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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Drácula: Uma História de Amor Eterno - É Visualmente Deslumbrante, Mas Tropeça ao Tentar Reinventar a Sua Própria Essência.

Drácula | Paris Filmes

Em uma nova adaptação de Drácula, dessa vez sendo dirigida por Luc Besson, que ficou conhecido por filmes como O Profissional (1994) e Lucy (2014),  o foco não se torna o terror tradicional, mas sim um romance gótico sombrio e melancólico. Recebendo o título de “ Drácula: Uma História de Amor Eterno ”, Luc reimagina a clássica história de Bram Stoker por uma perspectiva do anseio eterno e do isolamento que a imortalidade trouxe para Conde Drácula, explorando a tragédia do Príncipe Vladimir, que renega Deus após a perda brutal de sua esposa, e recebe como uma maldição a vida eterna. Ao longo do filme, acompanhamos a sua busca obsessiva em reencontrar a sua amada, e por mais belo que isso seja, a premissa acaba tropeçando em alguns momentos com algumas escolhas que fragmentam a experiência da obra. 

Visualmente, Drácula: Uma História de Amor Eterno é deslumbrante. Desde a primeira cena, a fotografia impressiona com o uso dramático de sombras, reforçando o clima gótico que está permeado na história. O castelo onde boa parte da trama se desenvolve, é um espetáculo arquitetônico, com cenários que refletem a decadência e toda a solidão do vampiro. Os figurinos se tornam o maior destaque: luxuosos, detalhistas e fiéis à estética rococó e vitoriana, que não apenas vestem os personagens, mas os definem dentro daquele universo. A maquiagem e os adereços seguem esta excelência, criando uma composição visual rica e coerente. 

 O elenco é liderado por Caleb Landry Jones, que já trabalhou anteriormente com Luc no filme Dogman (2023) e também brilhou em outras obras como Corra, Projeto Flórida e Antiviral, abraça a proposta em se tornar Conde Drácula com uma performance carregada de tragédia e melancolia ao lado de Zoe Bleu Sidel, que interpreta a sua amada. Christopher Waltz (Bastardos Inglórios e Django Livre), nos entrega um padre extremamente importante para o roteiro do filme. As interações entre os personagens funcionam, e o tom dramático no início sustenta bem a ideia de um romance gótico trágico. 

 Entretanto, o filme começa a perder um pouco do seu foco principal ao decidir expandir a proposta além do necessário. Em uma tentativa de ousar, Luc Besson insere um pouco de musical em uma única cena, ao se aprofundarem na história do perfume que o próprio Drácula desenvolveu, e alguns momentos de alívio cômico que não conversam muito bem com a atmosfera construída até então. Tais escolhas geram estranheza, não pelo fato de ser inusitado, mas pela desconexão com a temática e o tom da narrativa. São momentos que se destoam do lirismo visual e da profundidade emocional que a trama nos apresenta, interrompendo um pouco da imersão do espectador e deixando a sensação de que o filme está constantemente buscando a sua verdadeira identidade. 

 Apesar desses desvios, Drácula consegue retomar com um pouco mais de estabilidade em seu terceiro ato. O desfecho, ainda que longe de ser impactante, consegue amarrar a jornada do Conde de forma coerente, respeitando a essência trágica da obra inicialmente. No entanto, é inegável que a experiência em um tudo acaba se fragilizando por consequência das oscilações de tom que atravessam a narrativa. 

 Por fim, Drácula: Uma História de Amor Eterno, vale a experiência de ser assistida, especialmente pela riqueza visual e pelo esforço em expor uma nova visão para o personagem clássico por uma lente mais íntima e poética. É um filme com muitos acertos técnicos, mas acaba perdendo um pouco de força ao tentar ser mais do que precisava. A tentativa de inovar é válida, mas faltou equilíbrio para que essa ousadia não se tornasse um ruído dentro de uma história que por si só já tinha potencial o suficiente.


Autor:

Bárbara Borges é do Rio de Janeiro e estudante de Jornalismo. Apaixonada por cinema desde criança, sempre foi movida por histórias intensas, especialmente as de terror, seu gênero favorito. Em 2024, dirigiu o documentário Além do Recinto, que levanta questionamentos sobre o bem-estar de animais silvestres em zoológicos e o impacto do confinamento longe de seus habitats naturais. Gosta de pensar no cinema como uma forma de provocar, sentir e transformar. Vive atualizando seu Letterboxd com comentários sinceros e, às vezes, emocionados. Entre seus filmes favoritos estão Laranja Mecânica, Psicopata Americano, Pânico, Pearl e Premonição 3.

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