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Novocaine: À Prova de Dor | Paramount Pictures |
quarta-feira, 26 de março de 2025
Novocaine: À Prova de Dor - Quando a Falta de Dor Se Torna o Maior Perigo (E a Melhor Piada)
sexta-feira, 21 de março de 2025
Branca De Neve (2025) - Espelho, Espelho Meu, Quem É a Vilã Menos Intensa de Todas?
A história, ao contrário da animação original, apresenta a infância da protagonista, explorando a origem de seu nome, que dá título ao filme, e revelando os eventos que marcaram o destino de seus pais. Dando a minha opinião um pouco controversa, a princesa da animação clássica nunca foi a minha princesa favorita, pois eu a achava muito sem sal, ela sempre me pareceu um tanto insípida, sem grandes características marcantes que a diferenciam de outras personagens femininas que a Disney criou mais tarde. Sua personalidade parecia ser bem passiva e, em muitos momentos, ela parecia depender mais da sorte ou da intervenção de outros personagens, como os animais ou os anões, do que agir de maneira autônoma para conquistar seus objetivos.
Ao contrário de outras princesas que mostravam coragem, inteligência ou habilidades únicas, ela parecia ser mais uma figura idealizada de "bondade pura", o que, embora positivo, a tornava um pouco monótona. princesa ganha muito mais carisma porque a personagem é construída de forma mais tridimensional, com mais espaço para expressar suas emoções e motivações. A atuação da atriz, muitas vezes mais madura e com nuances de personalidade, permite que a personagem se torne mais complexa e convincente.
Além disso, o filme live-action frequentemente explora mais a sua história, seus conflitos internos e suas escolhas, o que a torna mais ativa na narrativa, ao invés de ser apenas uma figura passiva à mercê dos acontecimentos. Essa versão também tende a humanizá-la mais, mostrando vulnerabilidades, dúvidas e momentos de autodescoberta que não eram tão evidentes na animação original. A protagonista no live-action se envolve mais diretamente nas situações, mostrando uma força emocional que conquista o público. Ao contrário da animação, onde sua personalidade podia parecer unidimensional, o live-action dá mais camadas à personagem, fazendo com que ela tenha suas próprias motivações e ações, o que naturalmente adiciona mais carisma.
Os sete anões, que chegaram a causar uma verdadeira polêmica na internet antes do lançamento do filme, são completamente criados em CGI, o que gerou bastante receio por parte dos fãs. Embora a escolha de utilizar tecnologia de animação digital para criar essas personagens não seja, de fato, um erro técnico ou criativo, é inegável que há algo um pouco estranho na forma como eles interagem com os atores de carne e osso. A diferença entre o realismo das performances humanas e a aparência digital dos anões cria um contraste que, inicialmente, pode soar desconfortável para o espectador.
Os anões, que na animação original eram personagens muito expressivos, com suas personalidades e movimentos amplificados de forma caricatural, aqui se tornam mais realistas, mas ao mesmo tempo, em certos momentos, parecem destoar da dinâmica do mundo real. Essa discrepância não chega a comprometer a experiência do filme, mas é um elemento que pode causar estranhamento nas primeiras cenas, principalmente para aqueles que têm uma forte conexão com o clássico animado. No entanto, com o desenrolar da trama, a interação entre os personagens vai se tornando mais natural, e é possível se acostumar com essa nova abordagem. À medida que a história avança, a tecnologia vai ganhando mais fluidez, e a presença dos anões, embora ainda digital, passa a ser mais integrada ao universo físico do filme.
Na animação, a Rainha Má possuía muito mais carisma do que a própria protagonista. Como mencionei no início da crítica, Branca de Neve na versão animada tinha uma personalidade bastante apagada, sem características marcantes que a destacassem, o que a tornava "sem sal". No entanto, na versão live-action, ela se torna muito mais carismática, apresentando uma presença e uma complexidade que cativam o público. Em contraste, a Rainha Má, que na animação era uma figura imponente e cheia de intensidade, acaba se revelando bem mais fraca aqui. Sua vilania perde grande parte da força que tinha na versão original, fazendo com que a dinâmica da história se inverta: enquanto a protagonista, antes ofuscada, brilha mais do que nunca, a vilã perde grande parte de seu impacto.
