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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A Praia do Fim do Mundo — O Pessimismo para Festivais

A Praia do Fim do Mundo | Sereia Filmes


Lançado em festivais no ano de 2021, mas com lançamento comercial apenas no ano de 2025, Praia do Fim do Mundo conta a estória da cidade fictícia de Ciarema, interior do Ceará, onde o nível do mar começa a aumentar em níveis catastróficos, prenunciando o fim daquela cidade. Com o tempo contado, Alice (Fátima Macedo), uma jovem ambientalista, tenta convencer sua mãe (Marcélia Catarxo) a abandonar a cidade, porém a mesma se recusa a deixar o lugar onde cresceu. O longa ainda conta com a presença na pré-lista do Brasil para o Oscar 2025.

Apesar do filme ainda contar com temas de cunho ambientalista, a dimensão estabelecida pelo diretor Petrus Cariry é muito mais onírica que realista. Ele preza por essa noção meio Tarkovski de planos abertos e longos, o que já virou tradicional no cinema brasileiro de festivais em filmes como Arábia, de Affonso Ûcho ou até mesmo Pedágio, da Carolina Markowicz. Entretanto, a lógica realista desses filmes é subvertida nesse longa.

Ao mostrar a cidade em ruínas, Petrus questiona se aquele lugar que parece estar em seu fim já não de fato acabou. O trabalho é semelhante ao de arqueologia, onde parecemos ter pequenos pedaços do que já foi uma cidade turística e cheia de visitantes, e que é definitivamente a protagonista do longa-metragem.

E ao fixar a direção, Petrus parece estar muito bem decidido no que planeja fazer com Praia do Fim do Mundo. Todavia, toda a visão dele ainda me parece estar muito interligada com a lógica de filme de festival, que infelizmente limita completamente toda a visão dramatúrgica do longa, que é extremamente mal feita.

Abdicando de qualquer elemento dramático maior, Petrus deixa de lado muitos momentos que poderiam engrandecer a obra em favor de um mistério que se distancia muito de uma pergunta realizada ao espectador. Até os momentos mais exclusivos da personagem de Marcélia Catarxo soam como avulsos em meio a essa unidade tão gourmetizada.

Contém sim alguns momentos que são verdadeiramente interessantes, mas ficam por isso mesmo, já que nunca são levados adiante. É o mesmo problema que eu vejo nos longas da cineasta Anitta da Rocha Silveira, que parecem confundir mistério com perguntas, e acabam anulando sua unidade.

E no fim, Praia do Fim do Mundo é um longa que faz um comentário pessimista a realidade brasileira da maneira mais “gringa” possível e se mantém numa postura de filme de festival quase em todo momento, sendo nunca o que prometeu ser: um filme.

Autor:


Meu nome é Rodolfo Luiz Vieira, tenho 17 anos e curso o terceiro ano do Ensino Médio. Produzo alguns curtas-metragens e escrevo textos sobre cinema. Meus filmes favoritos são: Em Ritmo de Fuga; La Haine; Eu Vos Saúdo, Maria e Pai e Filha.

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