terça-feira, 19 de agosto de 2025

Amores à parte (2025) - As aparências enganam

Amores à Parte | Diamond Films


Relacionamentos não são fáceis. Carey (Kyle Marvin) e Ashley (Adria Arjona) sabem muito bem disso. Ele é um professor de educação física, ela uma life coach. Os dois estão casados há vários anos e, ultimamente, a relação está passando por um momento de baixa. Eles ainda não tem filhos e a vida sexual deles não é das melhores. Tudo muda quando eles presenciam um acidente na estrada e a Ashley finalmente toma a decisão de pedir o divórcio do marido, que está bem acomodado nesse relacionamento.

Sem muito chão para se firmar, depois dessa revelação, Carey acaba se refugiando na casa de um casal de amigos: Julie (Dakota Johnson), uma artesã e ceramista, e  Paul (Michael Angelo Covino), um empresário do ramo imobiliário. Eles são ricos, vivem em uma mansão um pouco afastada da cidade e tem um filho, Russ (Simon Webster), que é ao mesmo tempo doce e endiabrado. A Julie e Paul aparentam ter uma vida perfeita, um relacionamento duradouro e sólido. Qual é o segredo deles? Um relacionamento aberto. 

Essa informação muda a percepção de Carey sobre o casal.  Mas as aparências enganam. Pois, a situação começa a mudar, quando, em uma noite em que Paul não está em casa, a Julie começa a se abrir mais com Carey sobre o seu relacionamento e dá sinais de que ela quer ter uma interação mais íntima com o amigo, no que este cede. E o que irá suceder, após a transa de Julie e Carey, é uma rede quadrilátera de paixões e altas invejas em Amores à parte (2025), uma atrapalhada e divertida comédia que estreou no 78o Festival de Cannes, lançamento da Neon nos Estados Unidos. O filme está programado para quinta-feira, 21/08, pela Diamond Filmes no Brasil. 

O longa-metragem é dirigido por Michael Angelo Corvino e coescrito por ele e Kyle Marvin; Dakota Johnson e Adria Arjona também ajudam na produção, uma na produção e outra como produtora executiva, respectivamente. Corvino despontou na direção com o longa-metragem Climb (2019), que, por sua vez, tem temáticas muito parecidas com este filme.

O título original Splitsville exprime melhor a sensação de “quadrilha” (sim, aquele poema de Carlos Drummond de Andrade) que o roteiro arquiteta, pois acompanhamos, de forma bem humorada, a dissolução de dois casamentos interligados entre si. Enquanto Carey tenta aplicar a lógica do relacionamento aberto para evitar um divórcio formal com Ashley, a Julie termina o casamento com Paul, porque ele colocou a família em uma posição financeiramente vulnerável. Mas a fagulha daquela noite ainda é presente tanto em Carey quanto em Julie.

Existe uma certa ironia nos personagens: eles se apropriam do conceito de relacionamentos abertos e não monogâmicos, mas não sabem ao certo a diferença que existe entre essas formas de amar. São pessoas possessivas e egoístas que, por mais que tentem se adaptar a uma nova situação, ainda têm aquele sentimento de territorialidade presentes nelas. 

No momento em que Carey conta a Paul sobre ter ficado com a esposa do amigo, de forma bem direta e honesta, a cordialidade entre eles se quebra. Paul dá um tapa em Carey, depois um outro, logo o amigo revida e, de pouco em pouco, a situação se escala em um briga completa em que a casa em que eles estão é quase destruída no processo. É uma cena muito bem feita e, o modo que a progressão da decupagem desse conflito é espetacular, de um ponto de vista técnico. 

Covino apresenta um ótimo senso de fotografia: os enquadramentos são bem feitos e realçam a comédia física do filme; o jogo de luzes e sombras nas cenas noturnas denotam uma relação de desejo e objeto. Só reparar como, nesses momentos, o rosto da personagem de Johnson está iluminado, enquanto os das outras personagens estão envoltos na obscuridade. E quando ambos personagens estão envoltos em luz e sombra, de forma igual, o desejo é mútuo, porém conflituoso. Há um limite no qual não sabem que podem ultrapassar. É um trabalho visual bem preciso que eleva a experiência do filme e cria um clima muito aconchegante até. 

Outro ponto positivo é o roteiro de Corvino e Marvin que, apesar de ser um pouco redundante na temática, funciona como um estudo bastante divertido de personagem. O texto coloca uma situação aos personagens principais e acompanhamos justamente a evolução dessas pessoas ao longo da narrativa, que é dividida em partes para demarcar os pontos de virada da obra; não sei se era 100% necessário, neste caso. Além disso, o trabalho de mesclar todo esse trabalho de desenvolvimento de personagem e mesclar com cenas de comédia física e momentos de piada não é tarefa fácil. O que temos aqui é uma comédia que bebe de várias fontes: a fisicalidade das comédias de Buster Keaton, tom megalomaníaco das screwball comedies dos anos 30 e o estilo de humor das comédias que surgiram na nova Hollywood, nos anos 70; algo entre Allen e Bogdanovich.

