quarta-feira, 18 de setembro de 2024

O Desprezo - O Cinema como Espelho

O Desprezo | Les Films Concordia

O Desprezo (Le Mépris), é um drama francês de 1963, dirigido por Jean-Luc Godard, que explora a crise de um casamento, trabalhando em conjunto com uma releitura da Odisseia de Homero. Além disso, apresenta diferentes pontos de vista do cinema, arte e mercado, de forma que o diretor cria uma grande metalinguagem cinematográfica.

A Novelle Vague ou nova onda, foi um movimento francês, que tinha como um de seus pilares a quebra do clássico, para que novas formas de expressão surjam. “O desprezo” surge como um reflexo tardio e mais sofisticado da Novelle Vague, se utilizando muitos dos pilares cinematográficos do movimento, como a utilização de planos longos, ângulos não convencionais, entre outros. Para Godard, a originalidade do cinema está na forma com que o seu realizador manipula a câmera no intuito de moldar a realidade, portanto, a partir disso Godard cria uma reencenação/reinterpretação da Odisseia, porém, em outro formato, outro contexto e outro tempo, dessa forma Godard põe em evidência a evolução do cinema e da arte num geral, porque toda obra é sobretudo, fruto de seu tempo.

Nessa obra, o diretor se encontra mais maduro cinematograficamente falando, criticando diretamente a divisão e embate do cinema americano (evidenciado como um cinema mercadológico) e o cinema europeu (cinema verdadeiramente artístico). Vemos Fritz Lang, tanto atuando como sendo interpretado, como um clássico diretor europeu, sendo moldado por um produtor americano, deixando seu filme o mais americanizado possível, desenvolvendo um embate entre o cinema mercadológico e o cinema arte, essa dialética é evidenciada na barreira linguística que separa Fritz Lang, do produtor americano.

Sobretudo, é um filme sobre emoções, pessoas e a irracionalidade ao redor delas. O desprezo, que nomeia a obra, é sentido por Camille, maravilhosamente interpretada por Brigitte Bardot, em relação a seu marido, porém ele é mostrado de forma imediatista, de maneira bem colocada, pois apresenta os sentimentos como são em seu cerne, as vezes não existem explicações ou planejamentos. Não existem regras que oprimam as emoções.

Além disso, o filme a todo momento ensaia encerrar, e dessa forma Godard, nos demonstra que o antigo cinema precisa morrer para que um novo floresça. Godard, por muitas vezes, apresenta as estátuas neoclássicas, e o estado em que elas se encontram. Dessa forma, o cineasta francês nos mostra a decadência do cinema, sendo deixado de lado, assim como as estátuas, uma vez gloriosas.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Sofia Foi - E nunca mais será

 

Sofia Foi | Vitrine Filmes

Antes de mais, vale relembrar que o cinema é uma arte que vive em eterno paradoxo entre a arte expressiva e o meio comercial. E desde sempre parece que são nas obras com menos recursos monetários que se encontram as maiores e mais interessantes cargas de valor artístico e expressão dos autores. A presença do nome do diretor Pedro Geraldo e da protagonista e também roteirista Sofia Tomic em várias outras funções de equipe técnica somada à própria estética visual do filme, que remonta uma aparência do início da era digital, mostra como não são os equipamentos e recursos que fazem um bom filme, e sim as mentes e corações inquietos, e Sofia Foi não falha.

Vencedor do prêmio de Primeiro Filme do Festival Internacional de Cinema de Marseille, vemos a história de Sofia, uma jovem que acaba de ser despejada de seu apartamento e suspende seus estudos para oferecer seus serviços como tatuadora dentro da própria universidade para conseguir sobreviver, enquanto passa pela confusão emocional de um luto decorrente da perda de sua namorada. Ela vaga sem rumo pelo campus da universidade e se permite ser devorada pelas lembranças da sua história de amor que não pôde ter um final, a deixando numa eterna angústia de não saber o que sentir ou o que fazer. O filme apresenta uma relação de reflexo entre as duas meninas, como se com essa morte, Sofia tivesse perdido metade dela mesma, mas não deixando de ser uma personagem verossímil que ri, conversa com seus amigos e sonha quando dorme, pois não resta escolha para os que continuam vivos, a não ser continuar a viver.

