quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Chainsaw Man: O Filme – Arco da Reze – O Romance Sangrento Que Revela o Coração do Homem-Motosserra

Chainsaw Man: O Filme - Arco da Reze | Sony Pictures


Denji vive como o temido Homem-Motosserra, um jovem com coração de demônio que integra a Divisão Especial 4 de Caçadores de Demônios. Após um encontro marcante com Makima, a mulher de seus sonhos, ele busca refúgio da chuva e acaba conhecendo Reze, a misteriosa atendente de um café.

O arco dá continuidade de onde parou a primeira temporada, na qual somos apresentados a esse universo maluco com demônios e caçadores de demônios. Um desses caçadores é um garoto que se transforma em uma motosserra e usa esse poder para enfrentar os demônios. Em sua primeira temporada, eu não gostava do protagonista Denji pelo simples fato do objetivo dele ser apertar os seios femininos. Diferente de outros protagonistas de animes do gênero shounen — obras voltadas para meninos jovens —, que possuem metas capazes de fazer o público torcer para que eles consigam realizar seus sonhos, como em Naruto, em que o protagonista deseja se tornar Hokage (Título dado ao líder da vila onde ele mora, considerado o ninja mais forte do local e responsável por proteger e manter a paz dentro desse universo). 


Mas, apesar desse problema, Chainsaw Man impressiona pelas suas cenas de ação brutais e pela animação de altíssima qualidade. Cada batalha é coreografada de forma intensa e visceral, transmitindo perfeitamente o caos e a violência do mundo da obra. Os movimentos são fluidos, os cortes de câmera dinâmicos e o uso de efeitos visuais, como o sangue e as partículas de motosserra, cria uma sensação de impacto real em cada golpe. Além disso, o estúdio MAPPA faz um trabalho excepcional ao misturar animação tradicional com CGI, mantendo um visual cinematográfico e sombrio que combina perfeitamente com o tom do universo. As lutas não são apenas visualmente impressionantes, mas também carregadas de emoção e desespero, reforçando a brutalidade e a humanidade dos personagens.


Este arco, diferente dos anteriores na primeira temporada, adiciona o gênero romance — mas não é aquele tipo de romance à la Makoto Shinkai, diretor de Kimi no na Wa e Suzume, ou de qualquer outro filme romântico tradicional, do tipo bonitinho em que o público torce para que o casal fique junto. Este arco aprofunda os sentimentos do protagonista de uma forma muito mais humana. Na primeira temporada, Denji demonstrava afeto principalmente por Pochita — o demônio da motosserra que era seu fiel “bichinho de estimação” — e por Makima, sua chefe, por quem nutria uma paixão confusa e imatura, muitas vezes movida pelo desejo físico. 


Enquanto enfrentava demônios, ele parecia não se importar com as pessoas que acabava salvando, dizendo que não estava nem aí — mas, no fim, sempre as salvava. No entanto, esta nova fase mostra um Denji mais introspectivo, começando a lidar com emoções que ele próprio não entende completamente. O filme retrata isso de maneira delicada, em cenas como a de Denji e Makima no cinema, assistindo a diferentes tipos de filmes. Enquanto as pessoas ao redor choram em um momento emocionante, Denji se vê incapaz de compreender por que todos estão tristes — e essa falta de entendimento revela não frieza, mas uma inocência dolorosa de alguém que nunca teve espaço para sentir. 


Essa sequência é simples, mas profundamente simbólica: mostra que Denji, acostumado à violência e à sobrevivência, ainda está aprendendo o que significa ser humano. É uma abordagem sensível e surpreendentemente poética, que toca o espectador e faz com que vejamos o protagonista sob uma nova luz — não mais como o caçador impetuoso, mas como um jovem em busca de um coração que possa finalmente entender o que é amar e ser amado.


O filme adiciona uma camada de terror centrada na personagem Reze, cuja presença traz uma tensão constante à história. À primeira vista, ela parece uma garota doce e misteriosa, mas aos poucos o espectador percebe que há algo profundamente inquietante em sua natureza. Essa dualidade — entre o charme e o perigo — cria um clima de suspense que se aproxima do terror psicológico. Reze é imprevisível, e cada gesto seu carrega a sensação de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento, tornando suas cenas intensas e perturbadoras.


Apesar da profundidade que a personagem Reze traz à narrativa, suas roupas acabam seguindo um padrão bastante comum em animes: a sexualização feminina desnecessária. Seu figurino, composto por roupas curtas e justas, parece mais voltado para destacar seu corpo do que para refletir sua personalidade ou tom sombrio da história. A sensualidade poderia ter sido utilizada de forma mais sutil e simbólica, como parte do charme e da ambiguidade natural da Reze, sem recorrer à exposição gratuita. Essa escolha estética acaba reforçando um estereótipo recorrente nessas produções, em que personagens femininas complexas ainda são retratadas através de um olhar masculino que reduz seu impacto emocional. Mesmo assim, a personagem consegue se sobressair como figura marcante e trágica, o que só reforça de que ela merecia um tratamento visual mais condizente com a força e a sensibilidade de sua história.


Chainsaw Man: O Filme - Arco da Reze continua o universo de demônios e caçadores com Denji, o Homem-Motosserra, agora mais introspectivo e humano. O arco combina ação brutal, animação impressionante e momentos de romance e terror, explorando a complexidade emocional do protagonista e de personagens como Reze. Apesar da sexualização desnecessária de Reze, sua presença adiciona tensão e profundidade à narrativa. No geral, a obra equilibra violência, emoção e suspense, mostrando que até em um mundo caótico é possível contar histórias que tocam e fazem refletir sobre humanidade e sentimentos.


Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

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