É claro que para carregar a pretensão artística da produção, o filme necessita de performances que não deixam a peteca do roteiro cair no chão.  Há uma sinergia entre os atores bem palpável que deixa o clima bem íntimo dos espectadores:

 Michael Angelo Corvino e Kyle Marvin tem bastante química juntos, que não vem somente deste projeto. Enquanto Corvino traz uma performance bem passivo agressiva, Marvin incorpora uma personalidade mais inocente e o ator consegue lidar bem com o humor físico. A reação dele em uma cena que envolve peixes é impagável. Dakota Johnson tem um papel contido, porém ambíguo, no qual se encaixa bastante no seu leque de performances de personagens carismáticas e introvertidas. Adria Arjona também está bem em um papel egocêntrico e narcisista, que começa a repensar suas prioridades amorosas, com resultados que beiram ao fator cringe (como qualquer pessoa que se diz como coach de algo).

Amores à parte (2025) é um filme que peca um pouco no desenvolvimento do tema, mas tem um trabalho de direção de atores bem forte, personagens complexos e sua comédia de situação que atinge o seu alvo, com algumas das cenas mais hilárias do ano. Uma farsa com tempero estético. A moral é: relacionamentos abertos não funcionam com os héteros, são possessivos e apegados demais, é melhor deixar nas mãos das gays mesmo. 

    Autor:
                                  

Eduardo Cardoso é natural do Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa. Cardoso é graduado em Letras pela Universidade Federal Fluminense e mestre em Estudos de Linguagem na mesma instituição, ao investigar a relação entre a tragédia clássica com a filmografia de Yorgos Lanthimos. Também é escritor, tradutor e realizador queer. Durante a pandemia, trabalhou no projeto pessoal de tradução poética intitulado "Traduzindo Poesia Vozes Queer", com divulgação nas minhas redes sociais. E dirigiu, em 2025, seu primeiro curta-metragem, intitulado "atopos". Além disso, é viciado no letterboxd.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Os Caras Malvados 2 - Redenção difícil, zoeira garantida.

Os Caras Malvados 2 | Universal Pictures

Os Caras Malvados estão lutando para encontrar confiança e aceitação em suas novas vidas como mocinhos quando são retirados da aposentadoria e forçados a fazer “um último trabalho” por um esquadrão do crime composto apenas por mulheres.

No filme anterior, o grupo principal era rotulado como malvado principalmente por conta do preconceito que sofriam por serem animais considerados naturalmente selvagens, perigosos e, portanto, indesejados pela sociedade. Essa marginalização os empurrou para uma vida criminosa, já que, independentemente de suas intenções, eles nunca foram verdadeiramente aceitos ou compreendidos. No entanto, mesmo após sua redenção e os esforços genuínos para se tornarem heróis e fazerem o bem, Os Caras Malvados 2 mostra que a sociedade ainda não está pronta para perdoar ou esquecer o passado deles. A desconfiança persiste, revelando que mudar quem você é por dentro nem sempre é o suficiente quando o mundo ao seu redor continua preso a estigmas e julgamentos antigos. Esse conflito reforça a mensagem de que, muitas vezes, a maior batalha não é contra vilões ou obstáculos externos, mas contra os preconceitos profundamente enraizados nas estruturas sociais.

Esse filme é outro exemplo de sequência que supera seu antecessor, elevando tanto o humor quanto a profundidade emocional dos personagens. Os Caras Malvados 2 mergulha mais fundo nos dilemas internos do grupo, mostrando como cada um lida com a tentação de retornar à antiga vida de crimes enquanto tenta se manter no caminho da redenção. O filme traz o humor ousado característico da DreamWorks, como já vimos em Shrek, por exemplo, na cena em que Shrek chega a Duloc, repara no tamanho da torre do Lorde Farquaad e faz uma piada insinuando que ele estaria tentando compensar alguma coisa. Em Os Caras Malvados 2, o tom é semelhante, especialmente na relação entre o Sr. Cobra e a Sina (ou Susan). Apesar de serem espécies diferentes — algo recorrente nos filmes do estúdio, como o romance entre Melman, a girafa, e Glória, o hipopótamo, em Madagascar — aqui a parceria romântica é entre uma cobra e uma ave. Uma das cenas que melhor exemplifica esse humor mais ousado é os dois se beijando de forma exagerada, com o Sr. Cobra envolvendo totalmente o bico dela com a boca. Em outro momento, durante uma missão em que estão invadindo um cofre, os dois se comunicam por rádio, e o Sr. Cobra faz uma piada com duplo sentido sobre "arrombar o cofre". A conversa acaba sendo ouvida pelo Sr. Piranha, que, chocado, interrompe e pergunta se eles estão mesmo falando do cofre. Enquanto o primeiro filme foi bem mais tímido com esse tipo de piada, aqui os roteiristas se mostraram claramente mais à vontade para ousar — e o resultado é um humor mais afiado, provocativo e divertido.