Apesar de lento e contemplativo, o filme prende o espectador pela estética e profundidade da personagem, em como ele nos conta essa história de desaparecimento. Desaparecimento de tudo que tem, até o desaparecimento de quem é. Sofia luta para continuar seguindo sua vida, mas a realidade a oprime. O filme relaciona lindamente a relação do espaço com o corpo, que é o que, na forma mais material possível, como a humanidade experiencia a vida e junta a noção de existência e realidade com aquilo que se pode tocar e sentir.

Geraldo se mostra um diretor autor inteligente que domina seu meio para contar a história de Sofia com clareza, sem necessidade de explicação verbal, ou até, em momentos, o uso das falas dos seus personagens para transmitir a ideia contrária do argumento, como num momento pontual onde a protagonista fala com naturalidade sobre o evento da morta da sua namorada para uma cliente durante uma sessão de tatuagem, como se o acontecimento tivesse sido algo mundano e superado, mas a câmera só mostra Sofia da boca para baixo, em close-up, escondendo seus olhos e mascarando seu verdadeiro sentimento.

Outros recursos espetacularmente usados são a falta de movimento de câmera e enquadramento em 3:4 que nos prende junto à Sofia em seu mundo parado e sem perspectiva de avanço, o recurso fotográfico de não produzir a luz, como se faz num cinema mais comercial, mas sim de encontrar a luz, em determinado lugar e em determinado tempo, parra ilustrar a caminhada da personagem de ambientes iluminados, ou seja, alegres e visíveis, para a solidão e tensão do escuro, como também as lentas transições de dissolução, que mesclam momentos de passados e futuro assim como elipses de tempo dentro do próprio decorrer do dia de Sofia, como se ela estivesse não só presa ao seu espaço, mas também presa no tempo, mostrando conhecimento e reflexão sobre a importância da montagem no método de contar a história em forma de filme.

Sofia Foi glorifica a arte do cinema com sua beleza e inteligência narrativa, que nos conecta com nossa vivência de sermos humanos, nessa história que não apenas nos conta, mas claramente nos mostra, a história de um momento em que Sofia foi feliz.

 

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Quando Eu Me Encontrar - A Presença da Ausência

Quando eu Me Encontrar | Embaúba Filmes

A partida de Dayane se desenrola na vida daqueles que ela deixou para trás. Sua mãe, Marluce, faz de tudo para não demonstrar o choque que a partida da filha lhe causou. A irmã mais nova de Dayane, Mariana, enfrenta alguns problemas na nova escola onde está estudando. Antônio, noivo de Dayane, se vê num vazio diante da partida dela e busca obsessivamente por respostas.Com base na sinopse, é evidente que o filme se concentra no desaparecimento da personagem Dayane. Enquanto a trama principal a apresenta como um personagem central ausente, o enredo também explora subtramas envolvendo sua irmã, mãe e noivo, oferecendo uma visão abrangente das consequências emocionais desse evento.

Notavelmente, Dayane não aparece no longa-metragem, nem mesmo em flashbacks ou imagens; sua voz é ouvida apenas na cena inicial, o que acentua a sensação de sua ausência. Esta abordagem cria um luto não relacionado à morte, mas à incerteza e ao vazio gerados pela falta de informações sobre o paradeiro de Dayane. A presença ausente de Dayane é constantemente perceptível na vida dos três personagens principais, promovendo uma reflexão profunda sobre o impacto do desaparecimento.

O filme adota o estilo Slice-of-life, conhecido por capturar a vida cotidiana de forma realista, mostrando experiências e emoções dos personagens de maneira íntima, permitindo uma conexão profunda e reflexiva com suas vidas diárias. Não só aproxima o público das experiências dos personagens, mas também destaca a persistência das dificuldades da vida, mesmo diante de uma crise pessoal. A forma como o filme mantém Dayane como uma figura ausente, mas constantemente presente, demonstra uma habilidade narrativa que envolve o espectador emocionalmente com a ausência e suas implicações.

A produção, portanto, não apenas explora a dor do desaparecimento, mas também oferece uma crítica sutil sobre como os indivíduos enfrentam a ausência e a incerteza. Marluce, que trabalha durante o dia em uma lanchonete e vende quitutes à noite, sente-se cada vez mais isolada em seus papéis de mulher, mãe e filha, especialmente após a perda de contato com sua mãe.

