“Código Preto” é capaz de ser tido como uma boa surpresa para o universo dos thrillers de espionagem, dada a boa gerência da produção, que conta ainda com um elenco afiado e comprometido em embolar os pensamentos de quem o vê sem fazer um esforço grandioso. O que o faz monumental, entretanto, é a qualidade da maneira que a trama simples é contada, sendo Cate Blanchett e Michael Fassbender as cerejas do bolo de uma narrativa sedutora e de prender a atenção. Nisso tudo, quem se deleita com um presente, é o espectador. 


Autora:


Laisa Lima 

25 anos, formada em cinema, roteirista, crítica, videomaker e moradora do Rio de Janeiro, minha paixão pelo cinema transcende as telas. 
De “Guarda-Chuvas do Amor” até “Laranja Mecânica”, meu amor pela arte não se prende a nenhum gênero, mas sim ao que me toca. 
Também sou apaixonada pelos pormenores da vida, que se apresentam sem nenhum roteiro. 
Logo, imaginação não falta em mim. 
Sou de tudo um pouco, e procuro sempre expor minha versão mais democrática, que enfrenta a realidade com a maior criatividade possível.



quarta-feira, 26 de março de 2025

Presença - Soderbergh navega entre Tensão, Drama e Planos Sequências

Presença | Neon

O novo lançamento do diretor Steven Soderbergh mostra uma direção mais contida, mesmo sendo certa parcela de sua obra em pequenos planos sequências, utilizando uma trama convencional. A utilização de uma trama convencional do gênero de drama e terror espiritual não é uma problemática aqui, até porque se formos colocar a reutilização de tramas como um termômetro a nossa visão sobre os últimos anos para o cinema seria algo bem pessimista. A ideia de como Soderbergh conduz a ideia da presença espiritual em meio a uma família americana disfuncional por inúmeras questões, é o chamariz principal para o filme chamar a atenção do espectador.

Uma história sendo contada pelo ponto de vista desse ser que se encontra na residência e a utilização dos planos sequências para a obra consegue desenvolver uma boa tensão sobre tudo que acontece naquele espaço. Acredito que a capacidade técnica de Soderbergh compensa a falta de desenvolvimentos propostos na própria trama, aqui se encontra temas como divórcio, luto, drogas, manipulação, entre outros, e muitos são só "pontos" para trazer mais dramaticidade para a narrativa, mas não tendo uma função realmente útil em meio à tensão e ao drama final proposto. 

A forma em como Soderbergh trabalha tal figura presente de forma espiritual é madura até a sequência final onde a obra explica sem necessidade quem é tal figura. Enquanto ele como enigma, funcionava perfeitamente como causa de ansiedade e interesse do espectador, sendo um dos elementos que fazia a tensão da obra ser criada de forma efetiva. O enigma funciona também na jornada do personagem Ryan, que tem uma atuação surpreendente de Mulholland como antagonista, sendo uma surpresa positiva no meio dos pontos dramáticos soltos pelo diretor. 

A trilha sonora do filme acaba sendo evasiva em certas sequências, além de não acrescentar muito a dramaticidade exigida em certos momentos da trama onde acontece discussão entre os pais e os irmãos. A jornada do irmão do protagonista afeta o produto final por conta de como o roteiro desenvolve a sua figura como algo bastante problemático. Existe em sua resolução uma tentativa de perdão por parte do espectador que é pouco funcional, até por ser um filme curto e que não deixa muito espaço para se conectar aos personagens. 

O trabalho de fotografia aqui é um fator que chama atenção pela calma e execução que os planos acontecem, contando também pelo ensaio de câmera com os atores que consegue ser uma facilitação simples de espectador com personagem, mas sem parecer algo apelativo. O trabalho dos atores Lucy Liu e Chris Sullivan como os pais funciona a medida do que é permitido por Soderbergh, que cria uma atmosfera melodramática entre os personagens e sobre o futuro de seu casamento, mas que o roteiro, junto com a direção, decidem não dar mais espaço para facilitar a finalização da narrativa. 

A maior problemática da obra se encontra em ser um filme básico que se perde em qualquer momento que tentar seguir alguma linha fora do proposto, como dito anteriormente. Funciona a ideia de um ser desconhecido estar na casa e ser um mero espectador de uma família que tem seus problemas, mas quando chega o momento de dar espaços aos seres humanos se torna uma mistura de drama adolescente e familiar carregados de conflitos sem solução. A forma de desenvolvimento narrativo em cada uma das sequências, de forma picotada, parece intuito de Soderbergh em fazer um filme conforto para espectadores de Tiktok. 

Acaba que no final das contas, é um filme que se mantém na risca de ser uma obra simples com certa parcela de drama efetiva. Mas não foge de fazer parte da cinematografia de Soderbergh como mais um produto vendável e esquecível onde a técnica simples se torna um dos chamariz para não diminuir sua obra, mais do que a própria se diminui.  

TEXTO DE ADRIANO JABBOUR. 

Telefone Preto 2 - Do Suspense Psicológico para a Hora do Pesadelo

Telefone Preto 2 | Universal Pictures Pesadelos assombram Gwen, de 15 anos, enquanto ela recebe chamadas do telefone preto e tem visões pert...