Aqui, a animação traz bem mais cenas de ação, ao contrário do primeiro filme, que, embora tivesse sequências incríveis — como a cena inicial dos Caras Malvados fugindo da polícia e a da Diane na prisão derrubando os guardas —, apresentava poucas cenas desse tipo. Já nesta continuação, a ação ganha muito mais espaço. Logo no início, há uma sequência ambientada anos antes, quando o grupo ainda era do mal, durante um roubo eletrizante. Além disso, destaca-se a cena da luta livre, em que eles tentam impedir o roubo de um cinturão, trazendo ritmo e intensidade à trama.

A animação continua sendo um verdadeiro espetáculo visual, mantendo a estilosa mistura de 2D com 3D. Há momentos de humor visual bem marcantes, como, por exemplo, quando um dos personagens, em completo desespero, aparece gritando com uma expressão exagerada — totalmente em 2D —, criando um contraste cômico e expressivo com o restante da cena.

Os Caras Malvados 2 consegue ir além do que se espera de uma continuação, entregando um filme que é ao mesmo tempo mais ousado, mais engraçado e mais profundo que o original. Ele não apenas expande o universo e desenvolve ainda mais os personagens, como também reforça temas relevantes sobre identidade, preconceito e aceitação. Com uma animação vibrante, cenas de ação mais intensas e um humor afiado que não tem medo de brincar com os limites, o filme mostra que é possível evoluir sem perder o charme do que veio antes. Seja pela estética marcante, pelas relações inusitadas entre os personagens ou pela crítica social embutida na trama, essa sequência prova que os "caras malvados" ainda têm muito a dizer — e fazer — no mundo dos heróis improváveis. 

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

O Ritual (2025) - HIC FILM NON EXORCISTAM EST*

O Ritual | Paris Filmes

No ano de 1928, um exorcismo ocorreu nos solos sagrados de uma igreja na cidade de Earling, no estado de Iowa. O objeto da suposta possessão demoníaca é Emma Schmidt, uma senhora balzaquiana, filha de imigrantes alemães. Caso você leu a última frase do parágrafo anterior e percebeu um tom de história de superação, ou até mesmo uma pitada de auto-ajuda, neste caso, você leu certo e não está possuído por um demônio algum; pois, em dado momento da narrativa, o filme embarca nessa mesmo ideia. 

Seus dados biográficos são confusos. Aparentemente, não era a primeira vez que fora possuída por forças ocultas. Porém, anos após ser vitimada pelos espíritos possessores, Emma é novamente submetida ao exorcismo. O pároco Joseph Steiger consulta o padre que realizou a primeira tentativa de exorcizar Schmidt há duas décadas atrás, o Pe. Theophilus Riesinger; e sugere que um novo ritual deve acontecer. 

Durante várias sessões na segunda metade do ano, Riesinger e Steiger, com ajuda de freiras da congregação local, realizaram os procedimentos para o expurgo. Schmidt, possuída, apresentava sinais de inanição e desidratação, reagia de forma bastante violenta às tentativas dos religiosos, levitava da cama, se debatia, vomitava dejetos estranhos, falava em línguas que desconhecia, que estava possuída por Judas (sim, este mesmo que você está pensando agora!) e pelo espírito do próprio pai… Este longo e tortuoso exorcismo terminou bem perto da véspera de natal, e o caso foi documentado e difundido através dos anos como o caso secular de exorcismo nos Estados Unidos. Por mais que o ritual de Reisinger e Steiger foi um sucesso, sua adaptação cinematográfica, lançada em 2025, é uma outra história.

O filme O Ritual, lançamento da Paris Filmes no Brasil, é dirigido por David Midell, cujo currículo é modesto. Mas se esta obra for a prova de sua filmografia, suas intenções na sétima arte não são promissoras. 

Na trama do filme, um recém enlutado Joseph Steiger (Dan Stevens) retoma a normalidade de sua paróquia após o suicido de seu irmão. A rotina da comunidade muda completamente quando Steiger é procurado por seus superiores para abrigar Emma Schmidt (Abigail Cowen), uma jovem de vinte e poucos anos possuída, e o Pe. Theophilus Riesinger (Al Pacino) que irá se encarregar de seu exorcismo. 