Mariana, sua irmã, enfrenta preconceito e exclusão na escola de classe média alta onde estuda. Antônio, vendedor em uma loja de calçados, vê o casamento como uma fuga das dificuldades diárias e guarda com esforço o enxoval em seu pequeno apartamento. O desaparecimento de Dayane provoca uma ruptura ou revela mais claramente as fragilidades em suas vidas.

Quando Eu Me encontrar retrata o luto do desaparecimento, explorando a profunda dor dos personagens, apresentando de forma realista as lutas diárias dos personagens e a persistência das adversidades. Convidando o espectador a refletir  sobre a resiliência humana e a complexidade do luto, oferecendo uma visão íntima e tocante das experiências de perda e superação.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Ligação Sombria - Um filme precisa mais do que a loucura de Nicolas Cage

Ligação Sombria | Diamond Films

Ligação Sombria conta a história de um motorista que está a caminho de acompanhar sua mulher em um parto, até que aparece um Passageiro com uma arma que o obriga a dirigir até certo lugar, que nem mesmo o motorista sabe qual é. O filme é protagonizado pelo ator Joel Kinnaman e tem o antagonista interpretado pelo famoso Nicolas Cage. Muitos vão comparar o filme com a obra "Colateral" de Michal Mann, mas o filme não chega ao mesmo nível nem no quesito direção, nem em narrativa e nem em interpretação. 

Existe aqui múltiplas tentativas do filme ser diferente em alguma coisa de outros filmes com o mesmo estilo de narrativa, seja no personagem exótico de Nicolas Cage, seja na direção que faz questão em todo plano contrastar bastante a cor azul e vermelha sempre que possível, ou seja na narrativa em botar uma certa reviravolta pois o filme não tinha outro caminho para seguir. Mas mesmo com todas as suas problemáticas, o filme ainda consegue se manter por conta do personagem de Cage.

O Passageiro é um personagem que tem as características que todos buscam em um filme com a participação do Nicolas Cage, sejam suas caretas, seus tiques nervosos com sons e seus exageros, que fazem o filme se diferenciar em suas esquisitices, mas não é algo que mantém a obra como um todo. Por exemplo, a sua motivação de tudo aquilo estar acontecendo faz toda a proposta ir por água abaixo, pelo simples fato de Nicolas Cage fazer um personagem insano em todo o filme. E do nada a narrativa quer dar um porque do que ele está fazendo oque está fazendo com o protagonista na forma mais preguiçosa possível. 

Os diálogos funcionam em pequenos momentos, em outros são compostos de forma bem forçada para enfatizar o lado eufórico do personagem de Cage, fazendo filme balançar em não saber exatamente que tipo de filme o autor quer fazer. Até mesmo nas escolhas da direção fotográfica que vai de planos parados fechados ou em conjunto ao longo de toda a obra, ou tenta algumas sequências com a câmera na mão tentando mostrar mais tensão as vezes de forma pífia. 

Mas o filme, mesmo com todas suas problemáticas listadas, é um filme propriamente ruim? Ligação Sombria é um filme que ainda funciona em entreter com pequenos momentos de tensão e ação ao longo da obra, mesmo sendo momentos muito pontuais. E mesmo com as facilitações entregues pelo roteiro, o filme ainda consegue funcionar na linearidade proposta desde o início da obra. 

Ligação Sombrosa tenta navegar por várias direções, mas se perde em todas elas. Ainda assim, consegue funcionar pela interpretação eufórica de Nicolas Cage, seu trabalho de construção de ambiente(em certos momentos), e nas cenas que envolvem mais violência e ação. Um entretenimento barato, mas funcional. 

Assexybilidade - Um discurso necessário, executado de forma esquecível

Assexybilidade | Globo Filmes
 Assexybilidade é um documentário dirigido pelo Daniel Gonçalves, que é conhecido pelo seu documentário "Eu, Daniel" de 2018. O documentário fala exatamente sobre o seu título, como funciona a sexualidade para as pessoas portadoras de alguma deficiência física, sendo elas físicas ou mentais. O filme vai além e aponta as dificuldades que caminham junto além da deficiência, como questões envolvendo oque seria o "corpo padrão", cor, sexualidade, entre outras questões sociais que os envolvem diariamente. 

