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terça-feira, 1 de abril de 2025

Onda Nova - Sexo, drogas, futebol feminino e quebra de tabu

Onda Nova | Vitrine Filmes


Sinopse: ONDA NOVA, 1983, é uma comédia erótica e anárquica que reúne histórias das jogadoras do Gayvotas Futebol Clube, um time de futebol feminino recém-formado em plena ditadura militar, no ano em que o esporte foi regulamentado no Brasil, depois de ter sido banido por 40 anos. Com o apoio de renomados jogadores da época como Casagrande, Pitta e Wladimir, elas enfrentam os preconceitos de uma sociedade conservadora. Paralelamente, lidam com seus problemas pessoais e familiares, e se preparam para um simbólico jogo internacional contra a seleção italiana.

Após sua primeira exibição na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 1983, Onda Nova foi censurado pela ditadura militar, por ser considerado “subversivo e amoral”. Dessa forma, estreou apenas quarenta e dois anos depois de sua produção, o que diz muito sobre o passado e o presente. Em uma época de ascensão da extrema direita, temas como os retratados no filme correm o risco de serem suprimidos novamente.  


Sob direção de José Antonio Garcia e Ícaro Martins, o elenco conta com nomes como Wladimir Rodrigues dos Santos, Walter Casagrande e Olívio Pitta, ícones da Democracia Corintiana, além do narrador Osmar Santos e de Caetano Veloso, figura fundamental na oposição à ditadura, especialmente no meio musical.  


Nesse contexto, somos apresentados ao Gayvotas Futebol Clube, um time fictício de futebol feminino carioca, treinado por Casagrande. Gradualmente, o filme nos introduz aos personagens, suas vidas e dilemas. Se, por um lado, o simples fato de retratar o futebol feminino já era considerado problemático e transgressor para a época, o longa vai além ao abordar temas como sexualidade, consumo de drogas, aborto e não monogamia, tudo de maneira explícita e sem pudores. O próprio nome do time, “Gayvotas”, já carrega uma sátira por si só.  


Há quem diga que as cenas de sexo em Onda Nova são excessivas e despropositadas, mas é essencial considerar o contexto em que o filme foi realizado e sua ressonância até os dias atuais. Em uma sociedade onde a vida era restringida por limites arbitrários e uma moralidade imposta que não tolerava certas pautas, o longa surge com a proposta de romper totalmente com o que era considerado aceitável e resgatar o imaginário de uma juventude liberal, que desafia os pais e tem sua própria maneira de enxergar o mundo.  


Entre as discussões levantadas pelo roteiro, uma das mais presentes é o espaço que as mulheres ocupam. Um dos melhores exemplos disso é a personagem Lilli (Cristina Mutarelli), goleira do Gayvotas, que corta o cabelo curto, beija meninas e tem diversos atritos com sua mãe (Patrício Bisso), interpretada por um ator de traços grosseiramente masculinos. Essa escolha reforça um contraponto, promovendo uma “inversão de papéis” e desmistificando os rótulos sociais.  


Nos aspectos técnicos, o longa se destaca pela direção de fotografia excepcional, que capta belos planos da vida urbana noturna do Rio de Janeiro, além de criativas passagens oníricas que, ora comunicam uma mensagem objetiva, ora apenas “viajam”. Em linhas gerais, Onda Nova não é um filme que agradará a todos os públicos, mas levanta debates importantes e contemporâneos de maneira engenhosa e ousada, além de oferecer uma experiência desafiadora e provocativa para aqueles dispostos a abrir a mente para sua proposta.  


                                                              Autor:


Mateus José é graduando de Licenciatura em Cinema e Audiovisual pela UFF, escritor, poeta, montador e aspirante a diretor de fotografia. Apaixonado pelas artes, literatura, música e principalmente o cinema, dedica-se a consumir, estudar e dissecar as camadas mais profundas do cinema e da arte.



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