Moana: Um Mar de Aventuras | Disney |
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Moana: Um Mar de Aventuras | Disney |
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"De acordo com dados do ministério do interior da Itália, em 2023, mais de 78.000 pessoas chegaram ao país cruzando o Mediterrâneo a partir do norte da África desde o início do ano, mais do que o dobro durante o mesmo período em 2022. A maioria, 42.719, partiu da Tunísia, indicando que o país superou a Líbia como o principal ponto de partida para os migrantes.”
Essa é a dura realidade de diversos africanos que tentam, diariamente, migrar para o oeste europeu em busca de melhores condições de vida. E isso envolve diversas fatores, como: direitos humanos, diplomacia entre países, falta de subsistência, guerras e conflitos políticos, crise de refugiados, corrupção de organizações, entre outros.
Os protagonistas deste longa não estão tão distantes dessa realidade. O filme italiano conta a história da jornada de dois irmãos, Seydou e Moussa, interpretados pelos excelentes atores Seydou Sarr e Moustapha Fall, respectivamente. Seydou e Moussa são irmãos que vivem em Dakar, Senegal, e juntos partem em uma trajetória em busca de melhores oportunidades de vida. Assim como muitos emigrantes que procuram o famoso “sonho americano”, os protagonistas buscam o “sonho europeu”.
O filme, bastante premiado no ano passado, especialmente na categoria de direção para Matteo Garrone, mistura elementos de fantasia e lirismo com a dolorosa realidade de muitos refugiados. Embora, neste caso, os protagonistas não tenham uma necessidade urgente de deslocamento, já que buscam o sonho de uma vida melhor (principalmente Moussa, que sonha em ser cantor na Europa e quer que seu irmão o acompanhe), em determinado momento do filme, somos confrontados com a situação de crises humanitárias.
A história começa de forma sonhadora e otimista, fazendo-nos acreditar que os irmãos logo alcançarão seus objetivos. Esse otimismo é reforçado pela apresentação de personagens carismáticos e bastante íntegros. Porém, logo somos arrastados para a triste realidade destes protagonistas, que enfrentam inúmeras dificuldades ao tentar atravessar as fronteiras do continente africano.
A fantasia, neste filme, serve como um recurso que transmite solidariedade a um certo personagem. À medida que os irmãos enfrentam grandes obstáculos e divergências, o mundo imaginário oferece uma sensação de esperança, além de nos permitir continuar acompanhando suas jornadas até o fim. Algumas cenas me lembraram o filme "Dublê de Anjo", que também utiliza dessa fantasia e o deserto como um personagem e, ao mesmo tempo, traz um mundo mágico como escape de uma realidade angustiante.
Os dois atores entregam performances extremamente genuínas e carismáticas. Foi uma grande surpresa para mim, especialmente ao descobrir que ambos estavam realizando seus primeiros papéis no cinema. As atuações deles são comoventes e geram uma grande empatia. Eu torcia por esses personagens a cada minuto do filme e, a cada revés que os mesmos enfrentavam, sentia uma aflição. Afinal, entendemos que esses mesmos obstáculos são enfrentados por muitos africanos diariamente.
"Eu, Capitão" é uma viagem ao desconhecido, mas ao mesmo tempo, familiar. O drama nos prende pela forte conexão com os protagonistas. A direção segue um tom intimista, especialmente no olhar do personagem Seydou. Os elementos mágicos do filme, com sua linda fotografia, acrescentam humanidade à narrativa. As cenas do deserto e das cidades, com planos amplos, proporcionam uma dimensão geográfica da trajetória.
O filme se torna essencial, pois precisamos refletir sobre esses temas e sobre o quanto as crises humanitárias podem ser cruéis. E os governos e a sociedade civil necessitam se mobilizar para discutir essas questões. Caso contrário, realidades como a jornada dos irmãos Seydou e Moussa podem se tornar apenas mais uma manchete de jornal, naturalizada e esquecida.
Meu chamo Leonardo Veloso, sou formado em Administração, mas tenho paixão pelo cinema, a música e o audiovisual. Amante de filmes coming-of-age e distopias. Nas horas vagas sou tecladista. Me dedico à exploração de novas formas de expressão artística. Espero um dia transformar essa paixão em carreira, sempre buscando me aperfeiçoar em diferentes campos criativos.
