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M3GAN 2.0 | Universal Pictures |
Uma arma robótica de nível militar conhecida como Amelia torna-se cada vez mais autoconsciente e perigosa para a raça humana. Na esperança de detê-la, Gemma decide ressuscitar M3GAN, tornando-a mais rápida, forte e letal.
Diferente do filme anterior, que seguia uma linha mais voltada ao terror psicológico e remetia a produções como Chucky, mas com uma roupagem moderna centrada em uma boneca robótica, M3GAN 2.0 adota uma abordagem mais inclinada à ação. A transição de gênero é evidente desde os primeiros minutos, com uma estrutura narrativa que prioriza cenas dinâmicas, confrontos intensos e uma protagonista ainda mais letal e autônoma. Apesar dessa mudança de tom, o longa não abandona completamente suas raízes.
Elementos do suspense e do horror tecnológico continuam presentes, especialmente na forma como a inteligência artificial é tratada como uma ameaça imprevisível. A ambientação, por sua vez, permanece no mesmo universo high-tech do primeiro filme, com laboratórios futuristas, dispositivos inteligentes e dilemas éticos sobre o avanço da tecnologia. O longa pode até trocar o clima de horror por uma narrativa mais explosiva e movimentada, mas ainda carrega, em sua essência, as mesmas provocações sobre o controle da tecnologia e os limites da criação humana. Trata-se, portanto, de uma evolução do conceito original, que busca explorar novos caminhos sem perder totalmente sua identidade.
Dessa vez, a ameaça não vem de M3GAN, mas de uma nova boneca assassina: Amelia, uma criação ainda mais avançada e instável, cuja inteligência artificial representa um perigo iminente para a humanidade. Diante dessa nova ameaça, Gemma, a engenheira responsável por criar M3GAN no primeiro filme, decide reativar sua antiga criação como último recurso. A grande sacada da trama está justamente na maneira como ela reposiciona M3GAN, não mais como vilã principal, mas como uma espécie de anti-heroína. Essa mudança de eixo narrativo dá à personagem camadas mais complexas, promovendo uma dualidade interessante entre o que ela representa como máquina e as emoções quase humanas que demonstra. Longe de ser uma simples repetição do longa original — algo bastante comum em continuações dentro do subgênero slasher — M3GAN 2.0 busca romper com a previsibilidade e expandir sua mitologia de maneira criativa e funcional. A sequência, portanto, não se limita a ser um produto derivado, mas se firma como uma continuação com identidade própria, capaz de abrir espaço para futuras explorações nesse universo tecnológico sombrio.
Mas isso não significa que eu tenha gostado do filme. Pode até ser superior ao seu antecessor em termos de escala e ousadia, mas ainda assim não considero um bom longa. O roteiro, por mais absurdo que seja em diversos momentos, parece existir apenas como uma desculpa para colocar M3GAN no centro das atenções. A trama não se preocupa em desenvolver uma narrativa sólida ou coerente, e sim em criar situações que sirvam de vitrine para a boneca fazer o que o público já espera: instaurar o caos, provocar desconfiança entre os personagens e, claro, roubar a cena com seu carisma sarcástico e seus maneirismos peculiares. Cada aparição de M3GAN é meticulosamente construída para exibir sua personalidade híbrida — ao mesmo tempo ameaçadora e divertida. Seja pelo olhar calculado, pelas falas afiadas ou pelas ações imprevisíveis, ela domina a tela com uma presença quase magnética. O filme sabe disso e aposta tudo nela, deixando o enredo em segundo plano.
M3GAN 2.0 aposta numa abordagem mais voltada para a ação e destaca o carisma da boneca, que continua sendo o principal atrativo do filme. No entanto, o roteiro deixa a desejar, apresentando uma narrativa que prioriza cenas impactantes e momentos de espetáculo, em vez de um desenvolvimento mais sólido dos personagens e da história. Apesar dessas falhas, o longa consegue entreter, especialmente para quem já conhece e gosta da personagem. Ainda assim, fica claro que, embora superior em alguns aspectos ao primeiro filme, M3GAN 2.0 não consegue se firmar como uma sequência memorável ou que realmente expanda o universo de forma consistente.
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