O comportamento violento da moça assusta as freiras, incluindo a Irmã Rose (Ashley Greene), e a Madre Superiora (Patricia Heaton) da congregação. Enquanto Steiger questiona sua fé divina e Riesinger tenta esconder seu passado, ambos precisam colocar de lado suas diferenças e unir forças para tentar salvar Emma dos demônios que a atormentam, em várias tentativas frustradas de exorcismo. Midell utiliza-se da carta manjada do cinema de “baseado em fatos reais” para tentar causar empatia e medo em seus espectadores. No entanto, Al Pacino falando chavões motivacionais para a personagem de Stevens é um artifício pobre e cafona de uma escrita clichê; e os momentos de sustos são compostos de jumpscares aleatórios e bastante forçados por uma sonoplastia exagerada. O filme almeja por um shock value, mas consegue alguns bocejos e sobrancelhas arqueadas, ou um leve arrepio no máximo.

As personagens parecem opacas, patéticas, durante toda a narrativa. Arcos dramáticos são quase nulos. Embora Emma Schmidt seja importante para a trama, é mal articulada, não há vínculo emocional com ela; explorando mais sua possessão e o abuso físico que seu corpo sofre pelas entidades demoníacas. A atuação de todas as personagens é mal dirigida, não-existente na maior parte. 

O roteiro não consegue desenvolver o seu lado psicológico nem os temas do filme - como morte, fé e compulsão sexual -  de forma minimamente interessante, pipocando quase de forma aleatória. A fotografia é tenebrosa, mal enquadrada, tremida, estilo mockumentary, com uso excessivo de zoom ins e fundo desfocado que distraem o espectador, junto de uma edição picotada e confusa. Tais imagens desorientam o público e dizem absolutamente nada do ponto de vista semiótico.

Para um filme de época, mesmo que seja uma produção de baixo orçamento, o design de produção e figurino são bem limitados, tanto que a personagem de Pacino usa o mesmo traje a narrativa inteira. Orçamento minúsculo não é sinônimo de falta de criatividade. Pelo menos, o Steiger de Stevens preenche a caixinha do hot priest, mesmo sem a intenção.

Apesar do longa-metragem fugir da abordagem dos filmes de terror atuais recheados de cinismo, a obra não constrói uma carga dramática e nem atmosfera para sedimentar uma base catártica. David Midell utiliza do livre arbítrio da ficção para realizar escolhas sem sal que não compensam em nada; porém ao fazer Joseph Steiger, e não Riesinger, como o protagonista da trama, estabelece uma relação paradoxal com o Exorcista (1973) de William Friedkin. 

Por mais que William Peter Blatty não se inspirou, pelo o que este afirma, no caso de Emma Schmidt para confeccionar o Exorcista, o diretor de Ritual se apropria da jornada de Padre Karras e Merrin de Blatty para construir sua versão ficcional de Steiger e Riesinger. Há um paralelo claro entre as personagens mencionadas, mas Midell nunca dá a importância ou a originalidade para se sustentarem por si. O resultado dessa falta de exercício de narrativa? Uma cópia barata do clássico dos filmes de exorcismo. Ou tão ruim quanto: uma fanfic especulativa. 

No fim, O Ritual é um filme feio, irritante, carecido de originalidade, forçado, exploratório, risível, que não entende ao certo tanto importância da temática abordada quanto a gramática do gênero do terror. A história de Emma Schmidt merecia um tratamento cinematográfico à la Robert Eggers do que essa pataquada. Melhor assistir uma reprise de Exorcista ou de Exorcismo de Emily Rose (2005) que o susto é garantido.

*Este filme não é o Exorcista (Tradução do título em latim)


                                                                  Autor:
                                  

Eduardo Cardoso é natural do Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa. Cardoso é graduado em Letras pela Universidade Federal Fluminense e mestre em Estudos de Linguagem na mesma instituição, ao investigar a relação entre a tragédia clássica com a filmografia de Yorgos Lanthimos. Também é escritor, tradutor e realizador queer. Durante a pandemia, trabalhou no projeto pessoal de tradução poética intitulado "Traduzindo Poesia Vozes Queer", com divulgação nas minhas redes sociais. E dirigiu, em 2025, seu primeiro curta-metragem, intitulado "atopos". Além disso, é viciado no letterboxd.

Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda (2025) - Mesmo raio, contextos diferentes

Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda | Disney


Ao entrar na cabine deste filme, este crítico caiu em lembranças longínquas de ir ao cinema, quando criança que aprendeu a não ter medo do escuro, acompanhado de sua mãe e avó. Muitos dos filmes vistos nesse breve período de tempo, se tornaram marcos cinematográficos de uma geração de jovens. Um desses filmes foi Sexta-Feira Muito Louca, lançado em 2003, que se tornou um clássico entre os late millenials que cresceram nos anos 2000 e foi revisitado pela gen z pela sua estética Y2K nos últimos anos. Mas a história desse filme vem muito antes do século XXI.