Wicked | Universal Studios |
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Wicked é uma obra que teve sua origem no livro de Gregory Maguire, publicado em 1995, e foi adaptada para os palcos em 2003. Apresentando uma nova perspectiva sobre as bruxas do conto, o filme é a primeira parte da obra, adaptando o primeiro ato. Quem não conhece o musical pode assistir ao filme sem grandes dificuldades, desde que tenha alguma familiaridade com a obra original, pois o enredo se apoia nos eventos e personagens de O Mágico de Oz para dar contexto à trama. Embora eu não tenha assistido ao musical nem lido o livro que deu origem à peça, o filme consegue se sustentar por si só, permitindo uma experiência envolvente mesmo para quem não está totalmente familiarizado com as versões anteriores da história.
A relação entre Glinda e Elphaba em Wicked é marcada por uma amizade complexa e uma tensão ideológica constante. Inicialmente, as duas se veem como opostas: Elphaba, marginalizada e radical, desafia o status quo, enquanto Glinda, popular e conformista, representa os valores sociais dominantes. Com o tempo, no entanto, Glinda começa a admirar a coragem e os ideais de Elphaba, reconhecendo sua profundidade além da imagem da "bruxa má". Por sua vez, Elphaba passa a perceber a sinceridade e vulnerabilidade de Glinda, embora ainda mantenha suas próprias convicções. A amizade delas se fortalece à medida que compartilham experiências, mas a tensão ideológica persiste, desafiando a ideia de que uma amizade verdadeira requer a superação de diferenças. Wicked oferece uma visão crítica das relações humanas, mostrando que, apesar das divergências, é possível uma convivência genuína e que a complexidade das personagens vai além de um simples binarismo moral de "bem" e "mal".
A introdução é eficaz ao situar o espectador no universo familiar de O Mágico de Oz, um mundo no qual, aparentemente, a população da Terra de Oz vive em paz. Em seguida, somos transportados para um flashback que narra a trajetória de Elphaba desde seu nascimento até o momento em que conhece Glinda na Universidade Shiz. A maneira como a história nos introduz rapidamente ao universo conhecido é envolvente, e a construção da personagem de Elphaba se revela cativante, gerando uma forte empatia, especialmente em razão do preconceito que ela sofre na escola.
Sua bondade se destaca em contraste com a postura de alguns membros da instituição, que se dedicam a zombar até mesmo dos professores, como no caso de um deles, que era uma cabra. No entanto, ao longo do desenrolar da trama, a narrativa acaba se tornando cada vez mais arrastada e excessivamente lenta. Um exemplo disso é a cena da festa, quando Elphaba chega ao local e, como esperado, é alvo de olhares preconceituosos e zombarias relacionadas à sua dança. Embora essa cena seja emocionalmente impactante, seu ritmo excessivamente moroso acaba prejudicando a fluidez da história. Após um longo período de espera, Glinda se aproxima e dança com Elphaba, um gesto que culmina na formação de uma amizade, mas que, devido à demora, diminui o impacto emocional que poderia ter sido mais imediato e eficaz.
A trilha sonora de Wicked, composta por Stephen Schwartz — também conhecido por seu trabalho em O Corcunda de Notre Dame (1996) e O Príncipe do Egito (1998) — é uma parte fundamental da obra, abordando temas como identidade, poder, amizade e resistência. As canções, que mesclam emoção e humor, são carregadas de significado. Entre os destaques, Defying Gravity se sobressai como um símbolo de libertação para Elphaba, enquanto Popular e What is This Feeling? apresentam um tom leve e cômico, evidenciando o contraste entre as protagonistas. I'm Not That Girl explora a solidão, a autocrítica e as consequências das escolhas de Elphaba. Já For Good, a música final, celebra a amizade entre as duas bruxas, refletindo o impacto mútuo em suas vidas. A trilha sonora equilibra perfeitamente momentos de intensidade e leveza, e suas canções desempenham um papel crucial no desenvolvimento das personagens e na evolução da trama, conectando o público a temas universais de aceitação e resistência.
Wicked reinterpreta a história das bruxas de Oz, destacando a complexidade da amizade entre Elphaba e Glinda, marcada por diferenças ideológicas e uma evolução emocional. A trama pode se arrastar em alguns momentos, mas a profundidade das personagens e a trilha sonora cativante garantem uma experiência envolvente. A obra reflete sobre identidade, preconceito e as nuances entre o bem e o mal, oferecendo uma nova perspectiva sobre a clássica história.
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Herege | A24 |
No suspense Herege, Paxton(Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.
O suspense é bem construído na primeira metade, explorando três cenários e a boa interação entre os personagens. Na segunda parte, o terror se intensifica, focando na busca das missionárias por respostas. No entanto, o ato final exagera nas reviravoltas e traz uma solução forçada, resultando em um desfecho exagerado e inverossímil.
