sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim - Uma Jornada Sem Magia e Surpresas

O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim | Warner Bros. Pictures


O Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim acompanha a história não contada por trás do famoso Abismo de Helm, a fortaleza icônica que ajudou na jornada de Aragon, Legolas e Gimli centenas de anos antes da fatídica Guerra dos Rohirrim, contando a vida e os tempos sangrentos de seu fundador, Helm Hammerhand, o rei histórico de Rohan. 183 anos antes das aventuras de Frodo e dos eventos da trilogia original de filmes, O Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim acompanha o destino do povo do reino de Rohan e a saga de seu rei Helm, ambos em guerra com Wulf, lorde do povo Dunlending que busca vingança pela morte de seu pai. Será Hera, filha de Helm, porém, quem irá liderar a resistência contra os ataques desse implacável inimigo antes que seja tarde demais.

Após a famosa trilogia de livros de Tolkien, ambientada na Terra-média, ser adaptada para o cinema entre 2001 e 2003, ela se tornou um dos maiores ícones da cultura pop e inspirou diversos jogos de RPG. Sob a direção de Kenji Kamiyama, conhecido por seu trabalho em Star Wars: Visions, e com a produção executiva de Peter Jackson, o mesmo diretor de O Senhor dos Anéis, O Hobbit e King Kong (2005), o filme não tem a intenção de ser uma continuação de O Senhor dos Anéis. Ao contrário, busca contar uma história independente, ambientada em uma antiga guerra no reino de Rohan. 

Para isso, os criadores introduzem uma personagem presente nas obras de J.R.R. Tolkien: a filha de Helm Mão-de-Martelo, Hera. Como fã de animações e de anime, fiquei muito empolgado quando o projeto foi anunciado. No entanto, infelizmente, a obra não atendeu às minhas expectativas. O conflito familiar e a luta entre líderes de diferentes "casas" dentro do mesmo reino fazem com que A Guerra dos Rohirrim se assemelhe mais a Game of Thrones. A fantasia perde destaque, sendo substituída por uma trama centrada em traições, amores não correspondidos e mortes impactantes.

A trama do filme é razoável, tentando alcançar algo grandioso, mas segue caminhos previsíveis quanto ao destino de certos personagens e ao desenvolvimento de outros. Um exemplo disso é o vilão, cuja conexão com Hera é rasa, e sua motivação se resume apenas à vingança, sem uma exploração mais profunda. Isso faz com que seu arco seja monótono e o final, sem surpresas.

A protagonista Héra é uma personagem forte, com uma personalidade marcante, o que representa uma evolução em relação às primeiras obras de Tolkien. Sua jornada, embora eficaz, segue um caminho um tanto genérico, encaixando-se no clichê da princesa rebelde, sem explorar completamente seus desejos e habilidades. O enredo não se limita a ela, mas também destaca Olwyn, uma guerreira do passado, ressaltando que mulheres como ela desempenharam papéis cruciais na defesa de Rohan. Em um cenário de guerra, onde os homens muitas vezes minimizam o papel das mulheres, essas guerreiras são chamadas de volta à ação, trazendo uma nova dinâmica para a Terra-média. O vilão Wulf segue o estereótipo do guerreiro movido por vingança, enquanto os arquétipos masculinos se dividem entre heróis honrados e os gananciosos, dispostos a matar sem considerar o bem maior.

Logo no início de A Guerra dos Rohirrim, a exibição do título é acompanhada pela trilha sonora icônica de O Senhor dos Anéis, composta por Howard Shore, oferecendo uma dose de nostalgia para os fãs da franquia. A música, épica e emocional, com seus elementos orquestrais e corais, evoca a grandiosidade da Terra Média, estabelecendo imediatamente um vínculo com o público. 

No entanto, quando a trilha segue com a composição de Stephen Gallagher, editor de música da trilogia O Hobbit de Jackson, fica claro que ele tenta manter o estilo de Shore, mas sem o mesmo impacto. Embora o retorno ao tema de Rohan seja bem-vindo, a música de Gallagher, por mais competente que seja, acaba sendo uma réplica segura demais do que já conhecemos, sem conseguir oferecer uma identidade única para o novo filme. A familiaridade da trilha sonora traz conforto, mas também revela uma falta de inovação, o que pode deixar os mais exigentes com uma sensação de déjà-vu.

O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim tenta explorar uma nova parte da história de Rohan, mas se afasta dos elementos de fantasia que tornaram a obra original única, focando mais em intrigas políticas e conflitos familiares. A protagonista e os temas de guerra e vingança trazem uma nova dinâmica, mas a trama perde a mística da Terra Média. 

Autor:


Meu nome é João Pedro, sou estudante de Cinema e Audiovisual, ator em formação e crítico cinematográfico. Apaixonado pela sétima arte e pela cultura nerd, dedico meu tempo a explorar e analisar as nuances do cinema e do entretenimento.

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