O documentário não tenta se aventurar em sua linguagem, o máximo que o Daniel tenta realmente colocar algo além do proposto é com dois entrevistados que também fazem performances artísticas e tem elas filmadas e colocadas no filme, algo que remete até mesmo o documentário "Deus tem Aids" dos diretores Gustavo Vinagre e Fabio Leal, em 2021. O filme começa de forma bem provocante mostrando o ato sexual de uma pessoa com nanismo e uma outra mulher que não parece ser portadora de alguma deficiência, mas com um véu na frente, deixando só as silhuetas falarem por si só. 

Mesmo começando de forma bem provocante e o tema ser um imenso tabu na sociedade branca hétero sexual, o diretor Daniel não provoca o bastante nem seus convidados entrevistados, e muito menos seus espectadores. É quase como se fosse um filme confortável de se assistir, oque não faz sentido, já que a proposta inicial é os espectadores saírem querendo procurar saber mais sobre esse cenário e até constranger os que fazem parte do que chamamos de conservadores. Mas isso não acontece.

O filme segue exatamente oque já é mostrado nos documentários de programas de TV por exemplo, não se aventuram nem mesmo no quesito técnico. A provocação parte mais das performances dos artistas que estão participando do que da própria direção e da produção. Até as perguntas que Daniel faz para os entrevistados são perguntas o tanto óbvias, e não se aprofundam em saber quem são aquelas pessoas que estão ali. 

É como se o filme tivesse uma ausência de humanidade ali, o espectador vai assistir o filme e vai saber que aquelas pessoas são portadoras de deficiência e que tem a sexualidade deles resolvidas, mesmo com tudo que ocorre contra eles. Mas acabando o filme, você não sabe quem são aquelas pessoas além do que é mostrado no filme. É quase como se fosse uma vitrine, que tem muito a contar e não conta nada além do óbvio. 

Assexybilidade é um filme que tem potencial no discurso que se propõe, mas é feito de forma acovardada e rasa, fazendo o espectador sair da sessão da mesma forma que entrou. A obra mostra que mesmo tendo um tema necessário, é necessário muito a mais para ser um documentário necessário. Dar voz àqueles que sofrem qualquer que seja a opressão é uma camada do discurso, é necessário mais. E esse mais foi completamente ignorado pela direção de Daniel Gonçalves. 
 

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

A Substância - Hollywood como uma Ouroboros Etarista

A Substância | Imagem Filmes

 Não é novidade a forma que Hollywood trata de forma desprezível as mulheres no meio audiovisual, principalmente as com mais idade. No caso de "A Substância" não só aborda o tema do etarimo dentro do audiovisual, como o método de cirurgias plásticas como uma forma louca de tentar se rejuvenescer de qualquer jeito, mesmo que custe sua vida. O filme tem um trabalho de edição que lembra bastante o estilo hiphop cut que Darren Aronofsky utiliza no filme "Requiem Para um Sonho" dos anos 2000. Muitos cortes rápidos e em close-ups em cenas envolvendo corpo e comida. Sem contar que a direção utiliza de muitos elementos vindos dos anos 80, remetendo até mesmo o body horror de David Cronenberg. 

É necessário apontar que o filme, mesmo tendo um trabalho técnico muito bom, principalmente no quesito maquiagem, é necessário deixarmos a técnica de lado e prestarmos atenção em sua narrativa e em seu discurso. A obra, mesmo com um discurso necessário para os dias atuais, é um filme que tem não apenas a exposição falada, mas a imagética. Por exemplo: Mesmo o filme sendo dirigido por uma mulher, Coralie Fargeat, o filme trata suas personagens femininas da forma mais hipersexualizada possível. Contendo um exagero no número de closes nas genitálias e as colocando nuas sempre que possível de forma que ao mesmo faz sentido, se torna cansativo, pois a obra se concentra em se provar como uma crítica social. 

O filme consegue ter uma boa utilização na metalinguagem trabalhando com as atrizes Demi Moore(que se encontra hoje com 61 anos e com uma carreira já consolidada como atriz) e a atriz Margaret Qualley(que é um dos novos talentos e rostos bonitos de Hollywood), mostrando a facilidade que Hollywood tem em substituir suas atrizes e seus sex symbols em um estalar de dedos. Sem contar que a atuação das duas conseguem se corresponder com a narrativa e a estética proposta. 