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Gladiador 2 | Paramount Pictures |
Gladiador 2 não foge de ser uma grande homenagem ao primeiro filme, com algumas pequenas referências, mas não o utiliza apenas como um afago nostálgico barato. Aqui o objetivo de Scott tem como foco mostrar uma jornada do mundo da Roma antiga, mas que converse com o tempo de seu lançamento e com uma nova geração que possa se interessar por aquele universo. A obra em nenhum momento foge de sua proposta que chega a ser bem próxima do primeiro filme, mostrando lutas com bastante sangue, bem coreografadas e agora utilizando muito mais o CGI. Importante enfatizar que mesmo com a utilização exacerbada dos efeitos especiais, não é algo que afete tanto a experiência visual, já que Scott dá espaço para a parte técnica na tela.
Um dos pontos que o filme também tem à seu favor é o trabalho de elenco, onde todos conseguem ter espaço para atuar, ter um desenvolvimento de personagem sucinto e conseguem entregar atuações maduras e que casam com o espaço em que acontece a história. Enfatizo aqui o trabalho de Denzel Washington que faz o personagem mais articulado e tem como função ser um dos condutores de toda a narrativa acontecer como deve acontecer.
Paul Mescal consegue ser um personagem principal que faz jus ao seu antecessor, Maximus, e consegue servir como uma nova forma de condução do discurso de Scott nesse filme. Enquanto a primeira obra segue Maximus em busca de vingança pela morte de seu filho e sua mulher, aqui Lucius toma outro caminho. Mesmo com o começo sendo um filme que parece querer seguir a mesma linha de motivação do protagonista anterior, aqui vemos uma condução completamente oposta.
Enquanto a vingança era o pilar principal do primeiro filme, aqui o foco se encontra em uma busca de uma utopia que foi entregue à um garoto que se decepciona com a realidade. A corrupção continua, o entretenimento com a violência é maior do que nunca, doenças se alastrando, fome e a raiva do povo em crescente. Além dos dois imperadores antagonistas, Geta e Caracalla, que são o perfeito estereotipo de crianças mimadas governando um império, mostrando Scott zombando das figuras de poder que prevalecem até hoje.
Lucius busca no início de sua jornada, vingança. Mas ao longo de sua jornada, o seu foco é a busca de uma Roma que tenha dignidade e que possa finalmente prevalecer em paz. Claro que não faz sentido tentar conectar esse filme com a realidade histórica, já que a proposta desde o primeiro filme é uma releitura fictícia de fatos históricos, mas é pertinente a forma que Scott faz um retrato digno de um cenário passado sendo bem atualizado depois de 24 anos.
O filme em nenhum momento se esconde em prover um entretenimento pirotécnico com suas batalhas exageradas, assim como também não se esquiva em conduzir uma narrativa focada na condução política. A jornada do personagem Macrinus, de Denzel Washington, mostra como aqueles que são oprimidos por um império, podem fazer de tudo para que ele despenque. Sua trajetória se torna um dos pontos feitos com melhor exatidão comparado com os outros.
Necessário apontar também o fato da direção condensar muitos pontos narrativos em momentos rápidos e acelerados de forma deslocada, principalmente na última meia-hora de filme e na relação de Lucius com a sua mãe, Lucilla(ainda sendo interpretada pela Connie Nielsen). A conclusão da obra também fica deslocada em comparação com toda a obra, sem contar a primeira motivação da trajetória de Lucius que se torna mal concluída e posta de lado.
Gladiador 2 não chega a ser algo do mesmo nível de seu antecessor, mas consegue ser diferente de forma positiva. Sendo um entretenimento para os amantes do primeiro filme, tendo o exagero nas lutas e nos efeitos especiais e tendo ótimas atuações que conseguem ofuscar algumas das problemáticas do filme.
TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.
Todas as Estradas de Terra tem Gosto de Sal | A24 |
Um tempo atrás, vi em algum lugar a frase de autoria por mim desconhecida: Para todo mal, o sal. Para todo bem, também. Não pude não pensar nela ao ver Todas as estradas de terra têm gosto de sal que, antes de tudo, revela muitas mãos que acolhem, que empurram, que levantam, que se dão.
Mãos, terra, água, tempo! Em ritmo lento, a história de Mackenzie,
uma mulher negra, nos Estados Unidos dos anos sessenta, é contada a partir
dela, por uma comunidade e muitas águas. Ao longo de uma trama inteira, ensinamentos,
ancestralidade e silêncios (e sons) perpassam sua vida.
Mack, como é chamada, tem sua trajetória expressa em uma narrativa
não linear, entre idas e vindas, entre passado e presente, morte e vida, desconsertando
por vezes quem assiste, parte pelo ritmo, parte por deixar escapar algum
detalhe na passagem de algum dos tempos que foi e que voltou.