A interpretação de Gal Gadot como a Rainha Má não atinge o efeito esperado, e um dos principais motivos para isso é a performance da atriz. Embora tenha se destacado em papéis como a Mulher-Maravilha em Mulher-Maravilha e Liga da Justiça, Gadot não consegue transmitir a intensidade e a profundidade exigidas para um papel de vilã tão icônica. A Rainha Má, que deveria ser uma personagem ameaçadora, capaz de gerar medo e controle, acaba se tornando excessivamente suave e superficial. Isso enfraquece a credibilidade de sua ameaça, tornando a vilã menos impactante.
Além disso, a caracterização da Rainha Má no live-action não é tão bem desenvolvida quanto poderia ser. A personagem se apresenta de maneira previsível e rasa, sem explorar as camadas psicológicas que poderiam torná-la mais interessante e complexa. Uma vilã desse porte deveria ser multifacetada, com motivações mais profundas — quem sabe até com vestígios de humanidade —, mas a atriz não consegue explorar esses aspectos de forma convincente. O resultado é que a vilã se torna quase caricatural, sem a carga emocional necessária para realmente engajar o público. Em muitos momentos, a interpretação de Gadot parece faltar energia e força, o que compromete o impacto da personagem, que deveria ser avassalador. Isso enfraquece o confronto entre a protagonista e a vilã, tornando a narrativa menos envolvente e a tensão dramática mais fraca do que deveria ser.
Branca de Neve não é tão decepcionante quanto muitos previam, mas também não atinge um nível excepcional; fica apenas no campo do "bom". A protagonista ganhou mais profundidade e carisma, o que a torna mais cativante. A performance de Gal Gadot como a Rainha Má não consegue capturar a intensidade da vilã original, o que enfraquece a dinâmica da história e diminui a tensão dramática. Assim, embora a adaptação traga uma Branca de Neve mais interessante, ela perde força no confronto com a vilã.
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terça-feira, 18 de março de 2025
Deu Preguiça! - Recomeços e Laços Familiares
Em Deu Preguiça!, após uma tempestade devastadora que destrói sua casa, Laura, a preguiça mais veloz de sua comunidade, decide recomeçar sua vida na cidade grande. Junto de sua família excêntrica, ela se muda para a nova cidade em seu velho e enferrujado food truck, com a esperança de transformar seu negócio em um sucesso. A trama acompanha a jornada de Laura e seus entes queridos enquanto enfrentam os desafios de um novo começo. Ao tentar se estabelecer e conquistar clientes, eles descobrem que a verdadeira força reside na união familiar e na determinação para vencer as adversidades. A deliciosa comida preparada por Laura logo chama a atenção, mas, além de novos clientes, outros desafios surgem, colocando à prova a coragem da família.
Deu Preguiça! faz parte da franquia “The Tales from Sanctuary City”, iniciada em 2020, esse sendo o quinto longa desse universo. Embora eu não tenha assistido aos filmes anteriores, o filme consegue funcionar de maneira independente, oferecendo uma experiência completa e acessível para quem está entrando no universo agora. A obra se sustenta por si mesma, sem a necessidade de um conhecimento prévio da franquia, o que é uma qualidade importante para atrair novos públicos. No entanto, para os fãs da série, é possível que alguns elementos e referências aos filmes anteriores enriqueçam ainda mais a narrativa.
A narrativa se concentra na relação entre Laura, a filha, e sua mãe, Gabriella, após a mudança para a cidade grande. Enquanto Laura quer aproveitar o tempo para brincar com seus amigos e viver novas experiências, ela se vê obrigada a priorizar as necessidades da família. Esse conflito entre suas vontades pessoais e as responsabilidades familiares é um dos principais temas do filme, ressaltando como, muitas vezes, os desafios do dia a dia exigem sacrifícios. A história, portanto, não só aborda as dificuldades de recomeçar, mas também a importância da união familiar e como os laços familiares podem influenciar nossas escolhas e perspectivas.