Freaky Friday, título no original, é um livro infanto-juvenil escrito por Mary Rodgers, lançado em 1972, que teve seus direitos comprados pela Disney logo após sua publicação. A obra foi adaptada, desde os anos 70, para o cinema, televisão e teatro. Suas duas principais adaptações para o cinema foram: Se eu fosse minha mãe (1976), com Barbara Harris e Jodie Foster; e o já mencionado filme de 2003, com Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan no elenco. 

Na trama desta última versão, Curtis e Lohan são Tess e Anna Coleman, respectivamente, uma mãe psicóloga e uma filha roqueira, que não se dão bem às vésperas do novo casamento de Tess. Após ambas lerem uma profecia em um biscoito da sorte, elas acordam no corpo uma da outra, no dia seguinte. Assim, mãe e filha devem descobrir como reverter a profecia, enquanto tentam convencer a todos em seus novos papéis. Reavaliando antes de assistir sua sequência, é um filme que continua bastante divertido e energético, apesar de apresentar elementos orientalistas, que acabam sendo centrais no decolar da narrativa. 

No entanto, antes de assistir a versão de 2025, este crítico se perguntava de vez em quando: “por que fazer uma continuação desse filme?” Afinal, é um questionamento válido em que a indústria cinematográfica, especialmente a estadunidense, mercantiliza a nostalgia por filmes de épocas passadas, com remakes e continuações. Além disso, precisamos lembrar que estamos falando da Disney, que qualquer animação com mais de dez anos de lançamento seja considerada para ser transformada em um live action. Então, a chance de ser mais uma jogada “caça níquel” da empresa é alta. Felizmente, este não é o caso.

Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda (2025), título brasileiro imenso por sinal, é uma continuação que parte diretamente da adaptação de 2003, e não dos outros livros de Rodgers. 

Vinte e dois anos depois dos eventos do primeiro filme, Anna Coleman (Lindsay Lohan) agora é uma ex-guitarrista e agente musical de uma gravadora de sucesso que cuida de sua filha Harper (Julia Butters), com a ajuda de sua mãe Tess (Jamie Lee Curtis). Após Anna conhecer o viúvo Eric (Manny Jacinto), eles entram em um relacionamento e, meses depois, decidem se casar. Porém, sua filha e sua futura enteada, Lily (Sophia Hammons), se detestam e odeiam o fato de que seus pais irão se unir em matrimônio. E durante os desafios que surgem da união de duas famílias, Tess e Anna descobrem que um raio cai sim duas vezes no mesmo lugar, uma vez que as quatros mulheres, jovens e maduras, trocam de corpos entre si. Enquanto isso, Harper e Lily fazem de tudo para que o casamento de seus pais não aconteça.

Como a sinopse sugere, a nova versão não só continua a história das personagens do primeiro quanto também funciona como um soft reboot ou uma legacy sequel, uma vez que o roteiro de Jordan Weiss se apropria da base narrativa, quase identicamente, do longa anterior. Então, para continuar esta análise, devemos fazer uma pergunta: “quais são os motivos por trás desse filme e o querem provar com isso?”

Sexta-Feira de 2003 foi um sucesso de crítica especializada e público e Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan ficaram imortalizadas em seus papéis. Apesar de serem artistas bastante diferentes, as carreiras de Curtis e Lohan passaram por altos e baixos em mais de vinte anos.

Este foi um dos últimos papéis de Curtis antes de sua brevíssima aposentadoria, por cerca de dois anos, e voltou à atuação em filmes que foram mal de crítica. Trabalhou também na televisão e em dublagens de animação. Sua carreira começou a ter mais visibilidade novamente com a série cult de “terrir” Scream Queens (2015-16) e os legacy sequels da franquia Halloween (2018-22). Em 2023, Curtis ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante no divisivo Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022). 

Já a carreira de Lohan chegou a um apogeu como uma estrela teen com o lançamento de Sexta-Feira e de Meninas Malvadas (2004), ambos filmes dirigidos por Mark Waters por sinal. Além da atuação, ela também tentou uma carreira musical. Porém, por problemas de ordens pessoais e midiáticas, afastou-se da atuação por um breve tempo para se recuperar. Entre melhoras e recaídas, a atriz tentou, no início da década de 2010, retomar como atriz em dramas biográficos e suspenses psicossexuais que foram fracasso de crítica. Lohan mirou em projetos na televisão como documentários e pontas em seriados durante o restante da década. 