A história em si, por se comum, não tem algo de espetacular
ou de diferente ao ponto de deixar qualquer queixo caído ou algo do tipo. Não
obstante, é uma surpresa boa perceber que o dramático Todas as estradas de
terra têm gosto de sal mostra, por meio de Mack, a vida humana mais crua e
elementar, assim mesmo, como ela é.
Desde a infância até a fase adulta, passando pela encabulada
juventude, vê-se uma Mack amadurecida, reflexiva, lidando com as consequências
de decisões fortes, sem deixar de lado o sentir da chuva, do rio, na pele, nas
mãos que se dão ao longo da trajetória.
É bonito de ver, apesar de, em algum grau, um pouco cansativo
também. (Assim como a vida? Talvez!). São raros os diálogos, no entanto, de grande
profundidade. Nessa toada, restam às imagens o ponto alto.
A história é de Mack, mas ela não está só, não anda só. O
universo daqueles que a rodeiam compõe seu universo também, como uma composição
mesmo, de amores, de tristezas, de poesias, de durezas. Todos juntos – ou não –
caminhando vida adentro, mundo afora.
Todas as estradas de terra têm gosto de sal traz e instiga a ver a beleza da melancolia, da demora, do deleite, da calma e de como é se sujeito da própria história. Durante e ao final, cai a ficha de que, sim, somos feitos disso aí: barro, água e mãos. E tempo! Tempo também.
Autora:
Lá em 2004 participei do meu primeiro filme. Ali apaixonei pelo cinema, mas como toda boa paixão, à la Jack e Rose, naufragou. A vida toma rumos e acabei seguindo outra área. Mas nada apaga uma boa paixão, né isso? Me chamo Carol Sousa e hoje falo e escrevo sobre cinema, quem sabe isso quer dizer amor...
"Caracas" conta a história do escritor Giordano Fontes que vive em uma crise existencial e cogitando largar a escrita para sempre, até o momento que sua história se esbarra com um árabe de extrema direta que passa por momentos complicados ao longo da vida e influencia Giordano a continuar a sua escrita. O longa e o segundo do diretor e também protagonista Marco D'Amore e é um dos selecionados no Festival de Cinema Italiano que acontece em São Paulo.
A obra tenta brincar bastante com a ideia do que é imaginação de Giordano sobre oque acontece à sua volta e sobre oque realmente é real naquelas circunstâncias. Algo que ao mesmo tempo entrega dinâmica à obra, faz ela muitas vezes parecer mais bagunçada do que realmente criativa. Além da falta de desenvolvimento dos personagens, que é um dos principais problemas da obra. Não se sabe o porque da melancolia de Giordano, e muito menos se tem uma noção se Caracas é um personagem real, ou apenas um encontro acidental que resultou em trazer de volta a "criatividade" de Giordano para escrever.
A obra consegue mostra uma Nápoles perigosa e incerta sobre a vida daqueles que vivem ali, principalmente os imigrantes, que são os que mais sofrem com a desigualdade social e com a xenofobia. Mas mesmo mostrando uma faceta perigosa e caótica de Nápoles, o filme não consegue fazer o espectador ter proximidade com aqueles personagens entregue a nós. Caracas que passa por questões envolvendo crises de identidade e violência, acaba tendo uma conclusão preguiçosa da mesma forma que tentam concluir oque foi a ida para Nápoles para Giordano.
No final, o filme propõe muitas temáticas interessantes e com vários caminhos criativos que acabam em lugar nenhum. Como sentir qualquer sentimento por personagens que você não sabe nada e que nem sabe se realmente são reais ou não? Até mesmo a relação de Caracas com Giordano é apressada de forma até amadora nos 40 minutos finais da obra. E quando a obra finaliza, fica o gostinho amargo de ter visto uma narrativa que se arrisca mas que acaba no mesmo lugar que começou.
O que a direção tem para nos entregar além das loucuras de Nápoles? O autor encontrou um sentido para voltar a escrever ou não? Caracas existiu em algum momento? E se existiu, oque ele realmente é para Giordano? Seria Caracas uma resposta sobre a volta do fascismo na Itália? Seria Caracas uma reação ao aumento de imigrantes na Europa? Por que o personagem protagonista é um árabe refugiado que se identifica com Neonazistas(um grupo que odeia árabes também)?
"Caracas" consegue mostrar a confusão de Giordano em uma Nápoles sem lei e em seu próprio caos dentro de seu quarto ou buscando sobre certo passado. Mas acaba sendo um filme que não consegue dizer nada e não consegue funcionar nem na sua criatividade para contar uma narrativa, nem para fazer o espectador ligar para alguma coisa que aconteça com os personagens.
TEXTO DE ADRIANO JABBOUR.
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