Em paralelo, a trama introduz Dotti, uma vilã ambiciosa e proprietária de uma rede de fast-food popular, que luta para manter sua relevância no mercado diante de inúmeros prejuízos e o fechamento de várias unidades. Desesperada para reverter sua situação, Dotti se depara com a família de preguiças, que, ao chegar na cidade, rapidamente conquista o público com sua comida deliciosa. Em um movimento de pura rivalidade e ganância, ela tenta roubar a receita secreta da família, que é transmitida de geração em geração. Embora a vilã se encaixe no estereótipo de empresária inescrupulosa em busca de sucesso a qualquer custo, sua presença no filme não chega a inovar o gênero. A dinâmica entre ela e a família de preguiças, embora eficaz para criar tensão, cai na previsibilidade de sua trama. O conflito entre o pequeno empreendedorismo e a grande corporação é um tema recorrente, e, embora seja relevante dentro do contexto da história, poderia ser explorado de maneira mais criativa, fugindo um pouco dos clichês típicos dessa disputa.
O filme transmite uma mensagem tocante sobre a importância de valorizar a família, mostrando como os laços familiares são essenciais para enfrentar dificuldades e alcançar objetivos. Embora o tema da união familiar seja bastante explorado, o longa consegue abordá-lo de forma genuína, sem cair em excessos melodramáticos. A trama destaca como o apoio mútuo e o trabalho conjunto podem ser a chave para superar desafios, o que ressoa de maneira positiva, especialmente em um contexto de recomeço. Mesmo sendo uma ideia recorrente, a forma como a história se desenrola, com momentos de cumplicidade e sacrifício, reforça de maneira eficaz essa mensagem, tocando no coração do público de maneira simples e verdadeira.
segunda-feira, 17 de março de 2025
Two Lovers - A face não dita do amor
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Two Lovers | Magnolia Pictures |
Daqueles filmes que abrem portas para tantos debates pessoais, de forma que falar sobre qualquer um deles soa como diminuição da grande magnitude humana que exala esse filme. De qualquer forma, ainda assim, perante toda a minha incapacidade, quero escrever algo sobre ele, mesmo que insuficiente.
O mundo perfeitamente imperfeito de Gray, que escolhe filmar o amor, mas não o amor romântico, o realista. O amor que não se escolhe, se sente, e é aí que o personagem interpretado por Joaquin Phoenix se encontra, nessa face dolorida do amor, onde as emoções são mais complexas e as incertezas são maiores que as certezas.
Talvez o que mais me chame a atenção seja como Gray trabalha os espaços, a interação entre enquadramento e pessoa. Essa interação mostra-se evidente na forma como os porta-retratos oprimem o ambiente, especialmente quando Leonard está com uma de suas “amantes”, como se, embora fora do plano material, a família ainda tivesse influência na vida de Leonard.
A depressão entra como fator narrativo, pois o próprio personagem não poderia conceber aquela felicidade para si mesmo. Ou seja, a tragédia é premeditada a todo momento, e cada caminho que Leonard trilha o leva àquele final tão triste. Arriscaria dizer que é um dos mais tristes que já vi. Ele agora não só perdeu sua forma de desfrutar das novas possibilidades mundanas, mas terá de ficar preso naquele mesmo ambiente opressivo.
O grande olhar familiar que cerca Leonard se forma quase fantasmagórico, reprimindo-o de forma tão severa que suas próprias escolhas se tornam dúvidas, ou até mesmo na forma como lhe é imposto que deveria ficar com Sarah, para o bem da família e, óbvio, do capital. Mas então, o que escolher? O bem-estar do capital familiar ou o novo, o rebelde? Rebelde no sentido mais juvenil possível, já que, a partir das ações parentais, nota-se que a visão infantil é gritante. Mas o questionamento que fica é o de Amor X Capitalismo: é realmente possível amar numa sociedade capitalista, onde os bens materiais valem muito mais que o puro, o inviolável?
Autor:
segunda-feira, 10 de março de 2025
O Macaco - Quando o Terror se Perde no Humor
A interação entre os dois irmãos é fundamental para o desenvolvimento da trama, pois, apesar de suas diferenças, a ligação emocional que compartilham é forte e palpável. A relação deles não só alimenta a narrativa, mas também explora de maneira sutil como dois indivíduos tão diferentes podem influenciar um ao outro, moldando suas escolhas e ações de forma significativa. Essa dinâmica traz uma camada emocional que ressoa com o público, mostrando que as complexidades dos relacionamentos fraternais podem ser tanto um ponto de tensão quanto de crescimento. Bill, em sua essência, lembra o personagem Richie de It - A Coisa, um outro exemplo de personagem desbocado e irreverente.
