segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Setembro 5 - Distância Emocional no Retrato do Massacre de Munique

Setembro 5 | Paramount Pictures


Em Setembro 5, uma equipe de jornalistas esportivos precisa mudar sua cobertura radicalmente quando atletas são feitos de reféns dentro da Vila Olímpica. O drama histórico conta a história do Massacre de Munique, atentado que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972 na Alemanha, a partir do ponto de vista da equipe de transmissão da ABC Sports. Na noite de 5 de setembro de 1972, um grupo terrorista chamado Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica e fez 11 atletas da delegação israelense de reféns. Então, os jornalistas esportivos que estavam cobrindo o evento tiveram que transformar a abordagem de suas pautas para noticiar ao vivo o que estava acontecendo durante o sequestro que viria a se tornar o maior atentado terrorista a acontecer em um evento esportivo até hoje.

O filme aborda os acontecimentos da noite de 5 de setembro de 1972, quando o grupo terrorista "Organização Setembro Negro" invadiu a Vila Olímpica em Munique e fez atletas da delegação israelense reféns. A crise foi transmitida para aproximadamente 900 milhões de pessoas, pois a emissora estadunidense ABC, juntamente com outras de diferentes países, estava presente para cobrir o evento e mostrou cenas ao vivo de ameaças, perseguições e negociações. O ponto de vista central é dos jornalistas esportivos, acompanhando a trajetória daqueles que precisaram adaptar suas coberturas para relatar o sequestro em tempo real. Ao contrário do filme Munique, de Steven Spielberg, que adota a perspectiva de um agente do esquadrão da Mossad (Agência de Inteligência de Israel) na busca por outros possíveis envolvidos no caso.

O filme, assim, não só destaca o papel crucial da mídia na transmissão de crises globais, mas também questiona a crescente influência da imprensa em momentos de tensão extrema, quando a linha entre informar e explorar se torna tênue. Para quem estuda ou trabalha com jornalismo, o filme oferece uma reflexão profunda sobre as responsabilidades da mídia e os dilemas éticos enfrentados pelos profissionais, especialmente em situações de grande pressão e risco. 

A direção adota uma abordagem "neutra", tentando manter a "objetividade" ao retratar os eventos, o que significa que o filme se foca mais nos aspectos técnicos da cobertura jornalística, como os bastidores, o uso de equipamentos e a preparação para a transmissão. Isso desperta interesse, pois permite ao público entender como a notícia foi manipulada e transmitida ao vivo. No entanto, essa ênfase nos aspectos técnicos acaba tornando o filme distante e emocionalmente frio. Apesar da escolha por uma câmera instável (que busca uma sensação de proximidade com a ação) e da imagem granulada com alto contraste (que pode sugerir tensão e drama), o filme não consegue criar uma conexão mais profunda com o público, parecendo mais uma exposição de fatos do que uma imersão emocional nos acontecimentos.

Setembro 5 retrata o Massacre de Munique de 1972 a partir da perspectiva dos jornalistas esportivos que cobriam os Jogos Olímpicos, focando nos bastidores da cobertura ao vivo do sequestro dos atletas israelenses. Embora ofereça uma reflexão importante sobre a responsabilidade da mídia e os dilemas éticos enfrentados em situações extremas, a abordagem técnica e "neutra" do filme, com ênfase nos aspectos operacionais da transmissão, resulta em uma falta de conexão emocional, o que torna a obra distante e menos impactante.

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

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