Em 2022, voltou a trabalhar em filmes de streaming nos gêneros de comédia e romance que a consagraram na juventude. Sexta-Feira 2, vamos chamar assim, é o seu primeiro lançamento como protagonista nos cinemas, após The Canyons (2013).

E com este novo ressurgimento no mercado hollywoodiano, temos duas mulheres que, através de uma obra que teve um impacto significativo em suas vidas profissionais, principalmente Lohan, querem provar que ainda possuem o mesmo carisma e energia como protagonistas. De fato, elas esbanjam isso neste filme.

As duas atrizes estão muito confortáveis em seus papéis e continuam ter a mesma química que as fizeram ser elogiadas na dinâmica original. Enquanto Curtis se diverte os divertidos choques de realidade da terceira idade, Lohan tem um papel muito mais central aqui - afinal, o primeiro plano do longa é uma visão idealizada de sua personagem para quem cresceu com o filme - visto que a narrativa foca na sua relação entre Anna e sua filha, assim também com seu noivo. No drama, nem sempre sua atuação flui, mas, na comédia, ela brilha.

Curtis e Lohan se entregam ao ridículo, à comédia corporal, com espontaneidade bastante latente, sem medo do caricato, sem amarras que limitam suas performances e nem o humor leve e bobo da obra. Uma das melhores cenas com as duas em cena envolve Lohan flertando com feições macarrônicas, enquanto Curtis se esconde atrás de vinil de Björk e de outras divas pop. 

Elas, já com uma experiência na atuação, também tem química com as novatas Julia Butters e Sophia Hammons, que conseguem se encaixar no tom do filme e seguraram bem seus papéis; simbolizando a triangulação entre intergeracional entre geração boomer, millenial e gen z que a trama quer promover, de forma orgânica. Aliás, os atores estão bem, nunca extrapolando aquilo que é pedido deles; entendendo quem são seus personagens, como devem agir em cena  e não perdendo o timing cômico de suas piadas. 

A diretora Nisha Ganatra, que tem experiência com filmes de comédia, entende muito bem para quem este longa-metragem está sendo feito e faz um trabalho competente em criar o clima da história. Há sim um apelo nostálgico a versão de 2003, mas, na direção de Ganatra, isso nunca se torna um tópico exagerado, em comparação com outros filmes apelam para a nostalgia e o fan service (detesto essa palavra!); aqui, somente o necessário. O roteiro aqui tem um contexto explicativo que poderia ser um pouco mais enxuto, mas funciona. Além disso, há um esforço da produção em remediar o orientalismo da versão anterior, colocando atores de ascendência asiática em papéis de destaque e agência, e trocando o dispositivo do bolinho da sorte por uma quiromante fracassada (uma participação divertida de Vanessa Bayer).

Comédias como Sexta-Feira 1 e 2, antigamente, eram feitas para ser lançadas diretamente no cinema e com o passar dos anos, tornou-se um gênero bastante nichado para o streaming. Então, é interessante ver um filme do gênero sendo produzido em formato cinematográfico, emulando um estilo de filme que não se produz muito no cenário atual. Porém, mesmo com investimento e uma boa direção, o filme tem um trabalho de fotografia um pouco aquém, menos ousado, se compararmos o longa de 2003; substituindo movimentos e jogos de câmera com efeitos visuais cafonas e baratos que parecem vindo de algum filtro do tiktok. 

A continuação de 2025, com seus acertos e erros, é uma comédia leve e divertida, que revisita seu antecessor, dando o devido respeito que lhe cabe na trama e personagens, com performances cômicas sólidas de seu elenco e sem exagerar demais no quesito da nostalgia. É um longa-metragem que nos lembra o motivo de termos gostado do primeiro filme, em primeiro lugar; mesmo que não tenha o mesmo frescor de outrora. Mesmo raio, contextos diferentes. 

O único questionamento que me permito a fazer, após o filme, é este: será que este estilo de narrativa de troca de corpos e amadurecimento seria um tema atemporal, ou será que é o efeito de mais uma sexta-feira louca nos cinemas? Talvez o tempo nos dará esta resposta.


                                                                  Autor:
                                  

Eduardo Cardoso é natural do Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa. Cardoso é graduado em Letras pela Universidade Federal Fluminense e mestre em Estudos de Linguagem na mesma instituição, ao investigar a relação entre a tragédia clássica com a filmografia de Yorgos Lanthimos. Também é escritor, tradutor e realizador queer. Durante a pandemia, trabalhou no projeto pessoal de tradução poética intitulado "Traduzindo Poesia Vozes Queer", com divulgação nas minhas redes sociais. E dirigiu, em 2025, seu primeiro curta-metragem, intitulado "atopos". Além disso, é viciado no letterboxd.