O terror é profundo, enraizado na perda, no medo do desconhecido e na vulnerabilidade humana, temas que King explora com maestria. No livro, o macaco representa algo muito mais do que um simples ser maligno; ele simboliza a inevitabilidade do mal e as consequências de ações passadas, criando uma experiência de horror psicológico que faz o leitor questionar a própria natureza da realidade. O conto original é uma reflexão perturbadora sobre o impacto do trauma e da obsessão, criando uma sensação de desespero quase palpável.
domingo, 9 de março de 2025
Máquina do Tempo – Dias De Um Futuro Não Tão Esquecido
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Máquina do Tempo | Pandora Filmes |
Estrelado
por Emma Appleton e Stefanie Martini, Máquina do Tempo, segue a história de
duas irmãs orfãs, Thomasina (Appleton) e Martha (Martini), que moram de forma
isolada no interior da Inglaterra. Filmado em estilo found footage,
a trama se passa no início da Segunda Guerra Mundial e mostra os primeiros
ataques armados dos países envolvidos, incluindo a Grã-Bretanha. Tudo muda
quando Thom e Mars criam um instrumento de rádio-televisão capaz de transmitir
matérias de notícias do futuro.
Assim, não demora muito para que as
irmãs usem seu aparelho para beneficiar o governo britânico em meio aos
confrontos geopolíticos. Além de poderem assistir às notícias vindas do futuro,
as mesmas também conseguem ouvir músicos e cantores famosos do futuro.
Entretanto, mesmo com Thomasina informando a polícia local de forma anônima
sobre os ataques iminentes no seu país, não demora muito para que as
autoridades policiais descubram seu paradeiro. Logo, os oficiais se juntam a
elas para interceptarem ataques vindos da Alemanha.
Sempre gostei de assistir produções de
gênero found footage por trazer um
tom documenteal para a trama e aqui, a direção de Andrew Legge é competente ao
ambientar as filmagens para a época dos anos 1930. As cenas filmadas entre as
irmãs foram feitas em câmeras Bolex e Arriflex de 16 mm, com lentes do período.
As atrizes foram treinadas para usar o aparelho e realizam um trabalho
excepcional. Somos transportados para aquele tempo de forma imersiva, ainda
mais com uma fotografia em preto e branco.
Como consequências clássicas de filmes
que retratam viagem no tempo, não demora para que percebamos o primeiro efeito
das mudanças que elas acabam fazendo na história. Em um momento, Martha, que
aprecia bastante as músicas dos anos 1970, sintoniza o dispositivo e percebe
que seu cantor favorito, David Bowie, não está mais cantando no futuro (eu
também ficaria muito triste com essa notícia). Logo, ela se assusta e se
pergunta o que aconteceu, já que quem canta no lugar dele é outro músico com
canções explicitamente fascistas. Thomasina, então, explica que isso foi um
desdobramento das suas ações em prol da defesa da Inglaterra nos ataques
militares.
Então, nos deparamos com o famoso
dilema da temática de viagens no tempo: até onde podemos interferir nos
acontecimentos da história? Mesmo que seja para proteger pessoas, o que isso
pode acarretar no próprio futuro? Bom, pelo menos no longa, não temos mais
respostas, já que as irmãs acabam caindo em uma armadilha feita pelos alemães e
são acusadas de espiãs conspiratórias pelo governo britânico.
A qualidade técnica do filme é muito
responsável por ambientar esse período pré-guerra. A película, filmada durante
a pandemia e com um baixo orçamento, mostra como você pode gravar um filme com
ótima qualidade, mesmo com recursos escassos. Bastante material do filme foi
processado em casa em um tanque de revelação de 16 mm do período soviético.
Por ser dirigido em estilo found
footage, isso acaba nos aproximando mais das personagens e,
consequentemente, criando empatia pelas mesmas, ainda mais com as excelentes
atuações e carisma de Emma e Stefanie. Conseguimos acompanhar, aqui, mais que a
história de duas mulheres, mas também uma representação do amor fraternal e até
onde estamos dispostos a defender nossos familiares. Afinal, a própria invenção
das irmãs foi intitulada como Lola, em homenagem à mãe
das protagonistas.
Embora o longa seja um recorte sobre a
Segunda Guerra Mundial, viagem no tempo e regimes autoritários. O filme expõe,
em sua essência, a importância das relações familiares, como também o poder do
amor fraternal entre duas mulheres.