Dennis Quaid faz o papel mais estereotipado de dono de emissora machista e nojento que se pode imaginar, e Dennis parece se divertir bastante com isso ao longo da obra, até por conta do fim do filme ser uma boa resposta para oque ele diz à um sócio sentado ao seu lado na apresentação de fim de ano "-Vocês não vão se decepcionar com ela. Eu construí ela.". 

O fim do filme trabalha de forma completamente diferente de todo o resto da obra, adotando a linguagem de filmes de terror trash, sendo na resolução das personagens, como a violência entregue e o próprio trabalho de maquiagem. Uma mistura interessante de body horror com o trash, indo de "A Mosca" de David Cronenberg, até mesmo um pouco do cômico e louco de "Basket Case" de 1982. 

"A Substância" toma muitos caminhos com a utilização da técnica como principal aliada para o filme aterrorizar e entreter o espectador, mas a crítica expositiva em quase todo o filme e a desmedida do tom proposto do meio para o final da obra tornam o filme uma bagunça com várias problemáticas. Mesmo assim, consegue incomodar e ser louco em alguns momentos certeiros que fazem o filme ficar na sua cabeça por um bom tempo. 

terça-feira, 3 de setembro de 2024

A Vingança de Cinderela - Pior que um filme ruim, é um filme preguiçoso

A Vingança de Cinderela | A2 Filmes
A Vingança de Cinderela nem tenta em qualquer sentido ser algo além de um serviço amador. A narrativa é a convencional da Cinderela que boa parte das pessoas conhecem pela animação da Disney, porém o filme tenta navegar no caminho do terror com o humor. Mas toda a escolha feita aqui pela direção é errada, começando em querer fazer algo maior do que se pode fazer.

A narrativa começa com a Madrasta de Cinderela culpando o pai dela por um crime que na verdade ela cometeu. Em troca de salvação, Cinderela decide viver e trabalhar para sua Madrasta e suas outras duas filhas, que ao longo dos anos a atormentam e torturam de forma psicológica e física de todo jeito possível, por simples prazer, ao longo da história. 

Logo no começo do filme, pelos figurinos e pela estética proposta, percebesse que o filme tem baixo orçamento, oque não é a raiz do problema. O problema está em um filme que não se esforça nem mesmo no que deveria ter o mínimo de positivo, que é o terror e o absurdo. O filme logo propõe os absurdos dentro da história que poderiam torná-lo cômico, mas não faz questão disso além de uma piada curta uma hora ou outra(que desaparecem depois de 40 minutos de filme).

Necessário enfatizar que todos os atores estão ali, simplesmente por obrigação, porquê é visível o constrangimento de fazer parte de uma obra com um roteiro tão infantil e raso que nem é o proposto, sem contar que não existe trabalho técnico no filme que vai além do mínimo para existir um filme. 

O trabalho de cor é mal medido, as cenas de violência gráfica chegam a ser mais amadoras do que muitos curtas amadores que você encontra no Youtube(onde pessoas tiveram o mínimo de vontade para trabalhar), as piadas são completamente deslocadas, além do filme usar e abusar do humor sexual, que mostra uma infantilidade tremenda do roteiro.

Não existe problema em um filme ter baixo orçamento, ou o filme se aventurar em outros gêneros(mesmo com baixo orçamento) ou não focar tanto em um ponto ou em outro, mas um filme necessita de trabalho. Um filme, com um mínimo de decência, deve ser feito com pelo menos um pouco de esforço que não é oque se encontra aqui. 

A Vingança da Cinderela é uma aula de amadorismo cinematográfico e mostrando, de forma quase didática, que o problema em fazer uma obra vai muito além da escolha narrativa e de orçamento, é a falta de "querer" fazer algo de bom. Oque nesse filme, não existe. São 85 minutos gastados de tempo e dinheiro em uma obra que não tem nada, nem mesmo dentro do absurdo que se propõe. 

O Desprezo - O Cinema como Espelho

O Desprezo | Les Films Concordia O Desprezo (Le Mépris), é um drama francês de 1963, dirigido por Jean-Luc Godard, que explora a crise de um...