Salomé (2024) - Ou amor à flor de loló

Salomé | Vitrine Filmes


Uma mana vê um mano, ele retribui de volta. Eles se encontram na pista de dança. Os sentimentos ficam à flor da pele. Ele cheira uma latinha de loló, depois oferece para a garota. Ela inala a substância…  E o que ela vê é mágico, transformador, quase angelical. Este é um dos pontapés iniciais do longa-metragem Salomé (2024), dirigido por André Antônio, que vem conquistando festivais e mostras de cinema desde sua estreia no 57o Festival de Brasília.

No melodrama queer, nossa protagonista é Cecília (Aura do Nascimento), uma modelo de sucesso que mora em São Paulo. Ela retorna para Recife, para passar o natal com a mãe, Helena (Renata Carvalho). Cecília reencontra João (Fellipy Sizernando), um vizinho da infância, e fica fascinada pela beleza dele. Uma noite, João apresenta para ela um loló diferente, esverdeado, que leva a ligação entre os dois para um lugar de obsessão e mistério envolvendo um culto secreto em torno da figura de Salomé, a luxuosa princesa bíblica.

A personagem “Salomé” teve como sua maior recepção nas artes a peça homônima do escritor irlandês Oscar Wilde, texto foi publicado em francês no ano de 1893, mas sua tradução ao inglês foi censurada na Grã-Bretanha no ano seguinte. A versão de Wilde, um autor queer, penetrou no imaginário popular ao longo dos anos. 

No cinema, a peça inglesa deu origem a duas adaptações bastante interessantes a este crítico: Salomé (1922) de Alla Nazimova e Charles Bryant, com um elenco inteiramente LGBT, e A última dança de Salomé (1988) de Ken Russell, que reconstitui de forma livre a primeira (e clandestina) montagem da obra na Inglaterra e o atrito entre Wilde e seu amante, Lord Alfred Douglas. Felizmente, Antônio consegue costurar aqui um filme tão icônico quanto as adaptações mencionadas, mesmo que o intuíto seja mais conversar com o clássico de Oscar Wilde, do que recriar fielmente seu texto.

Assim como a peça, Salomé de Antônio é sobre desejo e anseio, mas o realizador atualiza a relação para a geração das relações líquidas, vazias, das redes sociais, do chemsex: o mundo do “pós-alguma coisa”, repleto de afetos artificiais e desilusões amorosas. 

A jornada de Cecília, nossa Salomé, é complexa, pois o desejo dela não é só passional, mas sim de tomar decisões, de enfrentar o impossível, ter as rédeas do próprio futuro. Isto vai de contra os desejos de Helena, sua mãe, que reza e tenta manipular um caminho para a filha, tal como Herodias tenta convencer Salomé a não ceder aos seus instintos e não usar e contrariar seu padrasto Herodes, o Tetrarca da Judéia.

Enquanto a personagem de Wilde é imponente e manipuladora para conseguir realizar o gozo de beijar Ionakaan, Cecília possuí uma inocência e um páthos, uma dor, que constroem sua personagem de forma humana e sensível. A intérprete, Aura do Nascimento, usa da pose e de seu carão como uma proteção de Cecília ao mundo exterior, mas consegue desmanchar para mostrar a vulnerabilidade da jovem em sua intimidade. 

Outro destaque do elenco, claramente, é a atriz Renata Carvalho, magistral como a mãezona Helena, pondo uma emoção palpável em cada palavra que diz e em cada reação que aparece na tela. Uma frase banal em sua boca carrega um sentimento profundo. Aqui, Carvalho não só incorpora um tipo específico de mãe, ela dá a luz a uma mãe na tela.

Salomé é muitas coisas, uma releitura de um clássico da literatura, uma história de amadurecimento tardio, de transformação interior, de paixões; um filme entre mãe e filha com representação trans… Mas o importante é que se trata de um “filme queer”, e Antônio e cia não só sabem disso, mas como dominam a linguagem do estranho, do diferente: 

O camp e o kitsch estão presentes na tela, como parte do léxico da obra e não como algo acidental. As cores são fortes e atraentes, quase almodovarianas, sendo o verde, remetente a cobra do jardim do Éden, a mais recorrente de todas. Tem uma mise en scène criativa. A edição cede ao experimental em certos momentos. O culto de Salomé, que tem uma importância significativa, parece uma versão reptiliana de Hot Boys ou Irmãos Dotados, saído de um filho híbrido entre Araki e Bressane. Com este trabalho, André Antônio consegue se sedimentar como um dos nomes mais interessantes do cinema queer brasileiro atual, ao lado de Daniel Nolasco e George Pedrosa.