Autor:
Meu chamo Leonardo Veloso, sou formado em Administração, mas tenho paixão pelo cinema, a música e o audiovisual. Amante de filmes coming-of-age e distopias. Nas horas vagas sou tecladista. Me dedico à exploração de novas formas de expressão artística. Espero um dia transformar essa paixão em carreira, sempre buscando me aperfeiçoar em diferentes campos criativos.
sábado, 8 de março de 2025
Better Man: A História de Robbie Williams - O Animal por trás do Homem
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Better Man | Paramount Pictures |
Primatas são figuras comuns no universo do cinema. Sejam encarnados no famoso e alegórico King Kong, ou em posições dominantes, como em “Planeta dos Macacos”, tais presenças, mais habituais em ficções científicas, não são estranhas aos olhos humanos. Entretanto, uma celebridade musical escolher ser referenciada no papel de um macaco é, no mínimo, curiosa. “Better Man - A História de Robbie Williams”, de Michael Gracey, opta por tal irreverência com o aval total do cantor que dá nome à obra.
Sem qualquer estranheza por parte dos demais, Robbie Williams, interpretado aqui por Jonno Davies, já na pele do animal por intermédio de um ótimo CGI, é um jovem talento descoberto pelo grupo britânico Take That, que o fez obter ascensão meteórica em sua carreira. Porém, após os vislumbres de extravagância que a fama traz, o protagonista se perde e se encontra em uma velocidade disfuncional. De maneira não cronológica, passagens de sua vida são contadas com uma realidade que só é parada pela barreira criada pela fantasia que o próprio filme propõe. Estes momentos, que englobam uma série de aderência a vícios e um sofrimento atroz por parte de Robbie, são tratados de maneira visceral e explicativa, assim como artisticamente belos.
O arco de construção da persona do cantor, que passa de um menino inseguro para uma estrela da música no qual o brilho do reconhecimento o cegou, é apressada, mas compreensível. A ênfase não está apenas no dom de Robbie, mas sim nas consequências, desde familiares até em outros âmbitos sociais, que o fizeram decair significativamente após seu contato com a fama. Sua família, aliás, traz um núcleo de pai e filho que auxilia no crescimento e na formação do corpo da trama, agregando a dramaticidade e um fundamento necessário para que tomemos partido da situação.
Ainda que no palco Robbie fosse um fenômeno, sua vida pessoal, como apresenta a biografia, era conturbada e permeada por dependências, compulsões, autossabotagem e pensamentos intrusivos. Contudo, com a presença dos números musicais, era impossível esquecer que ali também se tratava de um musical com apego à sensibilidade e à sonoridade fantástica do artista, além de sempre nos relembrar que estávamos diante de uma história com seu “quê” fantástico. As canções nem sempre funcionam, visto que, em certo ponto, parecem amontoadas, causando uma possível dispersão do espectador.
Michael Gracey, que já esteve à frente de “Rocketman” e “O Rei do Show”, sabe bem como captar a atenção certa no momento certo para a situação certa. As circunstâncias musicalizadas são caprichosas, embora as ocasiões do dia a dia se resolvessem de maneira um tanto fácil, provando que todo problema tem uma resposta direta e positiva. Como trata-se de um clássico caso de um artista diferenciado e influente em busca de redenção, o filme não se distancia tanto dos demais na mesma linha de pensamento. Todavia, quando o realiza, é com cuidado; não em relação a imagem de Robbie, mas essencialmente na forma de filmagem e zelo com a história.
“Better Man - A História de Robbie Williams” adentra o imaginário de Robbie Williams, que compartilha com o espectador a chance de o conhecer melhor, mesmo na imagem de um macaco. Em um bom passeio pelos altos e baixos de sua vida, percebemos a tentativa de humanizar, mesmo que por meios “animalescos”, uma personalidade inesquecível porém ainda discreta quanto a sua própria história. Embalado por canções do próprio artista, o âmbito musical seria concretizado com maestria se não unisse tantos números em um curto espaço de tempo. Mesmo assim, é possível se entreter com imagens inventivas e uma trajetória cinematográfica interessante. De fato, nada é impossível para o audiovisual.
Autora:
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Laisa Lima |
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