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Ne Zha 2 | A2 Filmes |
Após uma grande catástrofe, as almas de Ne Zha e Ao Bing são salvas, mas seus corpos enfrentam a ruína. Para lhes dar uma nova vida, Taiyi Zhenren recorre à mística lótus de sete cores em uma ousada tentativa de reconstruí-los e mudar seus destinos.
A sequência retoma imediatamente os eventos do primeiro filme, iniciando com a épica batalha entre Ne Zha e Ao Guang, o Rei Dragão do Mar do Leste. Esse começo direto reforça a conexão com o longa anterior e demonstra respeito pela narrativa já estabelecida. Ao continuar exatamente de onde parou, o filme aprofunda o conflito e expande a trama com intensidade e ritmo consistentes, mantendo a tensão e o envolvimento do público. Após os acontecimentos finais do primeiro filme, Ne Zha e Ao Bing restaram apenas como almas.
Ambos tentam recuperar seus corpos, mas apenas Ne Zha tem sucesso. Sem alternativa, Ao Bing é forçado a habitar temporariamente o corpo de Ne Zha. Diante dessa situação, Ao Guang propõe um cessar-fogo: Ne Zha e Ao Bing deverão compartilhar o corpo por sete dias e enfrentar três provações para alcançar a imortalidade. Caso sejam bem-sucedidos, receberão uma poção capaz de restaurar o Lótus Sagrado e criar um novo corpo para Ao Bing — o que levará as forças de Ao Guang a recuarem. Trata-se de uma continuação que respeita o legado do original, mas que também se arrisca a expandir seu universo de forma ambiciosa e satisfatória.
No primeiro filme, Ne Zha era retratado como um encrenqueiro rejeitado por todos da vila, visto com desconfiança por ser um "demônio". Na continuação, embora sua personalidade rebelde e provocadora permaneça, nota-se um sutil amadurecimento do personagem. Ele começa a compreender o valor de ajudar os outros e demonstra, ainda que relutantemente, traços de empatia e responsabilidade. Essa transição, no entanto, é tratada com cuidado pelo roteiro, que evita transformá-lo repentinamente em um herói tradicional. Em vez disso, o filme mantém sua essência desbocada e irreverente — o que, embora possa parecer exagerado em alguns momentos, reforça a coerência com seu arco anterior. Um exemplo emblemático desse contraste ocorre quando Ne Zha e seu mestre, Taiyi, chegam ao sagrado Palácio Yuxu, onde o protagonista enfrentará importantes provações.
Mesmo diante da solenidade do lugar, ele urina em um canto do palácio, evidenciando seu desrespeito pelas convenções e sua tendência a romper com o esperado. Essa cena, embora cômica e propositalmente provocativa, pode dividir opiniões: para alguns, reforça o carisma anárquico do personagem; para outros, pode parecer um exagero que enfraquece a seriedade do momento. Ainda assim, essa abordagem irreverente é parte fundamental da identidade do filme, que opta por equilibrar elementos de comédia e fantasia com uma jornada de crescimento pessoal. Ne Zha continua sendo um anti-herói instável, mas é justamente nesse conflito interno que reside o interesse por sua trajetória.
Diferentemente do filme anterior, que tinha cerca de uma hora e cinquenta minutos, esta sequência é mais longa, com duração de duas horas e vinte e quatro minutos. Embora a extensão maior permita um desenvolvimento mais detalhado da história, em certos momentos o ritmo acaba se tornando arrastado, tornando a experiência um pouco cansativa. Acredito que uma edição mais enxuta teria ajudado a manter o interesse do público ao longo de toda a projeção.
Ne Zha 2: O Renascer Da Alma mantém a essência ousada do primeiro filme, ampliando seu universo com profundidade e respeito à narrativa original. Apesar da duração maior, que por vezes torna o ritmo mais lento, o filme entrega uma história envolvente, equilibrando ação, emoção e fantasia, sendo uma continuação satisfatória para fãs e novos espectadores.
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