É um filme com gosto (e cheiro de loló), senso de humor e muita ousadia de enxergar o mundo fora dos padrões, de brincar com as expectativas. Uma produção afiadíssima. A obra de Wilde culmina na tragédia, mas o filme de Antônio, na libertação. 

[Filme assistido durante o 14o Rio LGBTQIA+ - Festival Internacional de Cinema, realizado em 2025]



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Eduardo Cardoso é natural do Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa. Cardoso é graduado em Letras pela Universidade Federal Fluminense e mestre em Estudos de Linguagem na mesma instituição, ao investigar a relação entre a tragédia clássica com a filmografia de Yorgos Lanthimos. Também é escritor, tradutor e realizador queer. Durante a pandemia, trabalhou no projeto pessoal de tradução poética intitulado "Traduzindo Poesia Vozes Queer", com divulgação nas minhas redes sociais. E dirigiu, em 2025, seu primeiro curta-metragem, intitulado "atopos". Além disso, é viciado no letterboxd.

Hora do mal - Sumiram as crianças, sobrou o mistério

Hora do Mal | Warner Bros. Pictures

Todas as crianças da mesma sala de aula, exceto uma, desaparecem misteriosamente na mesma noite e exatamente no mesmo horário. A comunidade fica se perguntando quem ou o que está por trás do desaparecimento.

O filme é contado em capítulos, apresentando a história de cada personagem. Ao mesmo tempo, ocorrem eventos que só serão revelados em capítulos futuros. Por exemplo, há uma cena em que Justine vai até um posto de gasolina e, de repente, um homem aparece tentando matá-la. A forma como a narrativa do longa é construída — dividida em capítulos que acompanham diferentes personagens e revelam gradualmente os acontecimentos — lembra o estilo do filme Elefante, de Gus Van Sant. Assim como em Elefante, os eventos são mostrados de perspectivas diferentes, e certas cenas só fazem sentido quando revisitadas por outro ponto de vista, o que cria uma sensação de suspense e sobreposição temporal. A Narrativa se destaca por parecer uma série de contos que se conectam aos poucos. O filme aposta em uma abordagem menos convencional, focando em uma construção mais ambiciosa e menos previsível. O desaparecimento das crianças e a mudança de perspectiva na câmera aumentam a tensão, enquanto os cortes inesperados mantêm o ritmo, reforçando a ligação entre os capítulos.

Distanciando-se da fórmula tradicional baseada em jumpscares, o filme opta por uma construção de tensão mais sutil e progressiva. Em vez de recorrer a sustos fáceis ou efeitos sonoros abruptos, a narrativa se desenvolve com base em um clima crescente de desconforto e inquietação, que vai se intensificando à medida que novas camadas da história são reveladas. Essa tensão é amplificada por um trabalho de câmera extremamente cuidadoso — com enquadramentos que ora seguem os personagens de perto, ora os isolam no espaço, reforçando a sensação de vulnerabilidade e suspense. Essa abordagem permite que o terror surja não do choque imediato, mas da atmosfera e da antecipação, criando uma experiência mais psicológica e imersiva. Ao evitar os recursos convencionais do gênero, o filme direciona o foco para o desempenho do elenco, oferecendo aos atores espaço para desenvolver emoções mais complexas, contidas e realistas. Com isso, o horror se torna mais humano e palpável, refletindo não apenas o medo do que está por vir, mas também o peso emocional que cada personagem carrega ao longo da trama.

O filme vai além das convenções do terror ao inserir camadas temáticas que aprofundam sua narrativa. Entre os temas abordados estão a negligência parental, refletida em figuras paternas ausentes ou desconectadas; a tendência da sociedade em apontar culpados imediatos para tragédias complexas, muitas vezes sem compreender as nuances envolvidas; e a dificuldade humana em lidar com o desconhecido ou com eventos que escapam à lógica. Esses subtextos não apenas enriquecem a trama, mas também convidam o espectador à reflexão, tudo isso sem prejudicar o ritmo ou a fluidez da história. Pelo contrário, eles acrescentam densidade emocional e ampliam o impacto da narrativa, elevando o filme para além do mero entretenimento.

Hora do Mal possui uma narrativa fragmentada, visualmente precisa e tematicamente ousada, o filme se consolida como uma obra de terror que desafia convenções e aposta na inteligência do espectador. Ao evitar fórmulas batidas e sustos previsíveis, entrega uma experiência mais madura, atmosférica e emocionalmente impactante. A combinação entre estrutura narrativa não linear, tensão cuidadosamente construída e subtextos sociais relevantes transforma o longa em algo mais do que um simples thriller: é uma reflexão sobre medo, perda e a complexidade das relações humanas diante do inexplicável. Em um gênero muitas vezes limitado por suas próprias regras, esta é uma obra que encontra força justamente ao quebrá-las.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

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